sábado, 1 de fevereiro de 2014

Profundamente Minha: Capítulo 16 — Um oponente à altura (Bônus)



Oi gente, desculpa o mega atraso mas é que eu não tô dando mais conta de escrever, eu tenho feito tanto isso esses dias que meu braços estão doendo. Sério, até pra digitar esses avisos está doendo pra burro. Enfim, maaas pra compensar teremos capítulo duplo!! hehehehe mas que ver vocês comentando nos dois, hein?


E pra começar, teremos o gostosão do Brett Kline dando sua versão dos fatos. Preparem-se porque esse gato aqui tá pronto pra guerra!

Boa leitura!


Na vida todos temos um segredo inconfessável, um arrependimento irreversível, um sonho inalcançável e um amor inesquecível.
—Diego Marchi

Narrado por Brett Kline
 “Nossa, cara”, diz Darrin, nosso baterista. “O vídeo ficou demais! A galera vai pirar”.
“Vai, vai sim”, concordo distraidamente.
Continuo olhando fixamente para a tela do computador. O pessoal da edição acaba de nos mostrar o clipe de Golden. Parecia que eu estava revivendo meus momentos ao lado dela.

Eu já me envolvi com várias garotas, mas para mim não passava de sexo, e para muitas delas também. Nenhuma me fez sentir nada além de tesão. Mas aí eu a conheci. E tudo mudou. Linda, loira, charmosa, pecaminosa. Assim era Eva.
Seus olhos verde-acinzentados, sua boca carnuda, seu corpo curvilíneo, seus cabelos dourados, sua pele aveludada. Ela exalava sensualidade. Eu a desejei no momento em que pus os olhos nela. Quando transamos pela primeira vez, eu fiquei encantado com a forma como ela se entregava, como se dependesse de mim. Nossos corpos se encaixavam perfeitamente. Eu me sentia completo. Aquele tinha sido o orgasmo mais intenso da minha vida até então. Gozei pra caralho. Fiquei viciado nela.
Eu percebia os olhares de cobiça dos caras sobre ela e ficava puto. Eu a tinha como minha. Só de imaginá-la nos braços de outro um instinto assassino me tomava. Nossas fodas eram incríveis e pareciam melhorar cada vez mais. Quando me assustei, já estávamos nisso há seis meses. Para mim, isso foi um recorde. E o mais surpreendente é que eu já não via graça nas outras garotas. Todas tinham o mesmo defeito: nenhuma delas era Eva. Foi então que entendi que o que tínhamos era mais do que sexo.
Muito mais.
Eu a queria por perto, então sempre a chamava para sair com a banda. Ao mesmo tempo, me sentia confuso. Não queria me prender a ninguém. Muitas coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo, muitas oportunidades boas surgindo e eu só queria aproveitá-las. A Captive Soul ficava cada vez mais conhecida e estávamos na mira de muitos olheiros. Além disso, Eva não aparentava estar interessada em algo mais, mas seu corpo dizia o contrário. Ainda consigo ouvir seus gemidos enquanto me cavalgava com força, suas unhas arranhando minhas costas, seus dentes aprisionando seus lábios deliciosos. Consigo sentir o sabor de sua pele em minha boca, o gosto da sua excitação. Porra, eu sonho com nossas transas! E é sempre tão real que, quando acordo e a realidade me atinge, sinto meu peito queimar de dor.
Nunca consegui entender o porquê de ela ter desaparecido. Parecíamos estar bem. No dia em que a levei no bar de sinuca, onde a banda geralmente se reunia pra se divertir, eu pretendia mostrar pra todos que nosso lance estava ficando sério. Eu não a pediria em namoro nem nada do tipo, mas eu queria vê-la com mais frequência.
Infelizmente não consegui mais falar com ela. Seu telefone só dava fora de área e eu não tinha o contado daquele amigo dela, o... Cary! Fiquei como um louco atrás dela. Não houve um único show que fiz nesses últimos quatros anos que subi no palco sem a esperança de ver seu rosto em meio à multidão. E, quando não a encontrava, ficava imaginando como seria se a visse, o que eu diria.
No fundo, sei que a distância me ajudou de certa forma, porque me permitiu ver aquilo que estava oculto. Eu me encontrei como músico, como homem. Sou completamente diferente do Brett do passado. Não há resquício daquele moleque inconsequente e deslumbrado. E foi por causa de Eva, do sentimento imenso de perda que experimentei quando ela se foi e do que me tornei depois que a conheci, que eu compus o melhor repertório que a banda já teve.
Quando escrevi ‘Golden’, eu estava meio bêbado e de coração partido. Fazia um mês que Eva tinha ido embora. Dormi com todas as mulheres que pude, apenas para tentar esquecê-la. Todas, de alguma forma, a lembravam, principalmente por serem loiras. Fiquei puto comigo mesmo por me deixar levar pelo sofrimento, mas não consegui tirá-la da minha cabeça. Era mais forte do que eu. Então resolvi por tudo pra fora da melhor maneira que eu sabia fazer: compondo.
A princípio não mostrei a música a ninguém. Cada palavra era um sentimento meu. Cada acorde era uma maldita lágrima que derramei pela ausência dela. Pela primeira vez eu estava dizendo a verdade. Expus meus sentimentos mais sinceros nessa canção. Com o tempo, fui compondo mais e mais. Nessa época estávamos indo de gravadora em gravadora apresentando nosso repertório já conhecido, e recebemos muitos “nãos”, mas nunca desistimos.
Até que percebi que não adiantava guardar todas aquelas músicas. O palco é minha terapia. Nele eu me sinto poderoso, inalcançável e indestrutível. Além disso, as músicas estavam ótimas e iriam ser nosso passaporte para o estrelato, eu sabia disso. Então, depois de anos tentando, finalmente consegui mostrar para o restante da banda o que eu tinha escrito. Eles ficaram loucos e quase me bateram por ter escondido tudo aquilo. Sinceramente, eu teria feito o mesmo.
Depois, passamos seis meses tentando marcar uma audição na Vidal Records, a maior gravadora do país, mas não conseguimos. Eles têm um cast estelar, com cantores que não passaram menos de três semanas no topo das paradas de sucesso. Ainda assim, enviamos um DVD com ‘Golden’ para lá na esperança de conseguir algo. Dois meses depois, Richard Phillips, nosso empresário, recebeu a ligação de Christopher Vidal nos convocando para uma audição. E aquele foi o primeiro passo rumo à fama. Depois que assinamos o contrato, nossas vidas mudaram radicalmente. Em poucos meses ganhamos legiões e mais legiões de fãs pelo país. E ‘Golden’ virou nosso grande hit.
Mas, mesmo assim, nada parecia o mesmo sem minha fã favorita. Mesmo nos shows mais lotados, eu ficava olhando para a plateia, na esperança de encontrá-la. E foi na única noite em que não a procurei que tive uma surpresa inesperada.
Fizemos o show mais incrível das nossas vidas naquele dia. Tudo estava uma loucura. Era nosso primeiro grande espetáculo e eu estava nas nuvens. Mas quando tudo terminou e fomos para o backstage, a velha e conhecida melancolia tomou conta de mim. Tentei rir com a galera, ficar feliz, beber, receber os fãs que tinham acesso aos bastidores. Não deu. Aquilo estava me sufocando. Então peguei meu maço de cigarros, saí do camarim e passei pelas portas dos fundos, onde a equipe estava guardando o equipamento do show. Eu precisava respirar.
Escorei na parede ao lado da saída e acendi um cigarro. Foi quando eu levantei a cabeça e a vi. Meu corpo não se mexeu. Só consegui olhar para seu rosto como um completo imbecil. Sinceramente, achei que estava muito drogado para ter uma alucinação tão real. Mas quando a porra da chama no palito de fósforo queimou minha pele percebi que não estava sonhando.
“Cacete”, esbravejei.
E nessa minha distração ela correu, mas eu não ia deixar isso barato. Dessa vez ela não fugiria.
“Ei! Espera aí!” gritei e corri atrás. Ela era boa em se esconder, mas não muito criativa. Eu a encontrei entre dois ônibus. Quando chamei seu nome, vi seu corpo inteiro estremecer. Era minha musa, minha Eva.
 “Você devia parar de fumar”, disse quando me viu jogar o cigarro no chão e apagá-lo com a bota.
“Você sempre fala isso. Viu o show?” perguntei me aproximando cautelosamente. Não podia assustá-la.
 “Foi muito bom. Vocês estavam ótimos. Parabéns”.
Era estranho vê-la recuando como um bichinho assustado. A cada passo meu à frente era um passo seu para trás.
 “Eu bem que esperava encontrar você algum dia em um show. Já pensei em milhares de reações diferentes que poderia ter ao te ver na plateia”.
Ela nada disse, apenas continuou a recuar até chegar ao ambiente aberto do estacionamento e luminosidade me permitiu vê-la um pouco melhor.
Porra, ela estava mais linda ainda.
“Por que você está fugindo?”
“Não posso...” Engoliu em seco. “Não tenho nada a dizer pra você”.
“O cacete”, eu me revoltei. Passei os últimos quatro anos atrás dessa louca e agora ela não tinha nada para me dizer? “Você sumiu. Não disse nada, simplesmente não apareceu mais. Por quê?”
Ela continuou calada.
“Por que, Eva?”, Insisti. “A gente tinha um lance legal e você desapareceu, porra”.
Ela se virou para procurar alguém, mas respondeu. “Isso foi há muito tempo”.
Cheguei mais perto e a agarrei pelos braços, sacudindo-a violentamente. Eu estava puto pra caralho.
 “Você me deve uma explicação”, exigi. Mas sua boca gostosa me pareceu muito mais interessante. 
“Não devo na...” e antes que ela terminasse, meus lábios se colaram aos seus.
Aquela sinergia que funcionava tão bem entre nós veio com força total, me fazendo lembrar todas as vezes que a tive. Abracei o seu corpo ainda mais, de forma que ela não conseguisse escapar. Nossos lábios se encaixaram perfeitamente. E tudo ficou ainda melhor quando ela retribuiu o beijo com a mesma intensidade.
Tudo ao nosso redor desapareceu naquele instante. Éramos somente eu e ela ali, no nosso mundo particular, no nosso lugar especial. Eva sempre foi minha e sempre seria. Eu não a desejava apenas, eu a amava. Eu a queria com loucura, mas precisávamos conversar. Nós nos afastamos ofegantes e eu estava pronto para propor que fossemos para um lugar mais reservado quando senti algo muito, mas muito pesado mesmo, me derrubar violentamente no chão. Só depois é que me dei conta de que era um cara. A princípio, meio atordoado com tudo, eu não consegui fazer nada a não ser me defender dos golpes. Mas então o instinto de sobrevivência falou mais alto e eu reagi. Além disso, nunca fugi de uma briga. E esse iria levar umas boas porradas.
Ouvi vozes e mais vozes. De pessoas da equipe, da galera da banda, de gente desconhecida. Mas tudo o que eu queria mesmo era dar na cara desse filho da puta que interrompeu o momento mais importante da minha vida. E isso foi o que me deu fôlego para continuar a briga. Até que chegou a um ponto que eu só queria saber motivo pelo qual eu estava apanhando.
“Mas que porra! Qual é o seu maldito problema? Porque me bateu?”
“Fique longe de Eva. Ela é minha”, depois o reconheci: era Gideon Cross, dono da nossa gravadora. Mas não foi isso o que mexeu comigo, mas a forma como ele falou da minha Eva.
Arregalei meus olhos. Não pode ser. “O quê? Sua? De jeito nenhum. Ela é minha, sempre foi”.
“O tempo de vocês passou. Não se atreva a chegar perto dela”.
Rá! Era só o que me faltava. Esse play boy babaca não dava conta dela e descontou sua frustração em mim.
“Então porque ela estava nos meus braços, me beijando?”, provoquei.
“Isso não importa. Fique. Longe. Dela”, disse pontuando cada palavra.
 “Pois eu só me afastaria se ela quisesse. E sei que ela não quer. Depois do que aconteceu entre nós hoje, estou no páreo. Eu vou reconquistá-la”.
“Brett, para velho”, Darrin gritou. “Não mexe com a mulher do cara, deixa pra lá”.
“Nunca!” apontei o dedo para a cara dele. “Eu passei os últimos quatro anos procurando por ela. Não vou desistir agora”.
Em seguida encarei bem o meu rival. “Faça seu pior, Cross. Não importa quem você seja ou o que há entre vocês. Eu sei que Eva sente algo por mim e eu confio nesse sentimento. Vou lutar com tudo o que tenho para tê-la em meus braços de novo”.
“O recado está dado. Acredite você não vai querer me enfrentar”.
“Veremos”.
E ele foi embora.
“Porra Brett, tinha mesmo que se meter com ele?” perguntou Chris, o baixista.
“Olha aqui, eu nunca fui homem de desistir, tá legal? A Eva é minha, cara. E nem adianta me olhar desse jeito. Se ela não quisesse nada comigo, não teria me beijado”.
“E daí, porra? Esse cara tem a gente nas mãos, essa é a chance da nossa vida. Vai estragar tudo por causa dela?”
“Ele controla gravadora, mas não as nossas vidas. E não se preocupe. Eu não vou prejudicar ninguém, mas nada vai me impedir de lutar pela Eva”.
Eles tentaram argumentar, mas deixei que falassem. Meu foco é única e exclusivamente ela.
/***/
Passamos o fim de semana fazendo shows. Fomos para Long Island no sábado e Nova Jersey no domingo. E eu estava a mil. Mesmo como um hematoma enorme na cara e uma dor ali e outra aqui, não deixei a desejar. Pelo contrário, meu desempenho em palco melhorou ainda mais. Só a lembrança do nosso beijo na sexta me deixou louco. E quando cantei ‘Golden’ foi pra valer. Na segunda iríamos para o sul, mas eu tinha que fazer algo antes. Procurei o nome dela no Google e achei várias fotos dela e do Cross. Fiquei possesso de ciúmes, da forma como ele a segurava, como sorria pra ela. Bastardo de merda.
Pesquisei mais um pouco e vi que ela trabalhava no Crossfire, um dos prédios mais conhecidos de Manhattan. Avisei a turma que iria mais tarde e voltei para Nova York na segunda de manhã.
Eu estava muito ansioso. Era a primeira vez que conversaríamos depois de quatro anos. Sexta não contava. Cheguei à portaria no horário de almoço, e pedi para chamarem Eva. Eu me identifiquei e aguardei. Torci internamente para que ela não se recusasse a me receber. Para minha surpresa, o segurança disse que ela iria descer.
Quando eu a vi tive que endireitar minha postura. Porra, à luz do dia eu percebi o quanto ela estava mais linda. Seus traços amadureceram e suas curvas ficaram ainda mais acentuadas, deixando-a com um corpo escultural. Estava bem vestida, mais sofisticada e... Gostosa. Muito gostosa.
“Oi. Olha só você...”.
Ela olhou para seu vestido e depois para mim. “Não sabia que você ainda estava na cidade”.
 “Tocamos em Long Island no fim de semana, e em Nova Jersey ontem à noite. Dei uma fugidinha pra ver você antes de ir para o sul. Procurei na internet seu nome, vi que trabalhava aqui e resolvi dar uma passada”.
 “Que bom que as coisas estão indo bem com a banda. Quer sair pra almoçar?”
“Quero”, respondi de imediato e empolgadíssimo porque a iniciativa saiu dela. Ponto pra mim!
Pegamos um táxi e aproveitei para perguntar sobre Cary, que é um cara legal. Não fiquei nada surpreso quando ela me contou que ele se mudou para Nova York para ficar ao lado dela.
Só tirei os óculos quando estávamos dentro do restaurante. Quando Eva viu o hematoma que ia do meu olho direito até a junção da minha mandíbula, ela fez uma careta.
 “Minha nossa, sinto muito”.
Dei de ombros. “Com um pouco de maquiagem some tudo no palco. E você já me viu em situação pior. O importante é que também acertei umas boas porradas nele, não?”
“É verdade”.
“Então...” Fiz uma pausa enquanto o garçom punha na mesa dois copos e uma garrafa de água bem gelada. “Você está namorando Gideon Cross”.
“A gente está saindo”.
“Mas a coisa é séria?”
“Às vezes parece que sim”, disse sincera. “Você está saindo com alguém?”
“No momento não”, porque eu quero só você, pensei.
Paramos de falar um pouco, enquanto líamos o cardápio e pedíamos a comida. O restaurante estava cheio e barulhento, mas não consegui prestar muita atenção nisso. Eu só queria esclarecer tudo. Ficamos nos olhando, cada um de um lado da mesa, pensando no que iríamos dizer. Não era pouca coisa. Nossa história ficou muito mal resolvida. Havia aquela tensão gostosa que nos envolvia todas as vezes em que estávamos juntos. Seu olhar me queimava como brasa, e um brilho em seus olhos denunciou que ela sentia essa energia. Passei a língua pelos lábios, demonstrando-lhe claramente que eu a sentia também.
“Por que você fez aquela música?”, perguntou de repente, parecendo bem interessada.
Eu me recostei na cadeira. “Porque penso muito em você. O tempo todo, na verdade”.
“Não consigo entender por que”.
“Foram seis meses, Eva. Nunca fiquei tanto tempo assim com alguém”.
“Mas não estávamos juntos”, rebateu. “Era só sexo”, completou, baixando o tom de voz.
Estreitei a boca. Pra mim era mais do que isso, embora eu não soubesse demonstrar. “Até entendo que pra você era só isso, mas mesmo assim fiquei magoado”.
Ela me olhou por um longo tempo antes de falar. “Eu devo estar maluca então, porque, pelo que me lembro, a gente transava depois do show e você virava as costas e ia cuidar da sua vida. Se eu não estivesse disponível, você pegava outra qualquer e fim de papo”.
Eu me inclinei para frente instintivamente. Tinha que me defender. “Nada a ver. Eu tentava manter você por perto o tempo todo. Sempre te chamava pra sair com a gente”.
Ela respirou fundo, tentando de acalmar. “Eu estava gamada em você, Brett. Escrevia seu nome em coraçõezinhos, que nem uma adolescente. Queria desesperadamente ser sua namorada”.
“Está falando sério?” Aquilo me deixou surpreso. Estendi minha mão e agarrei a sua brincando com seu anel com meus dedos. “Então por que isso não aconteceu?”
“Lembra quando a gente foi naquele bar jogar sinuca?”
“Claro. Como esqueceria?” Mordi o lábio ao me recordar daquele dia, em que transamos dentro do meu carro. Foi a nossa melhor transa. O desempenho dela foi espetacular. Ela sempre soube me enlouquecer como ninguém. “Pensei que depois daquilo a gente ia começar a se ver com mais frequência, mas você me chutou logo em seguida”.
“Fui até o banheiro”, disse baixinho, como se fosse algo vergonhoso de se lembrar, “e quando saí você e Darrin estavam pegando fichas pra jogar. Estavam de costas pra mim, por isso não me viram. Ouvi vocês conversando... e rindo”.
Respirou fundo e puxou sua mão de volta.
Fiquei envergonhado. Eu disse um monte de merdas pro Darrin naquele dia. Ela deve ter escutado uma merda gigante, já que resolveu sumir da minha vida.
 “Não lembro exatamente o que eu disse, mas... Porra, Eva. Eu tinha vinte e um anos. A banda estava começando a ficar famosa. A mulherada caía matando”.
“Eu sei”, respondeu secamente. “Eu era uma delas”.
“A gente estava começando a se envolver. Levar você com a gente para o bar era uma maneira de dizer para os caras que as coisas estavam ficando mais sérias”, esfreguei minhas sobrancelhas com os dedos, um gesto que eu sempre faço quando estou nervoso. “Não tive coragem de me abrir com você. Parecia que era só sexo, mas pra mim não era”.
Ela deu um gole em sua água, claramente balançada pelo que eu disse.
Pus a mão sobre o apoio da cadeira, tentando deixar tudo claro na minha mente. “Então eu estraguei tudo por ser um linguarudo. Foi por isso que você deu no pé naquela noite. Foi por isso que nunca mais apareceu”.
“Eu era louca por você, Brett”, admitiu, “mas não queria demonstrar”.
O garçom trouxe nossos pratos e eu, como um esfomeado da porra, comecei a devorar minha comida. Mas então me lembrei: eu tenho que mostrar pra ela que não sou mais esse moleque cretino de antes. Larguei o garfo e a faca e a encarei.
“Eu estraguei tudo naquela época, mas hoje sei quais eram meus verdadeiros sentimentos. ‘Golden’ é nosso maior sucesso. Foi a música que garantiu nosso contrato com a Vidal”.
Ela sorriu. “É uma música linda, e combina perfeitamente com sua voz. Fico feliz de você ter vindo me ver antes de seguir viagem. Ainda bem que tivemos a chance de conversar sobre tudo isso”.
Ela achava mesmo que eu ia desistir?
“E se eu não quiser seguir viagem, e se eu não quiser partir pra outra?” Respirou fundo e soltei o ar com força. “Você foi minha musa durante anos, Eva. Foi pensando em você que compus minhas melhores músicas”.
“É uma honra”, agradeceu.
“A gente tinha tudo pra dar certo”, insisti. “E ainda tem. Você sabe. O jeito como você me beijou naquele dia...”.
“Foi um erro da minha parte”, disse me cortando. “E você deve saber que Gideon é dono da sua gravadora. É melhor não mexer com ele”.
Porque todo mundo acha que eu tinha que ter medo desse cara?
“Que se foda. O que ele pode fazer a respeito?”
Comecei a batucar na mesa com os dedos pensando em como dizer aquilo.
“Quero outra chance com você”.
Era melhor ser direto.
Ela balançou a cabeça e pegou sua bolsa. “Impossível. Mesmo se eu não estivesse namorando, não sou a pessoa certa pra você, Brett. Um homem precisa suar a camisa se quiser ficar comigo”.
 “Disso eu lembro”, respondi bem sério. “E como lembro”.
Ela corou. “Não foi isso que eu quis dizer”.
“E não é disso que estou atrás” digo tentando deixar bem claro que eu queria mais do que sexo. “Posso ser o companheiro de que você precisa. Agora mesmo, por exemplo... a banda toda está na estrada, e estou aqui com você”.
“Não é assim tão simples”.  Ela tirou o dinheiro da carteira e deixou sobre a mesa. “Você não me conhece. Não faz ideia de como seria um relacionamento comigo, de quanto trabalho daria”.
“Então me deixe descobrir”, propus. Eu estaria disposto a qualquer coisa para tê-la de volta.
“Sou carente, grudenta e absurdamente ciumenta. Deixaria você maluco em menos de uma semana”, argumentou.
Sorri com suas últimas palavras. “Você sempre me deixou maluco. Gosto disso”. Mas fiquei sério novamente. “Pare de fugir, Eva. Me dê uma chance”.
Ela olhou no fundo dos meus olhos. “Estou apaixonada por Gideon”.
Ergui as sobrancelhas surpreso com o ‘apaixonada’. “Não acredito em você”.
“Que pena. Preciso ir”. Ela se levantou e passou diante de mim ao sair.
Eu agarrei pelo cotovelo. “Eva...”.
“Por favor, não faça um escândalo”, murmurou.
“Você não comeu nada”, disse tentando mantê-la perto de mim por mais alguns instantes.
“Estou sem fome. Preciso ir”.
“Tudo bem. Mas não vou desistir.” Eu a soltei. “Posso até cometer erros, mas aprendo com eles”.
Ela se inclinou em minha direção e disse firmemente.
“Sem chance. Mesmo”.
Espetei um pedaço de carne com o garfo. “Então prove”.
Ela suspirou e saiu.
Bom, pelo menos eu a deixei saber que eu estava no páreo.

“Ei bocó”, em seguida sinto um tapa forte na cabeça que me acorda para a realidade.
“Ai, caralho”, esfrego o lugar com a mão.
“Tá pensando na Eva, né?” pergunta Darrin. Nem notei que o restante do pessoal já tinha saído.
“Sim, eu não vou desistir”.
Ele balança a cabeça. “Mas é um retardado mesmo. Apaixonou pela garota. Uma garota que agora é comprometida. Isso vai dar merda”.
“Eu não vou bater de frente com o Cross. Não preciso disso. Meu negócio é só com a Eva. E eu sei, eu sinto que ela me quer”.
Darrin me dá um soco de brincadeira no antebraço. “Então quer dizer que agora você a quer como namorada? Bem que dizem que é o quando se perde que se dá valor”.
Não entendi o que ele quis dizer. “Como assim?”
“Você não lembra o que me disse no bar aquele dia, quando te perguntei se você ia mesmo levar esse lance com a Eva pra frente?”
Franzi a testa. “Não”.
“Você disse que era só para garantir a foda”.
PORRA! Como sou estúpido! Foi isso o que ela escutou. Por isso ela foi embora.
“Lembrou, hein?”
Grunho de frustração. “Lembrei”.
“Pois é. Se você quer mesmo investir nela, vai fundo. Mas você vai ter que provar pra ela que não é mais aquele imbecil que esporrava em qualquer uma que abria as pernas pra você. Ela está com o Cross agora, e o cara além de podre de rico, exala maturidade e segurança, coisas que você nunca mostrou ter naquela época. Vai ser uma disputa difícil”.
“Não sou burro e dizer que não tenho um concorrente de peso. Mas a atração entre a gente ainda está ali Darrin, mesmo que ela não admita. Eu mexo com os sentidos dela ainda. Nossa história não acabou. Só está mal resolvida”.
“Então trata de resolver, paspalho. Anda, vamos embora que a gente ainda tem que decidir umas coisas para o lançamento do clipe”, ele me dá um empurrão e sai da sala.
Hoje sei que, naquela época, eu já a amava, mas era imaturo e covarde o bastante para não admitir isso para mim mesmo. Eu já não consigo me imaginar com outra pessoa. Farei tudo o que puder para consertar as burradas do passado e ter a minha segunda chance. Dá pra ver que Eva ainda sente algo por mim.
Não há nada nem ninguém que me impedirá de tê-la de volta.
Nem mesmo Gideon Cross.

E então, o que acharam?? Mas esse Brett é um gostosão atrevido, né? 


Fiz vocês ficarem divididas? muahahahahahahahaha tá chega.

Comentem e bora continuar lendo >>>>

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