quarta-feira, 30 de julho de 2014

Toda Minha: Capítulo 4 — Irresistível

Mais um! Boa leitura!  :)
 "O sonho representa a realização de um desejo".
- Sigmund Freud

 Volto rapidamente para meu escritório e digo para Scott:
“Não estou disponível para mais ninguém hoje”.
“Sim, senhor”.
Quando fecho a porta atrás de mim, coloco as mãos no joelho e respiro fundo para recuperar o fôlego. Ela me quer! Ela me deseja tanto quanto eu a desejo, só o pensamento disso endurece meu pau furiosamente! Vou até o banheiro privativo tentar me aliviar um pouco. A presença dela deixa meu corpo em completo estado de caos. Eva desperta meus desejos sexuais mais primitivos e animalescos. Geralmente sou muito comedido nesse aspecto. Eu desperto isso em todas as mulheres; as com com quem durmo são ofertas que eu decido não recusar, que satisfazem minhas necessidades momentâneas. Quando elas não correspondem mais as expectativas, encerro a parceria. Simples assim.
Mas Eva... É o fruto proibido em pessoa! Não consigo raciocinar quando sua imagem me vem à mente. Ela me descontrola, me distrai, mexe com todos os meus sentidos, meus nervos e rouba minha paz! É como se minha sanidade se esvaísse aos poucos e eu perdesse o controle de mim mesmo, mas de uma forma positiva. Sinto como se tivesse despertado de um sono profundo que durou séculos! Minha vontade de tê-la é quase dolorosa. Saio do escritório e passo todo o caminho até em casa pensando nisso. Sou despertado de meus devaneios pelo barulho do meu celular. Recebo uma mensagem de texto:
*Oi querido, como você está? Quanto tempo não nos falamos! Liguei para seu escritório, mas me disseram que você estava ocupado. Assim que estiver tranquilo, ligue-me, estarei esperando. Beijos, Corinne*
Ah, era só o que me faltava! Ser perseguido pela minha ex. Será que Corinne não vai se tocar de que o “nós” acabou de vez? Esse apego está começando a me dar nos nervos. Tenho muito carinho por ela, somos amigos. Nos conhecemos há muito tempo, ela foi minha primeira namorada, temos uma história, mas só. E não vai passar disso. Ainda mais agora que tenho outros planos...
Após uma chuveirada, vou até meu escritório para responder alguns emails. Margareth, chefe da equipe de Marketing, me envia um lembrete para marcar uma reunião cuja pauta é a publicidade em cima de um novo hotel-cassino que estou abrindo em Las Vegas. Marco a reunião para amanhã às 14h. Organizo alguns documentos para minha viagem ao Arizona na próxima semana. Estou abrindo um novo empreendimento lá e quero conferir de perto o andamento das obras e a folha de orçamento. Eu ia nesse fim de semana, mas tive que adiar por causa do baile beneficente de sábado, pois fui convidado para fazer um pequeno discurso em nome da ONG que organizou o evento. A caridade é direcionada a ajudar crianças vítimas de abuso. Faço questão de ir. Esse trabalho é muito importante para mim. Meu dinheiro mais bem gasto vai para instituições que amparam essas crianças.
Os meus motivos para isso não têm nada a ver com os que movem grande parte dos magnatas. Eles apenas contribuem com uma causa para dizer que se importam e que estão “fazendo sua parte” para melhorar o mundo. Eu sou uma vítima de abuso, eu sei como é sentir a dor, a vergonha, a culpa, o medo. Não tive o apoio de ninguém para superar meus traumas, nem mesmo da minha própria mãe. Tive que fazer isso sozinho. Mas, mesmo o foco e o controle de mim mesmo e minhas conquistas não foram suficientes para afugentar alguns demônios do passado. Então, aprendi a conviver com eles.
Com todo o trabalho adiantado, aproveito para relaxar. Vou até a cozinha pegar uma taça e uma garrafa de vinho, e me sento no sofá da sala de visitas. Meus pensamentos se voltam para Eva. O jeito que ela reagiu quando confessei que queria fodê-la é a certeza que eu precisava para seguir com meu plano. Imagino uma trepada quente, suada e selvagem entre nós. Quero que ela se entregue para mim voluntariamente, sem hesitar, e que apenas absorva o prazer que vou lhe proporcionar.

De repente, escuto um barulho estranho. De passos, o que não é muito comum em meu apartamento. Eles começam a se aproximar. Passos de alguém que está usando... Saltos altos? Mas como? Nenhuma de minhas empregadas usa saltos no trabalho, quem poderia ser? Seria Corinne? Não. Impossível, ela está na França. Eles param. Outro barulho. Parece que alguém está abrindo alguma coisa. Então uma música começa a tocar baixinho. Vozes com efeitos saem das caixas de som, mas não consigo identificar. Uma guitarra estridente chora algumas notas altas e eu pulo de susto. Então a voz de Adam Levine entoa os primeiros versos de  uma música. É tudo tão rápido que não consigo assimilar. Me viro e dou de cara com Eva, vestindo uma de minhas camisas sociais brancas, com meias 7/8 pretas e sapatos de salto alto! Caralho! Ela está tão gostosa, tão fatal e sexy! Ela vem dançando para mim.
Espere um minuto. Como ela entrou aqui? Como ela sabe onde moro?
Isso deixa de importar quando ela para bem a minha frente, mantendo certa distância e começa a rebolar como uma dançarina de Cabaret! Ela vai até o chão e volta, vira de costas e mexe sua bunda deliciosa. Se eu não quisesse gozar loucamente dentro dela, eu teria um orgasmo só de vê-la dançando. Ela volta a ficar de frente para mim e, sem parar de dançar, delicadamente, desabotoa cada botão da camisa com uma lentidão torturante. Ela a tira num puxão, exibindo seu corpo magnífico e cheio de curvas.
Meu coração dispara ao vê-la só de lingerie! Um conjunto de sutiã preto com rendas, calcinha fio dental também de renda, mas o que me deixa mais excitado é a cinta-liga! Puta merda! Eu adoro mulher usando cinta-liga, mas nenhuma com quem eu já tenha dormido até hoje conseguiu ficar mais sensual em uma do que Eva. Suas coxas suculentas estão parcialmente cobertas pela meia calça com rendas nas pontas e saltos agulha incrivelmente altos. Toda de preto, ela parece perigosa, deliciosamente perigosa. Eu me sinto impotente, não consigo sair do lugar, sou incapaz de me desvencilhar do feitiço dessa mulher. Sua cabeleira loira está presa em um rabo de cavalo.
Ela continua seu strip-tease levando as mãos até as costas, desabotoando o sutiã, liberando seus seios fartos e belos. Com as mãos para o ar, Eva dá uma volta em seu lugar, se exibindo. Seu olhar penetrante não se afasta do meu. Largando a peça de cima no chão, ela continua a mexer seus quadris como uma dançarina profissional. “Ponha suas mãos sobre mim...”, canta Adam Levine no refrão e ela acaricia seus seios com as duas mãos, rodopiando os mamilos rosados com os polegares e os indicadores no ritmo da música, me deixando ainda mais duro, se é que isso era possível. A temperatura do meu corpo sobe a níveis inimagináveis. Ela olha para mim com um olhar carregado de desejo e sua boca se abre em suspiros profundos. Está excitada com o próprio toque.
Porra, vê-la dando prazer a si própria é muito erótico.
Embora eu quisesse muito que minhas mãos estivessem no lugar das dela.
Ainda dançando, Eva vai até a mesa de centro e apoia o pé esquerdo retirando a liga, lentamente, primeiro de uma perna, depois de outra, sem tirar os olhos dos meus. Quando termina, ela a joga no chão, sai de seus saltos e começa a tirar as meias. Seus polegares roçam as coxas, os joelhos, as panturrilhas, até chegar aos calcanhares. Isso dura uma eternidade! Ela continua sua dança sensual, agora só de calcinha. Estou além de excitado e minha ereção está a ponto de explodir. Quando tento um movimento para alcançá-la, Eva me olha incisivamente, põe a mão esquerda na cintura e estala a língua balançando o dedo indicador direito de um lado para outro. Eu travo e volto a me sentar, incapaz de tirar meus olhos dela. Estou fascinado. Ela fica de costas para mim e continua a rebolar loucamente. Sua pele perfeita, lisa, está um pouco vermelha e posso ver um brilho de suor na curvatura de suas costas. Ela está fervendo por mim também! Eva conecta seus polegares às laterais da calcinha e a tira lentamente, retirando suas pernas uma por uma, me dando o vislumbre de sua bunda firme, arredondada e apetitosa. Ela se volta para mim e joga sua calcinha em minha cabeça e ri da minha reação, uma gargalhada gostosa e cheia. E assim acordo do estado de dormência no qual me encontrava até o momento e pego sua calcinha. Aproximo meu nariz e sinto o cheiro de seu perfume, de sua excitação. Ela está muito molhada. Finalmente, vejo sua pélvis bem depilada, o caminho para a felicidade. Fico com água na boca só de pensar que ela está úmida e desejosa, toda pronta para me receber.
Em um impulso, me levanto e a puxo para o sofá. Ela me dá um sorriso sapeca e sussurra em meu ouvido: “Eu sou toda sua”. E quando vou com todo meu desespero para beijá-la, Eva simplesmente some dos meus braços, a música para de tocar, e abro meus olhos.

Foi só um sonho!
Estou deitado no sofá. Acabei cochilando e tive meu primeiro sonho erótico. Meu corpo está tremendo violentamente, meu coração está descompassado, minha pele transpira sem parar e meu pau está tão duro que até dói. Preciso urgentemente de um banho frio.
O que diabos ela está fazendo comigo?
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Chego ao escritório muito agitado. Não consegui dormir a noite inteira, só pensando em Eva, naquele sonho, que parecia tão real. Passo pela minha recepcionista sem ao menos olhar em sua direção. Assim que me vê apressado, Scott se levanta, mas não diz uma palavra. Dou-lhe um aceno leve de cabeça e digo rapidamente:
“Agenda em 10 minutos”.
“Sim, senhor”.
Tranco-me no meu escritório. Sem nem mesmo tirar o paletó vou até minha mesa e ligo o monitor para ver a movimentação no saguão do Crossfire. Estou ansioso para vê-la. Não poderei abordá-la no horário do almoço porque tenho uma reunião com os executivos-chefes do setor imobiliário da empresa e com os representantes da Walmart em seu escritório principal, alocado no 4º andar. Vou deixar para o fim do expediente.
Às 8h50 Eva irrompe pelas portas do prédio e vai correndo em direção a um dos elevadores que está quase fechando. Um rapaz aperta o botão para segurar as portas, ela entra e o agradece com um sorriso discreto e o imbecil retribui com um sorriso canastrão. Posso apostar que ele está com os olhos quase pulando para dentro de seu discreto decote. Eva tem seios fartos e a blusa preta de seda, mesmo sendo comportada, se alinha perfeitamente ao seu corpo favorecendo suas belas curvas. Durante todo o trajeto o filho da puta olha descaradamente para o traseiro dela naquela saia lápis verde-esmeralda. Esse desgraçado tem muita sorte de eu não ser capaz de atravessar a tela para matá-lo com minhas próprias mãos! Para meu alívio, ele sai antes dela. Eva está com o rosto sereno e contemplativo. Será que estou nos pensamentos dela tanto quanto ela está nos meus? Ela sai do elevador e a perco de vista. Isso me dá uma sensação de vazio, de solidão momentânea.
Merda, essa espera está me deixando maluco!
Sacudo a cabeça para tirá-la da minha mente, nem que seja durante o trabalho. Chamo Scott pelo interfone e começamos a passar os afazeres do dia.
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O almoço foi bastante produtivo. A Walmart nos enviou uma proposta de compra de um dos pontos mais privilegiados do Harlem. Obviamente, eu fiz uma contraproposta que foi acatada de imediato. Não iria abrir mão de um de meus melhores imóveis por um preço qualquer. Afinal havia outras lojas interessadas e que estavam dispostas até mesmo a pagar aluguel, como a Neiman Marcus e a Target. Nunca precisei e nem preciso me contentar com menos do que desejo. E não estava disposto ceder. Eu e meus executivos nos encaminhamos para o elevador conversando sobre isso. Quando as portas se abrem e me viro para entrar, meus olhos encontram os de Eva imediatamente. Um sorriso se alastra pelo meu rosto, e um prazer intenso percorre cada nervo do meu corpo. Ela está com a testa franzida, comendo uma barra de chocolate. E está sozinha na cabine. Minha oportunidade veio mais cedo do que eu esperava, e não iria desperdiçar.
Com a expressão séria, volto-me para os dois executivos. “Continuaremos essa conversa mais tarde”.
Entro no elevador e os dispenso com um gesto de mão. Os dois olham para mim e para Eva alternadamente, totalmente perdidos e confusos. Quando ela faz menção de sair, seguro-a pelo cotovelo e a puxo de volta.
“Para quê a pressa, Eva?” pergunto suavemente.
As portas se fecham e o elevador começa a subir.
“O que você está fazendo?” protesta.
Noto que está chateada com alguma coisa. Algo deve ter acontecido durante o almoço para tirar sua serenidade anterior. Agarro seus ombros, forçando contato visual e pergunto o que a está incomodando.
Esse toque acende a centelha daquela eletricidade sufocante que sempre nos envolve.
“Você”, responde ela, ainda mais irritada.
“Eu?”
Tanto a resposta quanto a tensão me deixam dolorosamente excitado. Solto seus ombros, me viro para o painel do elevador tirando a chave mestra de meu bolso e a enfio no painel. As luzes de todos os andares se apagam exceto a do último andar.
“Não estou interessada nesse tipo de conversa, senhor Cross”, diz atrás de mim.
Preciso ficar de costas para ela, ou então vou atacá-la aqui, selvagenmente.
“Posso deixar você a fim”, murmuro.
“Não estou interessada”.
Isso está começando a me irritar. Ela está se negando a aceitar o que está acontecendo entre nós, sendo que o mais fácil é se entregar. Olho para ela por cima do ombro e advirto:
“Não minta para mim, Eva. Nunca.”
Ela fala que não é mentira, e que o simples fato de se sentir atraída por mim, como todas as outras mulheres, não significa que ela queira levar isso adiante. Acho engraçado o termo que ela usa: atração. Sorrindo, viro-me devagar para encará-la.
“Atração é uma palavra civilizada demais para... isso”, digo percorrendo com o dedo indicador o espaço entre nós.
Ela me olha sem recuar.
“Pode me chamar de maluca, mais tenho que gostar de um cara antes de tirar a roupa na frente dele”.
Hum... Será que ela está a procura de compromisso?
“Não diria maluca, mas não tenho tempo nem disposição para namoros”.
Ela continua a me encarar.
“Pois então somos dois. Ainda bem que tiramos isso a limpo”.
Excelente! Tudo que eu precisava ouvir. Mas ainda preciso acertar detalhes dessa proposta antes de fechar negócio.
Olho para ela intensamente. Há um resquício de chocolate no canto de sua boca. Não me contenho e ponho minha mão em seu rosto, limpo sua boca com o polegar e o lambo.
“Chocolate e você. Que delícia”.
Seu corpo estremece. Ela está com aquele olhar de ‘me fode’. Tenho que livrá-la desse bloqueio para atender ao pedido de seus olhos.
“Romance não é meu forte, Eva. Mas conheço mil maneiras de fazer gozar. Basta você querer”.
O elevador para. Retiro a chave do painel e as portas se abrem. Ela recua para o canto e mantém uma mão estendida, tentando me afastar.
“Realmente não estou interessada”.
“Veremos”, digo pegando-a pelo cotovelo e, delicadamente, mas com firmeza, a puxo para fora.
Assim que me avista, Emma se levanta ansiosa, mas antes que abra a boca, balanço a cabeça de um lado para outro sinalizando que agora não estou com tempo para ouvir o que quer que ela tenha para me dizer
Em poucos passos estamos na porta do escritório. Scott se levanta, mas permanece em silêncio ao ver que não estou sozinho.
“Não passe nenhuma ligação, Scott”, digo conduzindo Eva pelas portas duplas de vidro.
Tranco a porta atrás de nós e vou direto para a mesa apertar o botão que escurece os vidros, dando-nos total privacidade. Tiro o paletó e o penduro em um cabide. Então me volto para Eva e ofereço uma bebida. Ela nega, sem tirar os olhos gulosos do meu corpo.
Aponto o sofá preto e a convido a sentar. Ela se recusa alegando que tem que voltar para o trabalho.
“E eu tenho uma reunião às duas. Quanto mais cedo resolvermos isso, mais rápido voltaremos ao trabalho. Agora, pode sentar”.
“O que exatamente temos para resolver?” pergunta incrédula.
Ah, que mulher frustrante! Soltando um suspiro, conduzo-a para o sofá e me sento a seu lado.
“Suas objeções. Temos que discutir o que pode fazer você dar pra mim”.
“Um milagre”, responde petulante. Ela arreda para o canto oposto do sofá, e puxa sua saia para baixo. “Sua abordagem é grosseira e ofensiva”, acrescenta como se quisesse dizer o contrário. Estreito meus olhos para ela.
“Posso não ser muito sutil, mas, ao menos, sou sincero. Você não me parece ser o tipo de mulher que prefere ouvir mentiras e galanteios em vez da verdade pura e simples”.
“Prefiro ser tratada como alguém que tem mais a oferecer do que uma boneca inflável”. Rebate firmemente.
Levanto minhas sobrancelhas, surpreso com sua sinceridade. “Muito bem, então”.
Ela se levanta dizendo: “Estamos conversados?”.
Ah, não. Nem pensar. Ela não vai fugir. Agarro seu pulso e a puxo de volta para o sofá. Boto as cartas na mesa.
“De jeito nenhum. Só esclarecemos alguns pontos: sentimos uma enorme atração sexual um pelo outro e nenhum dos dois quer namorar. Então você quer o que exatamente, Eva? Sedução? Você quer ser seduzida?”.
Ela parece ultrajada e diz que falar de sexo como quem fala de negócios é broxante demais. Não sei por quê. Para mim a lógica para ambos é a mesma. Explico que estabelecer parâmetros logo de início evita as expectativas exageradas e decepções desnecessárias.
Ela fica furiosa com meu argumento.
“Você está falando sério? Ouça o que está dizendo. Por que perder tempo falando em sexo? Por que não dizer logo ‘uma emissão seminal em um orifício pré-aprovado’?”.
Uma gargalhada incontrolável escapa dos meus lábios. Minha cabeça até pende para trás. Adoro seu jeito sarcástico e espirituoso. 
Eva se põe de pé e se afasta de mim. “Sexo casual não precisa envolver romance, mas, é uma coisa pessoal, íntima. Que exige um mínimo de respeito mútuo”.
Fecho o semblante na hora. Preciso deixar meu ponto de vista claro. “Não há espaço para ambiguidades em meus relacionamentos. Você está misturando as coisas. Não vejo motivo para isso”.
“Eu não quero que você faça nada além de me deixar voltar para o trabalho”, explode se dirigindo a porta. Ela tenta abrir a porta, mas está trancada. Tensão irradia de suas palavras. “Me deixe sair, Cross”.
Levanto-me e paro bem atrás dela. Coloco as mãos na porta de vidro, aprisionando-a com meu corpo. Sinto o seu tremer em resposta. Ela parece ainda menor e mais frágil diante de mim, Dou um passo à frente a ponto de meu peito roçar suas costas. 
“Vire para mim, Eva”, ordeno com uma voz tensa e sussurrada. 
Pelo reflexo do vidro escurecido, vejo seus olhos se fecharem. Eva está tão excitada quanto eu, tão cheia de desejo por mim quanto eu por ela. Numa tentiva nada convincente de me afastar, apoia sua testa na porta de vidro e me implora para deixá-la sair. Seu cheiro me inebria fazendo minha ereção crescer em proporções alarmantes. Eu preciso tê-la, agora. Então, numa jogada calculista, finjo desistir dela afirmando que vou deixá-la sair por ter cheiro de encrenca. Meus lábios roçam sua orelha enquanto minha mão contorna sua barriga, apertando-a contra mim, fazendo seus quadris se colarem à minha ereção. Quero que sinta o que faz comigo, quero excitá-la ainda mais.
“Agora, vire-se para mim e se despeça”, ordeno.
Lentamente ela se vira e me encara. Suas feições denunciam um misto de desejo reprimida, decepção e arrependimento. Agora é a hora do ataque.
“Me beije”, peço suavemente. “Pelo menos isso”.
Ofegante, ela faz aquele movimento de lamber os lábios que me deixa louco, e me inclino para beijá-la. Seus lábios são macios e suaves. Quando ela dá um leve suspiro, aproveito para enfiar minha língua em sua boca, e saborear seu gosto com lambidas longas e agressivas. Ela deixa a bolsa cair no chão e leva suas mãos aos meus cabelos, puxando-os suavemente para manter sua boca na minha. Sua ferocidade desperta meus instintos mais selvagens e um gemido gutural escapa de minha garganta e aprofundo mais e mais o beijo, chupando sua língua. Não consigo mais me conter, tenho que tê-la, agora. Afasto-me da porta, agarro sua nuca e sua bunda, tirando-a do chão. 
“Eu quero você, Eva. Cheirando a encrenca ou não, não consigo evitar”.
Coloco-a no sofá. Inclino-me sobre ela, com um dos joelhos apoiado no estofamento e o outro pé no chão. Uso meu braço esquerdo para sustentar a parte superior no corpo, enquanto minha mão direita agarra a parte de trás de seu joelho, subindo por sua coxa deliciosa. Solto um suspiro áspero e audível ao sentir a cinta-liga, que desperta imediantamente a memória do sonho. Minha excitação chega ao nível do desespero.
“Minha nossa, Eva!”, digo quase sem fôlego. “Sorte do seu chefe que ele é gay”.
Uma fúria possessiva se apodera de mim. Eu não quero que nenhum outro homem tenha acesso a ela dessa forma.
Abaixo-me e ataco sua boca novamente, estou louco para terminar o que começamos no meu sonho. Instintivamente ela abre suas pernas para acomodar o meu corpo. Minha ereção está quase pulando para fora da calça. 
Senhor Cross, sua próxima reunião começa em cinco minutos. A equipe já está o aguardando na recepção”, a voz de Scott saindo do interfone nos assusta e me ponho de pé imediatamente.
Foi um verdadeiro choque que me acordou para a realidade. Eva está deitada, ofegante, com sua saia enrolada nos quadris, descabelada, de pernas abertas, desejosa e, com certeza, toda molhada. Ela se senta ajeitando a saia.
Estou em pânico. Perdi completamente o controle, eu nuca fiz isso no trabalho, nunca! Eu não posso acreditar no que acabou de acontecer! Passo nervosamente as mãos pelos cabelos.
“Merda! Estamos no meio do expediente, e na porra do meu escritório”.
Eva não diz uma palavra, rapidamente ela se levanta e tenta recuperar a compostura. Me movo para ajudá-la.
“Espere”. Levanto sua saia.
Ela fica furiosa e rejeita meu auxílio.
“Quieta, Eva”, repreendo sorrindo. Com certeza ela pensou que eu iria continuar a atacá-la.
Bom, vontade não me falta. Mas estamos em um lugar e num horário inapropriados para isso. Pego a barra de sua blusa preta de seda e a ajeito. Abaixo sua saia novamente e a aliso. Digo a ela para arrumar seu cabelo. Ajusto minha gravata e coloco meu paletó. Chegamos à porta ao mesmo tempo e eu a destranco. Eva se abaixa para pegar sua bolsa e faço o mesmo. Ao olhar em seu rosto tingido de vermelho, percebo o quanto está constrangida. 
Sentindo uma inesperada preocupação com seus sentimentos, toco seu queixo com meus dedos.
“Ei, você está bem?”, pergunto suavemente
Ela tira seu queixo do meu toque num movimento brusco, denotando toda a sua irritação. “Eu pareço estar bem?”
“Você está linda e louca para trepar. Me deixou com tanto tesão que até dói. Estou a ponto de te levar de volta para aquele sofá e fazer você gozar até não aguentar mais”.
Ela resmungou algo que não entendo mas, pelo seu rosto, percebi que não ficou ofendida com o que eu disse. Com sua bolsa em mãos, Eva se levanta meio cambaleante. Sigo seu exemplo, e aviso que vou apressar o trabalho para terminar até as cinco para buscá-la. Preciso terminar o que começamos no sofá.
“Não, senhor. Isso o que aconteceu não muda nada”, diz enfática.
“É claro que muda”, rebato.
“Não seja arrogante Cross. Posso ter perdido a cabeça por um momento, mas isso não significa que eu queira o mesmo que você”.
Mas que droga! Nós quase trepamos como dois coelhos no cio! Eu vi a forma seu corpo reagiu ao meu, vi que ela queria aquilo tanto quanto eu. Como ela pode ser tão teimosa?
“Você quer sim, mas não da maneira que estou oferecendo. Só precisamos alinhar alguns pontos”.
Ela me olha com raiva, põe sua mão sobre a minha e abre a porta, passando por baixo de meu braço para empurrá-la. Scott fica de pé, assim como Margareth e seus assistentes. Paro para cumprimentá-los e peço a Scott que os acompanhe à sala de reuniões.
Vou atrás de Eva pela recepção e a alcanço, colocando minha mão na base de sua coluna. Quando chegamos ao elevador, ela me afasta. Calmamente aperto o botão para chamá-lo.
“Até as cinco, Eva”.
“Estou ocupada”, murmura.
“Até amanhã, então”.
“Tenho compromisso no fim de semana”.
O quê? Ocupada com o que? Ocupada...
“Com quem?” pergunto asperamente.
“Isso não é da sua...”. Cubro sua boca com minha mão.
“Chega. Só me diga quando, então. E, antes que se sinta tentada a dizer nunca, dê uma boa olhada e me diga se pareço ser um homem que desiste facilmente”.
Não estou para brincadeiras. Essa resistência está começando a me irritar. Se ela pensa que vou deixar isso barato, está muito enganada. Eu sempre consigo o que quero no final, custe o que custar.
Retiro minha mão de sua boca e novamente ela tentar me dar outra volta, dizendo que precisamos esfriar a cabeça e pensar.
E eu lá quero pensar? Só quero fodê-la até perder os sentidos. Será que é tão difícil entender?
“Segunda depois do expediente”. Insisto.
O elevador chega e ela entra. “Segunda, no horário do almoço”.
"Eu não vou desistir, Eva", digo em tom de ameaça, antes das portas se fecharem.
E não vou mesmo.
Perder não é uma opção para Gideon Cross.

E daqui pra frente, a coisa só vai esquentar! Não deixem de comentar o que vocês estão achando! 

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