quarta-feira, 30 de julho de 2014

Toda Minha: Capítulo 3 — Direto ao ponto

Sim, estou postando um capítulo atrás do outro, porque foram os que publiquei até agora lá no Wattpad. São os que já estão prontos e revisados. Vou postando à medida que ficarem prontos.

Boa leitura!



"A sinceridade incomoda a muitos, principalmente a todos aqueles que não conseguem ser sinceros com eles mesmos"
- Liih Oliveira

Hoje acordei mais determinado do que nunca. O dia no escritório será muito corrido, mas isso não irá atrapalhar meus planos. Atravesso as portas giratórias às 7h30 e pego o elevador, dessa vez portando a chave mestra, e assim, garantindo minha privacidade. Assim que chego ao 21º andar, as portas de alumínio se abrem e me deparo com minha recepcionista, Emma, uma ruiva muito bonita, mas que não faz nenhum pouco meu estilo. Ela está, como sempre, bem-vestida, bem manicurada e bem penteada, como deve ser.
"Bom dia, senhor Cross", diz sorridente.
"Bom dia, Emma", respondo com indiferença, mas educadamente.
Nunca me envolvo com funcionárias e prefiro não dar motivos para que pensem o contrário. Quando chego à baía de Scott, que também está impecável em seu terno azul marinho e com seu cabelo bem aparado, se levanta para me saudar e, depois de, saudá-lo de volta, disparo:
"Chame o Ben imediatamente".
"Sim, senhor".
Ben Johnson é o chefe da segurança. Um sujeito alto, negro que dá dois de mim e tem mais de 40 anos. Está sempre sério, mas já ouvi dizer que tem um grande censo de humor quando não está no trabalho e que é um ótimo pai para seus cinco filhos. Sua esposa é gerente de um dos meus hotéis em Manhattan. São profissionais exemplares. Ele foi escolhido dentre centenas de candidatos por suas habilidades com sistemas de segurança ultra-avançados e por seu treinamento em estratégias antiterrorismo. Depois de mais de dois anos trabalhando para mim, devo dizer que não confiaria meu prédio a mais ninguém.
O Crossfire tem câmeras nas entradas principais, nos acessos dos fundos, em todos os elevadores, nos saguões e nas entradas de todos os andares. As verificações nos sistemas de CCTV são feitas periodicamente. Após os ataques terroristas de 11 de Setembro, o cuidado foi redobrado. Nenhuma encomenda chega a nenhum andar sem que tenha passado pela equipe de segurança primeiro. Pessoas que não trabalham aqui e, portanto, não portam o crachá, só entram após serem devidamente revistadas e identificadas.
A checagem das câmeras havia sido feita ontem, mas hoje, o motivo é outro: monitorar os passos da Srta. Trammel. Ordeno a Ben que conecte meu computador pessoal ao sistema de segurança do Crossfire, assim terei acesso irrestrito a todas as imagens sem precisar sair do meu escritório. Também ordeno que ele me dê o acesso ao computador de Eva. Ben franze levemente o cenho quando falo sobre isso, mesmo mantendo seu rosto impassível. No entanto, ele não questiona meu interesse e age como se isso fosse algo muito natural, atitude que obviamente eu sempre espero dele. Afinal, lhe pago muito bem para obedecer minhas ordens e não contestá-las. Exijo discrição absoluta nessa tarefa. Especialmente porque o que estou fazendo é invasão de privacidade e é ilegal, muito ilegal. Mas o prédio é meu, então faço o que melhor me parecer.
Após dispensá-lo, paro para pensar: o que diabos estou fazendo? Porque tenho tanta necessidade de saber mais sobre essa mulher? Porque, por falta de uma palavra melhor, caçá-la dessa maneira? Bom, não sei responder a nenhuma dessas perguntas, só sei que eu a quero, muito. E não vou descansar até tê-la para mim.
Antes de pedir a Scott que entre para me passar o cronograma de hoje, dou uma olhada nas imagens em tempo real das câmeras do saguão. O fluxo de pessoas diminuiu um pouco, mas ainda há muita gente. Exatamente as dez para as nove, Eva cruza as portas giratórias de Crossfire e meu coração dispara. Ela está fabulosa! Arrumada e bem produzida, com um vestido preto que ressalta ainda mais sua silhueta curvilínea e suas madeixas loiras presas em um coque perfeito. Não que ela não estivesse linda da primeira vez, mas agora, a sensação é diferente. Claro, o tesão frenético continua, mas há algo mais, algo que não estava ali antes. Algo que não sei explicar.
Eva entra no elevador e fica perto o bastante da câmera para que eu a admire de perfil. Simplesmente deslumbrante. Ela usa uma maquiagem discreta, que apenas destaca seus belos olhos e sua boca gostosa. Meu pau endurece imediatamente. Eu não consigo parar de olhar, não consigo reparar em nenhum outro ser humano naquele elevador. E aquela sensação estranha volta com mais intensidade, o que me deixa um tanto incomodado. Assim que o elevador chega ao 20º andar, Eva desaparece do meu campo de visão, e fico momentaneamente decepcionado. Mas que droga! Eu nunca senti algo parecido antes. Simplesmente ridículo!
Depois de acalmar o meu menino, que insiste em ficar tão ereto quanto um mastro, volto minha atenção para o dossiê que Scott me enviou. Algumas coisas me chamaram a atenção, e algumas me irritaram, como o fato de não haver o número do celular dela. Isso é frustrante porque não poderei rastreá-la, mas, em compensação, tenho os números da casa e de seu ramal na agência. Outra coisa, que achei bem estranha, foi o fato de ela não ter perfis em redes sociais, o que, para jovens em sua faixa etária, é algo muito comum. Fico me perguntando o porquê de tanto misterio e imagino algumas hipóteses.
Ah, que interessante e deliciosa coincidência! Ela e Cary moram em um dos condomínios residências dos quais sou dono. Ponto para mim! Terei acesso a ela sempre que eu quiser. Pode parecer muito obsessivo, mas quando se faz o que eu faço ser minucioso é fundamental. Tanto numa transação de negócios quanto em uma conquista sexual, a informação é um meio vital para se chegar ao fim desejado.
Mas agora, tenho que dar uma pausa nessa busca insana para ganhar mais alguns milhões.
Tudo que se refere a proporcionar lazer da melhor qualidade envolve o nome da minha empresa. Hotéis, cassinos, boates, fábricas de bebidas, negócios no ramo da música. E, há quase quatro ano, a IC tem dominado o ramo imobiliário. Uma grande parte de Manhattan, Las Vegas, e alguns dos principais pontos de Los Angeles me pertence, além de outros lugares ao redor do mundo.
Discutir decisões com outras partes não é algo que me apraz, por isso minha empresa é privada. Gosto de ter o controle absoluto de tudo o que é meu. Eu preciso disso. Foi uma estrada árdua para chegar onde estou. Conquistei tudo por contra própria, de forma honesta, e não há nada em minha vida que me deixe mais orgulhoso do que isso.
Depois de uma reunião matinal, de um almoço de negócios, outra reunião à tarde, e de uma detalhada analise de relatórios com Chad Martin, chefe do setor de hoteleiro, meu dia finalmente chega ao fim.
Um ideia vê ma minha mente. Porque não dar uma carona para Eva?
Ou, talvez, chamá-la para para um drink?
Sim, está mais do que na hora de começar a colocar meu plano de aproximação em prática.
Mexo o mouse do meu computador. A tela clareia e levo o cursor até o ícone que dá acesso ao computador dela. Abro um enorme sorriso ao perceber que ela acaba de desligá-lo. Parece que a sorte está ao meu lado hoje. Visto meu paletó, coloco chaves e celular no bolso e saio do escritório como um foguete. Uso a chave mestra para fazer com que todos os elevadores voltem para o térreo, menos o primeiro, que permanece parado em meu andar. Assim que entro nele, insiro a chave no painel de controle e aperto para que ele pare no 20º andar. Dessa forma, ela não terá escolha a não ser entrar no mesmo elevador que eu. Ele começa a descer. Recosto-me tranquilamente a uma das paredes, aguardando a hora do bote.
As portas se abrem e lá está Eva, parada, sua atenção toda voltada para o celular. Quando dá um passo à frente, levantando seus olhos, encontra os meus. Ela se detém, por um instante, mas continua olhando fixamente para mim, me analisando, me estudando, me devorando... Como na primeira vez. Seus lábios se abrem e sua respiração fica mais áspera, como na primeira vez. As portas começam a se fechar. Dou um passo e aperto o botão para mantê-las abertas.
"Tem bastante espaço para nós dois aqui, Eva", digo suavemente.
Ela ainda fica parada, alguns segundos, com um olhar confuso e perdido, como se eu tivesse acabado de dizer que a terra é plana. Em seguida, entra no elevador.
"Obrigada", sussurra.
Esse simples agradecimento me deixa mais aceso que a Tocha Olímpica. No momento em que as portas se fecham, aquela tensão sexual absurda volta mais intensa do que da primeira vez. A atração entre nós é tão forte que tenho que lutar bravamente contra a vontade de agarrá-la aqui mesmo. Em vez disso, questiono sobre seu primeiro dia de trabalho.
Ela parece surpresa com minha pergunta, mas não se virar para me olhar. Analiso suas reações com minúcia.
"Foi muito bom, e o seu?" pergunta educadamente, com os olhos fixos nas portas de alumínio.
"Bom, não foi meu primeiro dia", digo em um tom divertido, "mas foi bem produtivo, e tem tudo para ficar ainda melhor", acrescento.
Ela esboça um sorriso (lindo, por sinal) e permanece quieta. As portas se abrem e mais pessoas embarcam. Eva dá um passo para trás, recuando para o canto oposto, deliberadamente se afastando de mim. Mas não estou disposto a aceitar isso. Não mesmo. Me movo para dar espaço aos outros passageiros, até ficar bem perto dela. A fim de provocá-la, ajusto o nó já perfeito da minha gravata, de forma que meu braço roça o dela. Eva tenciona e fecha os olhos. Comemoro internamente. Deu certo.
O elevador para no andar do lobby. Noto que Eva espera as pessoas saírem da cabine com impaciência, provavelmente incomodada com minha presença. Assim que ela dá um passo à frente, coloco minha mão na base de sua coluna. Sinto seu corpo tremer ao me toque. Ela me olha, e eu continuo a encará-la sem dizer uma palavra.
"Eva!" Uma voz masculina grita.
Quando me viro, dou de cara com Cary Taylor, seu colega de apartamento. Droga! Esse cretino está estragando meus planos! Um ciúme lancinante passa pelo meu corpo como uma corrente elétrica. Tenho que me conter para não manifestar a minha raiva. Lanço um olhar gélido em sua direção, e ele me olha de cima abaixo como se fosse me comer vivo. Não, obrigado! Essa definitivamente não é minha praia. Assim que Eva o alcança, desvio meu olhar e vou direto para o Bentley. Ao ver meu rosto levemente franzido, Angus não diz uma palavra. Apenas abre a porta e dá a volta para toma seu lugar ao volante.
Maldição!
Agora, mais do que nunca, devo iniciar uma pesquisa sobre a natureza da relação de Eva e seu amigo. Não quero falhas no meu plano.
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Após treinar MMA arduamente com meu instrutor particular, tomo um banho e me sento para estudar novamente aquele dossiê. Após ser aceita na San Diego State University, Eva foi morar com seu pai na Califórnia. Durante esse tempo, começou a fazer terapia com o Dr. Jason Trevis e foi em uma das sessões em grupo que conheceu Taylor. Os dois ficaram amigos desde então. Ele é um jovem bem problemático: mãe alcoólatra, pai ausente, envolvimento com drogas, autoflagelação, tentativas de suicídio e uma lista enorme de relacionamentos homossexuais e heterossexuais conturbados. Minha nossa! Não é a toa que sua reputação é alarmante. Mais um motivo para ficar de olho nele. Por outro lado, a vida de Eva é um mistério. Não há muito que saber. Alguns namorados na faculdade, mas nenhum relacionamento sério confirmado. A frustração só não é maior porque amanhã é a reunião com Garrity e vou encontrá-la. Agora que cerquei a presa, está na hora de atacar.
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Estou sentindo como se tivesse ganhado o Super Bowl! Mal posso esperar para vê-la. As horas parecem passar devagar e isso me deixa um pouco impaciente. Como no dia anterior, espio a entrada de Eva no Crossfire e fico observando-a no elevador. Sinto-me envolvido pela sua magia, pela sua beleza e sua graça. De repente, ela olha para câmera, fazendo meu coração disparar! Sinto novamente seu olhar me cortando como uma faca. Cinco segundos depois ela volta sua atenção para a porta, que acaba de se abrir para dois passageiros embarcarem!
Puta merda, o que foi isso? 
Mergulho no trabalho a fim de esquecê-la um pouco, e quando dou por mim já são 15h30! Quase na hora! Dirijo-me para a sala de reuniões. Scott me avisa que as executivas da Kingsman já estão me esperando na sala de conferência. Quando entro, as duas se levantam. Ambas são lindas, mas, apesar de minha preferência por morenas, nenhum das duas são nada atraentes para mim. Abigail, vestida com terninho cor creme, me cumprimenta respeitosamente com um aperto de mão firme. Ela é muito bem casada e tem dois filhos. Já Ellen, vestida de lilás, reage de forma um pouco animada demais para meu gosto, e me olha com indisfarçável deleite. Solenemente, ignoro sua indiscrição.
Meu secretário entra e nos avisa de que Eva e Garrity estão aguardando na recepção. Como eu suspeitava e esperava, ele a trouxe. Uma excitação instantânea atravessa meu corpo ao pensar que dentro de pouquíssimos instantes eu a encontrarei novamente. 
Dois minutos depois as portas da sala se abrem me dando uma visão maravilhosa de Eva, sorrindo abertamente. Linda! Assim que me vê, porém, suas feições se paralisam e, assim como no elevador, ela se detém em seu lugar. Garrity, que está logo atrás, não vê que Eva está parada e acaba esbarrando em seu corpo, fazendo-a tombar para frente. Instintivamente a pego pela cintura antes que caia no chão. Com um impulso que, de instintivo não tem nada, eu a puxo para meu peito. Nosso contato, quase de corpo inteiro, é indescritivelmente intenso. Eu respiro profundamente, e posso sentir seus seios endurecerem em resposta. É como se meu corpo desse ao seu uma ordem silenciosa. Honestamente, não sei como não estou de pau duro agora.
"Olá de novo", murmuro. "É sempre um prazer topar com você, Eva".
Seu rosto cora e fico ainda mais extasiado pela sua timidez. Ela não faz o menor esforço para se soltar de mim. Atrás dela, Garrity pede desculpas pelo pequeno incidente.
"Não se preocupe, foi uma entrada memorável".
Eu a coloco no chão, ainda com meus sentidos caóticos, mas mantendo a compostura. Mark começa a apresentá-la, mas eu o interrompo alegando que nós já nos conhecíamos. Ele pega o cotovelo de Eva para ajudá-la a se equilibrar e, confesso, eu voaria em seu pescoço se não soubesse que ele é gay e está em um relacionamento estável de muitos anos.
Eu a indico um lugar na mesa, perto de mim, claro, e ela se volta para Garrity como se pedisse orientação. Não gostando nada disso, chego por trás dela silenciosamente. Ponho a mão em suas costas e sussurro. "Sente-se, Eva".
Ela obedece sem hesitar.
Durante mais ou menos uma hora, eu testo Mark, questionando-o duramente. Tenho que admitir, ele é muito competente e responde a todos os padrões de exigência que imponho. E poucos são capazes de me impressionar assim.
Encerrando a reunião, me viro para Eva e pergunto o que a faria se sentir tentada a experimentar a vodka Kingsman. Ela parece não ter entendido a pergunta, então a repito. Para meu desapontamento, ela dá uma opinião genérica e falsa.
"Eu posso tirar todos da sala para obter para uma reposta sincera", disse, um tanto frustrado.
Então ela dá uma reposta que me agrada e encerro de vez a reunião dizendo que Garrity já tem um ponto de partida para a campanha. Ele e Eva ficam atordoados com a minha tomada de decisão súbita.
Ela é a primeira a seguir para a porta, e eu vou logo atrás, conversando com Mark, a pretexto de acompanhá-los ao elevador. As portas de alumínio se abrem, e, assim que ela segue Garrity, eu a puxo suavemente.
"Só um minuto, Eva. Daqui a pouco ela desce" digo para um Mark incrédulo. Quando o elevador se vai, me viro para Eva, que está atônita.
"Você está dormindo com alguém?" pergunto naturalmente.
Ela cora novamente e respira fundo. "Porque você está me perguntando isso?"
Uso minha melhor máscara impassível e confiante. Ela parece intimidada e dá um passo involuntário para trás. Sem delongas, vou direto ao ponto.
"Porque eu quero comer você Eva, e preciso saber se há alguém atrapalhando meus planos".
Ela fica chocada com minha sinceridade, e dá mais um passo para trás, tentando se equilibrar. Estendo minha mão para ajudá-la, mas ela mantém distância e a empurra. Posso dizer que está excitada tanto quanto eu.
"Talvez eu não esteja interessada, senhor Cross".
Não consigo conter o pequeno sorriso em meus lábios. Ela está mentindo e sabe que estou ciente disso. 
O apito do elevador a assusta, o que evidencia ainda mais seu nervosismo. A cabine chega, ela entra imediatamente e volta a me encarar.
Antes que de as portas se fecharem, digo, ainda sorrindo. "Até a próxima vez, Eva".
E eu mal posso esperar. 

Ui... sincero, direto, e excitante! Esse é nosso Gideon Cross! Gostosura infinita!! hahaha 
Beijo!!

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