sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Profundamente Minha: Capitulo 10 — Segunda Chance (Parte II)

Olá pessoas! Como estamos?? Todo mundo preparado pra mais um capítulo? Já aviso, o capítulo tá grandão. Hoje temos de tudo: muita música, momentos engraçados, momentos tensos, momentos românticos e, claro, momentos extremamente picantes, como o... ah isso vocês só vão descobrir lendo! Ah, aconselho a escutar as canções para entrar no clima tá, principalmente na parte do... enfim!

Boa leitura!!


“Como fica forte uma pessoa quando está segura de ser amada!”
—Sigmund Freud

Depois de nossa conversa emocionalmente desgastante, o jantar foi muito bem vindo. Comemos num silêncio confortável. Às vezes nossos olhares se cruzavam e sorríamos um para o outro. Os pés de Eva estavam em cima das minhas coxas por baixo da mesa e eu os acariciava com a mão esquerda enquanto levava a comida à minha boca com a direita. Não queríamos quebrar esse contato. Quando terminamos, fomos em direção ao meu quarto para escovar os dentes e para que ela passasse aqueles cremes cheirosos em seu rosto. Mas, infelizmente, tive que seguir a recomendação do Dr. Petersen e nós fomos dormir separados. Eva não estava nada feliz, eu menos ainda; mas para mantê-la a salvo vale a pena.
Eva pediu para que eu ficasse até que ela dormisse e assim fiz. Acariciei seus cabelos e esfreguei de levinho a ponta do meu nariz em sua têmpora. Em menos de quinze minutos estava adormecida. Esperei um pouco e, assim que percebi que ela dormia profundamente, eu a cobri até o pescoço, beijei levemente sua testa e fui para o meu quarto.
Eu custei a dormir.
Fiquei pensando em tudo o que nos aconteceu e comecei a refletir. Desde que a volta de Nathan, nossa relação tem andado numa corda bamba. Não que já não estivesse, mas parecíamos estar lidando bem com isso. Parece que há sempre um obstáculo, uma pedra de tropeço bem no nosso caminho, impedindo nossa felicidade. Impedindo-nos de desfrutar um do outro de forma plena.
Eu ignorava o amor. Depois do que passei, percebi que era um sentimento cujo único propósito é conquistar para destruir. Eu amava meu pai e ele me deixou. Eu amava minha mãe e ela não acreditou em mim. As pessoas em quem eu mais confiava, das quais eu sempre poderia esperar amor incondicional, não se preocupavam com nada além de si mesmos. As demais pessoas não queriam nada além de tentar se beneficiar de meu poder e influência. As mulheres que tive se apaixonaram pela versão fria, calculista e inatingível de Gideon Cross. Dizem por aí que a tendência do ser humano é desejar aquilo que não pode ter. E não é mentira: prova disso são as pessoas fazendo dívidas e mais dívidas em coisas que custam mais do que seu dinheiro pode comprar. Ou os maridos que traem suas esposas a fim de buscar fora a emoção que falta dentro do casamento. As filhas que namoram escondido rapazes que os pais reprovam; as crianças que comem doces antes do jantar quando as mães dizem que não podem. Isso é próprio de nós. E quando temos tudo o que queremos, acabamos não dando valor, pois está logo ali, ao alcance das nossas mãos. E era assim que eu me sentia em relação a todas.
Acho que isso explica o efeito que Eva causou em mim logo de cara. Ela é diferente de tudo o que eu já tive, e não só pela aparência. As sensações são diferentes, a atração é mais selvagem, mas tem uma coisa que não tinha antes: amor. O que existe entre nós vai além da minha compreensão e, pela primeira vez eu sinto que não preciso racionalizar sobre isso. Só sentir basta.
Em meio a esses devaneios, derivei para um sono profundo e, felizmente, sem sonhos.
/***/
Às seis da manhã eu já estava de pé, em plena atividade. Tomei um banho, vesti um terno Armani azul escuro, camisa branca e gravata azul clara e calcei sapatos pretos Oxford. Fui ao escritório pegar minha pasta e segui para a cozinha a fim de fazer nosso café.
Acordei me sentindo muito melhor. Durante o banho pensei sobre o que tem deixado nossa relação estressante e programei meus próximos passos. Um deles ainda é incerto, mas aos poucos está tomando forma. Terei que pensar com calma, uma vez que muitas coisas e pessoas estão em jogo, mas não vejo alternativa. Eu tenho que dar um jeito em Nathan. Aquele monstro nunca vai parar. Ele continuará a perseguir Eva, tornará sua vida um inferno e sempre a lembrará de sua existência. Ele fará de tudo para assustá-la, e isso eu não posso permitir.  Meu anjo já sofreu tanto nas mãos dele. Nem mesmo os esforços de Richard Stanton foram suficientes para manter esse desgraçado longe o bastante. Eu preciso tomar providências permanentes. Não vou deixar que Eva viva sua vida com medo, nem que tenha seu passado exposto para quem quiser ver.
Balancei a cabeça afastando esses pensamentos. Aquele não era o momento de remoer isso. Então me foquei no tal show do qual Eva tinha falado ontem com uma amiga. Por ser acionista majoritário da Vidal Records, fico sabendo de tudo o que acontece com seus contratados, embora isso não seja do meu interesse. Sei que a banda recém-contratada, Six-Ninths, fará um concerto justamente na sexta. Eu já os vi em ação antes e, se for mesmo desse show que ela estiver falando, meu anjo não vai nessa bagunça sem mim de jeito nenhum.
Terminei de tomar meu café, preparei outra xícara e me dirigi para o quarto de Eva. Abri a porta e, assim que pus o pé dentro do quarto a vi se espreguiçar como uma gata manhosa. Ela ainda estava de olhos fechados. O café é um combustível essencial para fazê-la funcionar e foi o cheiro dele que a acordou de verdade.
Sentei-me na beirada da cama e admirei por um breve instante suas feições delicadas e relaxadas. Levei uma de minhas mãos até seu rosto e o acariciei com os dedos.
“Dormiu bem?” perguntei suavemente.
“Senti sua falta”, suspirou. “Esse café é pra mim?”
“Se você for boazinha”, brinquei.
Seus olhos se abriram em seguida, olhando diretamente para mim. “Mas você gosta de mim safadinha”.
Um sorriso estupidamente grande se desenhou em meus lábios. É impossível não se contagiar com o seu bom humor.
“Gosto de você safadinha comigo”, frisei. “E esse show na sexta?”
“É de uma banda chamada Six-Ninths”, como eu suspeitava. “É só isso que eu sei. Quer ir?”
“Não é uma questão de querer. Se você vai, eu vou também”.
Suas sobrancelhas se ergueram. “Sério? E se eu não tivesse convidado você?”
Tirei minha mão do se rosto e tateei em busca da dela, e, quando encontrei, girei o anel de compromisso, como um lembrete do que ele significava.
“Então você não iria”, eu disse tranquilamente.
“Como é?” ela disse um pouco asperamente ajeitando o cabelo para trás. Eu a olhava serenamente, mas meus olhos brilhavam de diversão.
Ela se levantou. “Me dá esse café. Quero estar bem energizada para te dar um chute”.
Sorri pelo seu comentário e lhe passei a caneca. Suas bochechas estavam coradas, seus olhos em fendas, sua boca torcida em desagrado e seu cabelo desgrenhado todo jogado para o lado direito numa bagunça aloirada. Definitivamente linda.
“Não me olhe assim”, reclama. “Não estou nada contente com a ideia de você me proibir de sair”.
“Estamos falando sobre um evento específico, um show de rock, e eu não proibi você de ir, só disse que não pode ir sem mim. Sinto muito se não gosta, mas é assim que as coisas são”, expliquei.
“E quem disse que é rock? Pode ser música clássica. Pop. Ou celta”. Ela tentou se esquivar.
“O Six-Ninths acabou de assinar com a Vidal Records”.
“Ah”, resmungou.
Expliquei que já tinha visto alguns vídeos de quando eles ainda eram uma banda indie e que não iria deixá-la no meio daqueles malucos. Ela deu um longo gole no café e disparou que eu não tenho direito de mandar nela.
“Ah, não?” perguntei retoricamente. Ela ia retrucar, mas pus o dedo esticado na frente da sua boca. “Shh. Nada de discussões. Não sou um tirano, mas tenho minhas preocupações, e você precisa ter o bom senso de aceitar isso”.
Ela afastou minha mão. “E bom senso significa fazer o que você achar melhor?”
“Claro”, eu disse o óbvio.
“Quanta pretensão”, murmurou irritada.
Fiquei de pé. “Não vamos brigar por causa de situações hipotéticas. Você me convidou pra ir ao show na sexta e eu topei. Não tem motivo nenhum para discutir”.
Ela deixou o café sobre o criado-mudo, saiu de baixo das cobertas e levantou da cama, argumentando que precisa ter sua própria vida porque se ela abrisse mão de sua individualidade, nunca iria conseguir se acertar comigo.
“Sim, e tenho que pensar na minha individualidade. Não posso ser o único a fazer concessões”, eu disse e sei que ela sentiu o golpe.
A questão é que cedi muito nesse relacionamento e Eva só tem pensando no quanto sou invasivo. Se eu tenho que me adaptar ao seu jeito explosivo e teimoso, ela também tem que se adaptar à forma como conduzo as coisas. Sempre faço tudo pensando em seu bem estar. Além do mais, foi ela mesma que disse que deveríamos ter direitos iguais.
“E se um dia eu quiser sair com minhas amigas?” perguntou franzindo o cenho.
Peguei seu queixo com as duas mãos e beijei sua testa. “Você pode usar a limusine e ir pra qualquer lugar de que eu seja dono”.
“Para você poder mandar os seguranças me espionarem?” sibilou.
“Espionarem não, protegerem”, corrigi, dando-lhe outro beijo. “Isso é tão terrível assim, meu anjo? Eu não conseguir parar de pensar em você é um fato imperdoável?”
“Você está distorcendo as coisas”.
Eu a larguei e a encarei com uma expressão séria e determinada. Estava na hora de tomar as rédeas da situação.
“Mesmo se você estiver na minha limusine ou em uma das minhas casas noturnas, o fato de não estar em casa comigo vai me deixar maluco. E, se vou ser obrigado a conviver com isso, você vai ser obrigada a conviver com minhas medidas de precaução. É um acordo justo”.
“Como você consegue fazer os maiores absurdos parecerem razoáveis?”, rosnou.
“É um dom”, dei de ombros.
Ela passou por mim e me surpreendeu ao dar um apertão no meu traseiro. “Vou precisar de mais café pra conseguir lidar com esse dom, garotão”. E saiu do quarto.
Balancei a cabeça com um sorriso torto.
“Ah, Eva...”. E fui para meu escritório.
/***/
O dia foi bastante corrido. Fiz diversas ligações, reagendei muitos compromissos, e tentei adiantar o máximo de trabalho possível para ficar livre no fim de semana. Deixei Angus e Raul, a par dos meus planos e eles já estavam pondo-os em prática. Deu pra resolver tudo do jeito que eu queria sem ser interrompido. Não que eu não quisesse dar atenção ao meu anjo, mas eu precisava de tempo para organizar tudo e esse hábito dela veio a calhar. Eva almoça todas as quartas com seu chefe e o companheiro dele, o empreiteiro Steve Ellison. Sim, eu puxei a ficha dele e da irmã dele, Shawna. Descobri que seu namorado, Douglas Mitchell, é um chef de cozinha no Nardo’s[1], um pequeno restaurante no subúrbio de Long Island. Ele está na Silícia fazendo um curso de culinária graças à indicação de Nardo Pollack, dono do estabelecimento. Pela ficha que Scott me enviou, parecem ser boas pessoas. E isso é ótimo.
Tive mais uma reunião com Ben para obter notícias de Nathan Barker. Ele continuava hospedado no Walter Springs, mas nada de fazer grandes pedidos ou sair por longos períodos de tempo. Não ousou voltar ao Crossfire, mas tem feito muita pressão em Stanton, que me ligou extremamente preocupado. Monica chegou descontrolada em casa por ter visto Nathan no Crossfire. Eu lhe disse que estou de olho em cada passo dele e o mais importante, insisti para que não ceda à chantagem de Barker, porque ele não vai parar. A tendência é que continue nos ameaçando. A equipe de seguranças que está sempre de olho em Eva está ciente do grau de periculosidade de Nathan e foram orientados a não deixar que ele se aproxime dela.
Depois do expediente, fomos direto para a academia. Percebi que Eva estava especialmente agitada, um pouco impaciente. Deduzi que fosse o fato de estar menstruada. Essas coisas incomodam a mulher, não é? Eu acho que ficaria puto. Aliás, vendo a forma como ela age por causa disso, agradeço aos céus por ter nascido homem. Agora dá para entender porque as mulheres são tão complexas em certos momentos. Claro, antes eu sempre ficava com a melhor parte, agora que tenho a visão geral... Começo a entender porque os homens odeiam a TPM.
Arnoldo me contou que, antes de me conhecer, sofreu um trauma que o fez se afastar de compromissos. Estava saindo com uma moça holandesa há um tempo. Ela era tudo o que ele desejava em uma mulher. Tinha potencial para se tornar algo sério, mas então uma noite ela surtou por causa de um suposto comentário inocente: ela pediu a opinião sincera dele sobre uma roupa que estava usando e, quando ele disse que não caía bem, ela surtou e o expulsou aos gritos do apartamento. Segundo sua lógica, ele havia a chamado de gorda. Ficaram dias sem se falar. Depois disso a moça tentou entrar em contato, mas Arnoldo não quis mais. Ela o tinha assustado tanto que ele saiu correndo, borrado de medo de morrer. “Mulheres se tornam cães do inferno no período pré-menstrual”, ele disse, “e eu sou um chef de cozinha, não um adestrador”.
Pensando no meu amigo, lembrei que ainda tenho que marcar de tomar um drinque com ele um dia desses e apresentá-lo a Eva. E aproveitei para fazer uma nota mental: medir as palavras com meu anjo quando ela estiver na TPM. Antes dela eu nunca tinha sequer pensado em passar por uma situação assim e, se tivesse passado, estaria tão ou mais reticente quanto Arnoldo. Mas por Eva eu aguentarei qualquer coisa. Eu irei mimá-la, fazer de tudo para mantê-la feliz e me afastarei quando ela precisar ficar só. Tenho que ter o dobro de atenção sobre seu jeito de se portar, não que isso seja um problema, já que tudo sobre ela me interessa.
No caminho até em casa, ela se agarrou a mim como um bote salva-vidas e enfiou o rosto na curva do meu pescoço, como se tivesse medo de que eu me afastasse. Eu a coloquei em meu colo, uma de minhas mãos presa possessivamente em sua cintura e a outra acariciando seus cabelos. Esses dias sem sexo têm nos matado lentamente. Qualquer contato físico é essencial. Nós necessitamos disso. E o fato de estarmos dormindo separados agrava tudo, pois sinto que Eva está insegura. Eu por outro lado, continuo firme em minha resolução.
Definitivamente, odeio o período menstrual com todas as minhas forças.
/***/
Agora estou no escritório adiantando mais trabalho. Acabo de avaliar uma planilha que em nada me agradou. O rendimento do meu hotel cassino em Los Angeles está além das minhas expectativas, e melhorou muito com a reformulação do site, mas ainda sim algumas pessoas têm reclamado do atendimento. Digito freneticamente um email para os responsáveis a fim de marcar uma reunião na próxima semana. Já passou da hora de fazer o check up semestral no setor hoteleiro das Indústrias Cross.
A velha conhecida sensação de eletricidade percorre meu corpo. Minha pele queima sob seu olhar. E eu imagino o esforço que ela fez para não vir até aqui. Eva está se sentindo carente e abandonada; essa coisa da menstruação deixa as mulheres sensíveis mesmo. Tenho a sensação de que ela está querendo me pedir algo. Então está na hora de dar a devida atenção à minha vida pessoal.
Desvio os olhos da tela e a encaro fixamente. Como eu suspeitava, ela quer minha atenção.
“Estou deixando você de lado, não é, meu anjo?”, pergunto recostando-me na parede.
Um adorável rubor se espalha pelas maçãs de seu rosto. “Desculpe interromper”, murmura timidamente.
“Você pode vir sempre que precisar de alguma coisa”. Empurro a gaveta com o teclado de volta para a mesa, bato no tampo de madeira e empurro a cadeira giratória para trás. “Vem sentar”.
Ela corre para o meu lado toda empolgada, como uma criança que acaba de ganhar um presente de Natal. Adoro vê-la tão alegre. Ela pula na mesa e abre um sorriso quando aproximo a cadeira até me posicionar entre suas pernas. Apoio meus braços sobre suas coxas e a abraço pelos quadris.
“Eu deveria ter explicado que preciso adiantar algumas coisas pra gente poder viajar no fim de semana”.
“Sério?” ela diz passando os dedos em meus cabelos.
Fecho os olhos para apreciar melhor seu toque. “Quero me dedicar somente a você por um tempo. E estou precisando muito, muito mesmo, trepar longamente com você. Quem sabe o fim de semana todo. Sinto falta de estar dentro de você”.
“Você está sempre dentro de mim”, murmura.
Abro um sorriso malicioso e arregalo um pouco os olhos. “Você está me deixando de pau duro”.
“E tem alguma novidade nisso?”
“Com certeza”, digo misteriosamente, tendo meus planos em mente.
Ela franze a testa.
“A gente conversa sobre isso depois”, vou deixar esse assunto para o fim de semana. “Agora vamos tratar do motivo que trouxe você até aqui”.
Ela hesita.
“Eva”, digo firmemente e ganho sua atenção imediata. “Está precisando de alguma coisa?”
“De uma companhia pra Shawna. Hã... não no sentido romântico ou sexual. Ela tem namorado, mas ele está viajando. Acho que seria melhor se não fôssemos só nós dois e ela”.
“E você não quer convidar Cary?”
“Eu pensei nele a princípio, mas já estou indo com uma amiga minha. Pensei que você poderia querer convidar algum conhecido seu pra ir. Sabe como é. Só pra equilibrar a dinâmica da coisa”.
“Tudo bem. Vou ver se encontro alguém disponível”. Digo já pensando em Arnoldo. Ele é fã dessa banda.
A expressão que Eva faz a seguir me leva a pensar que ela quer falar mais, mas não tem coragem.
“Mais alguma coisa?”, pergunto.
“Eu...”, ela para e sacode a cabeça. “Não. Não é nada”.
“Eva”. Advirto seriamente. “Diga logo”.
“É bobagem minha”.
Odeio quando ela faz isso.
“Não estou pedindo, estou mandando”, minha voz sai baixa e autoritária.
Ela estremece ligeiramente antes de me responder. “É que pensei que você limitasse sua vida social aos encontros de negócios e a algumas trepadas ocasionais”.
Eu não acredito! Ela pensa que sou antissocial?
“Você acha que não tenho amigos?”, pergunto achando isso muito engraçado.
“Bom, você nunca me apresentou nenhum amigo”, ela diz com malícia, mexendo na bainha de sua camiseta.
“Ah...”, e começo a rir. “Você é meu segredinho, meu tesouro sexual. Não sei onde estava com a cabeça quando quis que a gente fosse fotografado se beijando em público”.
“Bom”. Seus olhos passam para a colagem de fotos na parede, onde aquela foto podia ser vista. Resultado de um rompante de possessividade. “Vendo a coisa dessa forma...”.
Com essa eu tenho que gargalhar alto. “Você conheceu alguns dos meus amigos quando saímos juntos”.
“Ah”, ela provavelmente pensou que não passavam de parceiros de negócios e clientes.
Eu não saio muito com eles há um tempo, mas mantemos contato. Não como mantenho com Arnoldo, mas ainda sim são amigos.
“Mas manter você só pra mim também é uma ótima ideia”, digo erguendo as sobrancelhas.
Ela olha pra mim. “E por que você não pode ficar deitado sem roupa, sempre à minha disposição?”
“Que graça isso teria?”, pergunto com um sorriso no rosto.
Ela me dá um soco no ombro e eu a puxo para meu colo aos risos. Ficamos assim nos provocando, num clima leve e descontraído. Algo bem raro entre nós.
“Quero saber qual é a sua fantasia”. Diz em meio às provocações.
“Você”, respondo.
“É bom mesmo”.
Sorrio. “Em um clube de striptease”.
“Quê?”
“Em um show particular só para mim, Eva. Em um daqueles balanços, com sua bunda maravilhosa bem grudadinha no assento, os pés amarrados, as pernas abertas e a sua bocetinha perfeita molhada e pronta pra mim”. Começo a fazer movimentos circulares suaves na base da sua coluna. “Totalmente à minha mercê, incapaz de fazer qualquer coisa além de receber toda a porra que eu quisesse despejar. Acho que você ia adorar”.
Só de imaginar essa cena, os níveis de minha excitação atingem taxas alarmantes.
Ela olha para mim como se imaginasse a cena. “Você me quer totalmente indefesa”.
“Quero você entregue e submissa. E não só em termos físicos. Tem que ser uma coisa de dentro pra fora”.
“Gideon...”
“Se você acha que não aguenta, posso não ir até o fim”, prometo. Eu não faria nada que ela não pudesse aguentar. “Mas vou te levar até onde for possível”.
Ela estremece novamente. “Por quê?”
“Porque quero que você seja minha, quero ser seu dono. A gente chega lá”. Enfio a mão por baixo da sua camiseta e agarro um dos seus seios, apertando e torcendo de leve o mamilo. Sua pele aquece sob minhas mãos. Eu tenho que tocá-la ou vou enlouquecer.
“Você já fez isso antes?” Pergunta, quase sem fôlego. “Esse negócio do balanço?”
Minha expressão se torna sombria. “Não me pergunte esse tipo de coisa”.
“Eu só queria...”.
Eu a calo com um beijo. Mordo seu lábio inferior, e então enfio a língua na sua boca, com uma das mãos emaranhadas em seus cabelos, mantendo-a firmemente no lugar, num gesto claramente possessivo. Ela precisa entender e aceitar de uma vez por todas sua submissão a mim, só dessa forma eu me sinto seguro não apenas de seu amor, mas de que posso protegê-la. É de minha natureza estar no controle, dominar e conquistar. E eu tenho que ter isso com Eva, ou jamais daremos certo.
Eu já tinha feito aquelas coisas com o balanço. Claro que tinha. E não foram poucas vezes. Mas isso faz parte do meu passado. E eu sei que Eva não iria reagir muito bem se soubesse, haja vista a forma como se comportou em relação à Corinne e até mesmo à Magdalene.
Ela geme, mas não de prazer. É como se ainda estivesse preocupada com o fato de eu ter investido tanto tempo e esforço para proporcionar prazer à outra mulher. Coloco minha mão no meio das suas pernas e aperto seu sexo agressivamente, para chamar sua atenção para o prazer aqui e agora. Ela se encolhe ante o meu ato brusco, e solto um ruído para tranquilizá-la. Começo a massageá-la, esfregando lentamente sua carne sensível. Interrompo o beijo, apoiando a mão que estava em seus cabelos em suas costas e trago seu peito à minha boca faminta. Mordo a pontinha do seu mamilo por cima do tecido e em seguida o envolvo com os lábios, chupando-o com força. Seu corpo está mole e entregue às sensações que proporciono. Quero que Eva não pense em nada além de mim, no desejo que emana de nossos corpos, nas nossas respirações descompassadas e ásperas, no toque de nossas peles, na fricção do meu membro em seu centro molhado.
Seus braços se enrolam em meu pescoço e suas mãos se afundam em meus cabelos. Meus dedos ultrapassam a barreira da calcinha para tocar seu clitóris pulsante. Eu só preciso sentir sua carne contra a minha.
“Gideon”, sua voz está carregada de necessidade.
Ergo a cabeça e observo com deleite ela se entregar à espiral de prazer. Ela geme enquanto é arrebatada pelos tremores, revelando o alívio de se libertar depois de dias de privação sexual forçada. Continuo acariciando seu sexo até fazê-la gozar mais uma vez. Seu corpo sacode violentamente pela intensidade do orgasmo e suas pernas se fecham a fim de evitar um novo ataque de minhas mãos ávidas.
Quando retiro a mão, ela relaxa, respirando profundamente, e se aninha em meu colo, com o rosto encostado em meu pescoço, enlaçando os braços em minha nuca. Sinto seu coração batendo loucamente e sua necessidade por mim fica ainda mais evidente.
“Shh”. Eu aperto em meus braços. “Você está questionando tudo e enlouquecendo no processo”.
“Odeio isso”, murmura. “Eu não devia precisar tanto assim de você. Não é saudável”.
“É aí que você se engana”, meu coração também não está muito diferente do dela. “E eu assumo a responsabilidade. Assumi o controle sobre algumas coisas e deixei outras por sua conta. É por isso que você está tão confusa e tão tensa. Peço desculpas por isso, meu anjo. Daqui para frente, as coisas vão ser mais fáceis”.
Ela se inclina para me olhar e ofega. Eu me sinto totalmente seguro e sereno. Meus planos ainda estão de pé. E tenho certeza que a execução deles irá facilitar muito mais nossa vida. Eva nota minha tranquilidade e se acalma.
“Assim está melhor”. Beijo sua testa. “Eu ia esperar até o fim de semana pra falar sobre isso, mas podemos conversar agora mesmo. A gente vai fazer um trato. Depois, não vai ser possível voltar atrás. Entendeu bem?”
Ela engole em seco. “Estou tentando”.
“Você sabe como sou. Já presenciou meus piores momentos. E, ontem à noite, disse que me queria mesmo assim”. Espero ela concordar e assim que o faz com um leve aceno de cabeça, prossigo. “Esse foi meu erro. Não acreditei que você tomaria essa decisão, mas deveria ter acreditado. É por isso que tenho sido tão cauteloso... Seu passado me assusta, Eva”.
 “Ele não tem todo esse poder”, murmura se encolhendo.
“Não mesmo. E você também precisa aceitar que existe mais de uma solução para as coisas. Quem disse que você precisa demais de mim? Quem disse que isso não é saudável? Não foi você. Está infeliz porque nega seus próprios instintos”.
“Os homens não...”.
“Foda-se isso”, eu a corto. “Nenhum de nós dois é normal. E isso não é um problema. É essa voz dentro da sua cabeça que está estragando tudo. Acredite em mim, sei do que você precisa. Aceite isso, mesmo quando achar que estou errado. E vou aceitar sua decisão de ficar comigo apesar dos meus defeitos. Certo?”
Ela morde o lábio inferior numa falha tentativa de esconder o tremor e concorda com a cabeça.
“Você não parece muito convencida”, falo suavemente.
“Estou com medo de me anular diante de você, Gideon. De perder o controle da minha vida, algo que lutei muito para conseguir”.
“Eu nunca deixaria isso acontecer”, respondo com convicção. “Só quero que a gente fique protegido. O que sentimos um pelo outro não deveria ser a fonte de estresse que está sendo. Deveria ser nosso ponto de apoio, nosso porto seguro”.
Seus olhos se enchem de lágrimas. “É isso que eu quero”, sussurra. “E muito”. Vê-la assim parte meu coração, ao mesmo tempo em que me deixa firme em minha decisão.
“E vou fazer acontecer, meu anjo”. Inclino a cabeça e a beijou de leve. “Vou tornar uma realidade para nós dois. E você vai deixar as coisas acontecerem”.
Ficamos mais um tempo abraçados até que sinto sua respiração ficar mais suave e ritmada. Ela dormiu. Com cuidado, eu a ajeito em meus braços e me levanto. Seu rosto se afunda ainda mais em meu pescoço e seus pequenos braços envolvem meu pescoço. Seus dedos roçando de leve as pontas dos meus cabelos.
Chego ao seu quarto e a coloco na cama, me deitando em seguida, apenas para esperá-la dormir mais profundamente. Ela resmunga muito em seu sono agitado e isso é tão adorável que não resisto e beijo suavemente suas bochechas coradas.
“Gideon...”.
“Estou aqui meu anjo”, sussurro em seu ouvido. “Estou bem aqui”.
Ela se enrola em mim ainda mais e assim fica. Até adormecer de verdade, ela se agita, geme, me chama diversas vezes e procura ficar mais próxima de mim. Se fosse possível, nos fundiríamos.
Finalmente ela se acalma e, consigo me desvencilhar dela sem acordá-la. Vou para meu quarto e me jogo na cama. Vários pensamentos giram em torno de mim até que o sono me alcança.

Eu estava mais uma vez naquele lugar. Eu já vim muito aqui, a fim de sentir o prazer de dominar no sexo. Nunca fui adepto do BDSM, mas eu gostava de sentir minha parceira submissa e impotente diante das minhas vontades, apenas esperando ser invadida.
Como sempre, eu pedi uma cabine reservada. Especialmente hoje eu estava ansioso e louco para saciar meu tesão. No trabalho estava indo tudo bem. Eu tive minha liberdade de volta quando Corinne se foi e, embora o sexo com ela fosse excepcional, eu quase nunca me sentia totalmente satisfeito.
Meu corpo vibrava de antecipação. Eu especifiquei que queria uma mulher diferente esta noite. Eu procurava por uma nova experiência, por novas descobertas. Eu queria sair da minha zona de conforto e me entregar ao prazer como nunca, mas sempre estando por cima. Eu não queria nenhuma preliminar, apenas ir direto ao ponto.
O dono do clube, que é um de meus melhores amigos, me levou até à minha cabine e me disse para me preparar, pois ele atendeu rigorosamente a todas as minhas especificações.
Girei a maçaneta vagarosamente e abri a porta. A cabine, que na verdade era um quarto, estava mergulhada na escuridão, exceto pela luz fraca que vinha do fogo da lareira. Nova York estava mais fria do que de costume.
Era um cômodo amplo, aconchegante e refinado. As paredes eram vermelhas e o ambiente todo decorado em estilo medieval. A cama dossel de casal no melhor estilo século XVI reinava no centro do quarto, a cabeceira encostada na parede. O colchão estava forrado com lençóis brancos de seda. Ao lado havia um criado mudo rústico de madeira maciça com quatro gavetas. Eu sabia de cor o que havia em cada uma. Tinham coisas que fariam qualquer mulher implorar por mais. Em frente à cama havia uma porta branca. Era o banheiro. Notei que muitos móveis haviam sido retirados do quarto a fim de ter mais espaço para o balanço. Sim, eu queria muito aquilo. O meu pau já se apertava em antecipação. E, finalmente, sentada numa cadeira, sob a sombra produzida pela luz vinda do fogo, estava ela. A mulher não se moveu, nem se virou para me olhar. Como a cadeira era alta e estava virada de costas para mim, eu não vi muita coisa, apenas seus braços delicados repousados sobre os braços do móvel.
“Levante-se”, ordenei.
Ela obedeceu imediatamente.
“Saia de trás da cadeira, mas continue de costas”. Ela o fez.
Finalmente seu corpo veio à luz e entendi porque meu amigo fez questão de salientar o quanto aquela mulher era diferente. Ela era baixinha, talvez uns 20 centímetros a menos que eu. Mas sua silhueta ficou mais alongada pelos saltos vermelhos. Seus quadris eram largos, e suas coxas roliças. Totalmente o contrário das mulheres magras e longilíneas com as quais eu estava acostumado. Suas curvas sendo adornadas por um corpete vermelho vivo, contrastando com sua pele alva e aveludada. Sua bunda arrebitada e gloriosa mal era coberta pela minúscula calcinha fio dental. Mas o que me chamou mais atenção foi o seu cabelo, preso por um coque frouxo.
“Solte o cabelo”.
E assim que ela o fez, as madeixas aloiradas caíram em ondas por suas costas, quase alcançando a cintura. Meu corpo retesou. Eu nunca tinha ficado com loiras antes.
“Vire-se”. Ela o fez lentamente.
No momento em que vi seu rosto, meu coração disparou como nunca. Seus seios fartos preenchiam totalmente o bojo do espartilho, que os abraçava perfeitamente. Minhas mãos coçaram para tocá-los. Seu peito e pescoço desnudos eram tentadores. Seus lábios carnudos e naturalmente vermelhos estavam entreabertos e imploravam para serem beijados. Seu nariz era fino e arrebitado. Mas foram seus olhos que me deixaram sem fôlego. Eu fui praticamente tragado para dentro daquele mar verde acinzentado, que brilhava num misto de luxúria e timidez. Dois orbes que pareciam ler a minha alma. Eu me sentia completamente exposto, entregue e essa sensação que era completamente nova para mim.
Seu peito subia e descia rapidamente, como se lutasse para manter a respiração. Ela estava tão afetada quanto eu. Fui me aproximando dela devagar e seu corpo não se moveu um milímetro do lugar. Quando cheguei perto o bastante senti o aroma cítrico que emanava de seus cabelos.
Levantei minha mão e rocei meus dedos levemente na borda do decote tentador do espartilho. Sua pele se arrepiou e ela prendeu a respiração. Estiquei o pescoço até meus lábios ficarem quase colados ao seu ouvido.
“Tira para mim”, sussurrei e mordisquei o lóbulo de sua orelha.
Ela gemeu baixinho e seu corpo inteiro estremeceu.
Me afastei bruscamente me sentei na cama para apreciar o show.
Ela tirava cada peça lentamente sem desgrudar seu olhar do meu. Minha pele queimava. Meu corpo todo estava completamente consciente de sua presença. Seus seios eram lindos, com os bicos tão rosados quanto seus lábios. E eles estavam durinhos e apontando em minha direção.
Ela se abaixou para tirar as ligas falei:
“Pare”, ela congelou no ato. “Mantenha a liga e os saltos”.
Ela obedeceu e apenas desamarrou os laços laterais da calcinha revelando seu sexo pequeno, róseo e convidativo. A essa altura eu já salivava. Ela era linda.
“Suba no balanço e mantenha as pernas abertas”. Minha voz estava rouca de necessidade.
Ela subiu e deitou de costas. Suas pernas se separaram e eu admirei melhor a obra prima. Seu sexo estava úmido e seu clitóris piscava implorando por atenção. Eu abri ainda mais suas pernas e com o dedo indicador tracei um caminho desde a junção das coxas até seu tornozelo esquerdo, que beijei antes de prendê-lo a algema presa no canto inferior do acento do balanço. Vi seus poucos pelinhos se arrepiarem no processo. Repeti o gesto com a outra perna.
“Mantenha suas mãos no estrado e não as solte até eu mandar”, instruí.
Ela assentiu com um gesto de cabeça, engolindo em seco.
Tirei o grosso casaco de frio e as luvas e fiquei apenas de terno. Analisei atentamente a cena. Ela estava absurdamente linda daquele jeito, toda rendida e exposta. Me abaixei vagarosamente até que meu rosto ficasse na altura de sua intimidade e enfiei um dedo firme entre suas dobras escorregadias. Ela ofegou alto. Continuei meu assalto massageando lentamente sua bocetinha, que ficava cada vez mais encharcada. Aos poucos fui aumentando o ritmo e acrescentando outro e outro dedo, até que seus quadris começaram a rebolar cegamente nos meus quatro dedos. Ela era deliciosamente apertadinha. Meu polegar se apoiava em sua pélvis e fui fazendo movimentos sucessivos de vai e vem. Eu já estava de pé, apoiando o outro braço em sua barriga, para mantê-la no lugar. A sala era preenchida apenas pelos seus gemidos altos e sua respiração áspera. Abocanhei seu seio esquerdo, mordiscando o mamilo o suficiente para causar uma dor levinha, o que quase a fez saltar do balanço, que ia e vinha, acompanhando meus movimentos. Fiz o mesmo com o seio direito e fui alternando entre os dois.
Quando ela gozou, fiquei mais encantando ainda. Não havia nada mais perfeito que vê-la se contorcer de prazer. Seus fluídos saíam aos montes, respingando pelas suas coxas e se derramavam em abundância em meus dedos. Continuei a massageá-la e a fiz gozar mais duas vezes.
Mas eu queria mais.
Me abaixei novamente e chupei fortemente sua fenda, ao mesmo tempo em que belisquei de leve seu clitóris. Ela gritou e começou a se mexer demais. Agarrei seus quadris com as duas mãos e os prendi no acento do balanço e continuei meu ataque, dando lentas e profundas lambidas. Quando enfiei minha língua dentro dela, atingindo suas paredes sensíveis, ela gritou e gozou ainda mais. Fui engolindo tudo, ainda a estimulando, até que não sobrasse uma gota sequer. Seu gosto era maravilhoso. Eu nunca provei nada tão bom.
Ela já estava exausta. Seus olhos estavam fechados e seus belíssimos seios subiam e desciam devido a respiração pesada. Seu corpo já estava coberto por uma fina camada de suor, e meu nível de excitação era tão alto que acabei gozando também, encharcando minha cueca com meu sêmen.
“Abra os olhos”, ordenei e ela o fez em seguida.
Tirei minha calça juntamente com a boxer, fui até a primeira gaveta do criado mudo e de lá tirei um pacote de camisinha. Quando voltei para o lado dela, seus olhos me acompanhavam fixamente, observando cada traço do meu corpo de cima abaixo e, quando visualizaram minha potente e dolorida ereção, eles se arregalaram e sua boca se abriu em um ‘o’ perfeito. Eu sorri enquanto abria o pacote e colocava a camisinha.
Me posicionei entre suas pernas e rocei minha ereção em sua intimidade. Eu passaria fácil ali. Ela estava muito, muito molhada. Dei a primeira estocada e ela soltou um rugido gutural que veio do fundo de sua garganta...**

O despertador tocou alto e eu acordei num assalto. Porra, no melhor do sonho! Minhas, mãos, coxas e lençóis de cama estavam sujos de sêmen. Corri minhas mãos pelos cabelos e respirei fundo. Eu simplesmente necessito ter Eva dessa forma. E nós chegaremos lá, eu tenho certeza disso.
/***/
Depois de passar a agenda do dia com Scott, ligo para Max, gerente do Tableau One e o faço trocar o dia de folga, que seria na sexta. Eu sei que Arnoldo não vai ao show se não tiver ninguém no comando do restaurante, então dou um jeito para que ele não precise se preocupar. Nosso gerente é de confiança então está tudo certo.
Agora vem a parte mais difícil: ligar para Arnoldo e justificar o porquê de eu ter ficado incomunicável por tanto tempo. Ele vai me amaldiçoar até a quarta geração.
Acho o número dele na lista, aperto o botão ligar e aguardo na linha.
Ciao stronzo (Oi, bobão)! Você finalmente lembrou que tem um amigo, ahn?”
Reviro os olhos. Arnoldo é a rainha do drama.
Ciao amico (Oi amigo). Claro que me lembro de você. Só que tenho andado ocupado com outras coisas”.
Hum... ocupado com outras coisas ou ocupado com alguém?” pergunta maliciosamente. “O que a deliziosa Eva tem feito para cansar você?”
“Não vou dar detalhes da minha vida sexual pra você, seu pervertido”.
Ele solta uma risada estrondosa.
Pervertido? Eu? Que eu saiba quem gosta de dar palmadas na bunda é você”.
“Ah, cala essa boca e me escuta. Sexta tem show dos Six-Ninths e eu sei que você é fã da banda”.
Sieles são muito bons. Eu até queria ir, mas o Tableau One precisa de mim”.
“Não precisa. Max resolverá tudo. Você vai ao show. Eva precisa de uma companhia para a amiga dela, mas não é um encontro. É só para equilibrar a coisa. O namorado dela é chef e está na Sicília fazendo um curso de culinária”.
Calmati(Acalme-se), vamos por partes. Max está de folga na sexta”.
“Conversei com ele e o fiz trocar os dias”.
Dio mio, Cross! Você já tem tudo sob controle. Não sei por que ainda me surpreendo”.
“Eu também não”, reviro os olhos.
Ok, próxima parte. Desde quando gosta desse tipo de música?
“Desde nunca. Mas Eva estará lá então também vou estar”.
Ah claro, você e sua mania de superproteção e perseguição. Eva já sabe que você tem os extratos da conta bancária dela?
“Vai se foder”. Digo irritado. Odeio quando ele tira sarro da minha assumida obsessão por controle.
Oh, como estamos sensíveis hoje! E depois eu é que sou a rainha do drama”, debocha. “Qual o nome dessa amiga e como ela é?
“Shawna Ellison. Uma bela ruiva com sarnas nas bochechas”.
Molto bene (Muito bem). O namorado dela é chef, ahn? Que interessante! Vamos ter muito que conversar pelo visto”.
“Vão mesmo. Foi ela quem convidou Eva para o show. Parece que é tão fã quanto você”.
PerfettoJá que, obviamente, você não vai para apreciar Brett Kline e companhia”.
“Com certeza não”. Não sei por que, mas nunca gostei desse cara.
Ah, e não podemos nos esquecer da parte mais importante da noite: conhecer a ragazza loira que transformou meu amigo Dom Ruan das morenas num completo idiota apaixonado”. E dá um suspiro teatral.
“Você vai adorá-la. Eva é uma figura. Linda, divertida, sexy...”. Digo com um sorriso orgulhoso no rosto.
“Eu já a adoro desde a primeira vez em que me falou dela. Naquele dia percebi que você não era mais o Gideon de antes. E parece que é permanente. Você continua tão idiota quanto naquele dia”.
“Eu sei. Não me reconheço mais, e estou gostando muito disso. Eu a quero na minha vida, Arnoldo. Sempre. Não tem a menor possibilidade de eu perdê-la. Eu não posso viver sem ela”.
Silêncio do outro lado da linha. Deixá-lo sem palavras tem se tornado um hábito.
“Arnoldo?” pergunto depois de um tempo.
Scusa (Desculpe), ainda estou me recuperando do que você acabou de dizer”.
Solto uma risada sem humor. Estou fodido mesmo.
Gideon”, diz num tom sério, “eu estou muito feliz por você, amico. Torço tanto pela sua felicidade. Só espero que essa mulher seja digna de ter o seu amor. Você merece o melhor, sempre”.
Fico emocionado com suas palavras.
Grazie amico. Você é uma das pessoas que eu mais confio no mundo, e saiba que tudo o que disse é recíproco”.
In primo luogo (Em primeiro lugar), pare de me agradecer ou vou chutar o seu traseiroSecondoeu sei que você me ama, mas não fica espalhando. Isso é muito gay”, e gargalha.
Eu sabia que essa seriedade não ia durar muito.
“Você sabe mesmo estragar um momento”, uso um tom falso de desapontamento.
Esse sentimentalismo não combina conosco, d’accordo (certo)?”
D’accordo. Agora preciso ir, tenho muito trabalho para adiantar. Podemos nos encontrar as oito no Tableau?”
Va bene cosi (está bemE”.
“Excelente. Até mais, amigo”.
Arrivederci(Adeus) stronzo!” E desliga.
Balanço a cabeça e volto a me concentrar nos preparativos para o fim de semana com Eva. Desde que tomei minhas resoluções, comecei a pesquisar na internet um lugar que tivesse praia e que fosse bem tranquilo. Inicialmente eu queria uma ilha, mas isso implicaria ir para longe. Então achei uma belíssima casa na Carolina do Norte, que alugava por temporadas. E o melhor é que tem uma praia privativa. Totalmente longe da civilização.
Entrei em contato com o dono e resolvi todos os trâmites necessários. Com dinheiro vivo e um nome de peso, tudo se resolve num piscar de olhos. Enviei Raul até lá para que fizesse as coisas que pedi. E ontem mesmo recebi sua mensagem de que ele já tinha acabado. Scott já reservou um dos jatos da empresa. Está tudo pronto. No sábado pela manhã, estaremos a caminho do paraíso e eu mal posso esperar.
/***/
Durante todo o dia eu não consegui tirar aquele sonho da minha cabeça. Tentei transparecer o menos possível e parece que deu certo. Eu jamais contaria a Eva sobre ele, nem sobre o outro. Tem coisas que eu prefiro guardar. Sorte minha que a consulta do Dr. Petersen me distrairá um pouco.
“Hoje parece estar tudo muito melhor”, ele comenta.
Estamos sentados bem perto um do outro, de mãos dadas. Acaricio suavemente os dedos de Eva com meu polegar e em troca ela me dá um sorriso de parar o mundo.
O Dr. Petersen abre a capa que protegia seu tablet e se ajeita na poltrona.
“Vocês querem discutir alguma coisa em especial?”
“A terça não foi nada fácil”, ela diz baixinho.
“Imagino. Mas vamos falar de segunda-feira à noite. Você pode me explicar o que aconteceu, Eva?”
Ela conta tudo o que aconteceu na noite do pesadelo e no dia seguinte. Escuto tudo atentamente não deixando de me sentir mal com tudo o que a fiz reviver sem querer. Mas estou me esforçando para que isso mude. Ela me aceitou de volta e esse passo foi essencial para que eu tomasse minhas decisões para melhorar nossa relação.
“Então vocês não estão mais dormindo juntos?”, pergunta o Dr. Petersen.
“Não”.
“Esses pesadelos”, ele olha para Eva, “acontecem com frequência?”
“Não. A última vez antes de eu começar a namorar Gideon tinha sido há quase dois anos”. Ele começa a digitar rapidamente.
Eva se remexe no acento parecendo ansiosa.
“Sou apaixonada por ele”, diz de repente e meu corpo tenciona.
O Dr. Petersen levanta a cabeça para encarar Eva. Ele corre os olhos entre nós dois e, em seguida se volta para ela.
“Disso eu nunca duvidei. Por que você achou necessário dizer, Eva?” pergunta ele.
Eu a encaro também e ela encolhe os ombros parecendo sem graça. Eu não gosto disso.
“Ela quer sua aprovação”, comento com o semblante fechado.
“É isso mesmo?”, o Dr. Petersen me perguntou.
“Não”, ela se apressa em negar.
“Claro que é”, rebato irritado.
“Não, não é”, continua negando. “É... É a verdade. É como eu me sinto”.
Ela olha para o Dr. Petersen.
“A gente precisa dar certo. A gente vai fazer tudo dar certo”, enfatiza. “Só queria deixar bem claro que precisamos remar na mesma direção. Você precisa saber que a gente não vai desistir um do outro”.
Suas palavras fazem meu coração acelerar. Ela finalmente entendeu o que eu quis dizer ontem.
“Eva”, o doutor abre um sorriso compreensivo. “Você e Gideon têm muitos obstáculos a superar, mas nada que seja intransponível”.
Ela solta um suspiro de alívio. “Sou apaixonada por ele”, repete, balançando a cabeça.
Fico de pé num pulo e aperto a mão dela com força. “Você pode nos dar licença um minuto, doutor?”
Ele assente e a puxo até a sala de espera vazia. A recepcionista já tinha ido embora.
Assim que a porta se fecha atrás de nós, ela se vira para mim. “Gideon, juro que não foi...”.
“Shh”, pego seu rosto entre minhas mãos e beijo seus lábios em movimentos calmos, porém sedentos. Ela se assusta e demora um pouco para assimilar tudo, mas acaba deslizando suas mãos pelo meu paletó e abraça minha cintura.
Minha língua invade de uma vez a sua boca e ela cede soltando um gemido baixo.
Em seguida, eu a solto. Quando seu olhar encontra o meu, percebo que ela não só entendeu o que eu queria dizer ontem, mas também o que acabo de fazer. Eu nunca poderia dizer que era apaixonado por ela, porque é muito mais do que isso. A única forma que conheço ser eficaz o bastante para expressar o que sinto é a física. Eu a olho profundamente, com um nó na garganta e os olhos brilhando de ternura e amor, muito amor. Acaricio seu rosto com os dedos e os deslizo por sua garganta. Faço o caminho de volta, levanto seu queixo e a beijo novamente, dessa vez de leve. Pego sua mão, entrelaçando-a a minha e voltamos para o consultório.
Não há dúvidas agora, para nenhum de nós.
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*Esse restaurante também não existe, mas vamos fingir que sim.
**A mulher com quem ele sonha é a Eva. O subconsciente dele fez a junção entre o desejo que ele tinha de possuí-la e as atividades sexuais que ele praticava antes de conhecê-la.


Então, o que acharam? Eu particularmente amei o capítulo!! Quero muitos comentários, recomendações. Leitoras fantasmas apareçam e leitoras que leem e não comentam, por favor, vamos participar. Nada de preguiça, nem se for pra escrever só um eu gostei, né?

E próximo capítulo... Siiiiim uma das cenas mais esperadas da fic, o campeonato de UFC do ano: Gideon X Brett! Uhullll #TodasComemora

O capítulo vai ter que sair na quinta ao invés de na terça, como eu disse no grupo. Coisas de faculdade, né gente? Fim de ano é complicado. E na segunda sai o próximo capítulo, que será os dois na casa de praia. Então tudo volta ao normal. Ou seja: na sexta, tem capítulo novo e na próxima e na próxima, ok?   
Beijos e até semana que vem!

Um comentário:

Alícia disse...

Adorei, você escreve muito bem e tem muita criatividade. Meus parabéns!