quarta-feira, 30 de julho de 2014

Toda Minha: Capítulo 5 — Alguém tem que ceder

E esse é o último da noite. Volto com mais um ainda essa semana! 


Boa leitura!
"Das tentações: troca de olhares, resistir ou se deixar levar, vai depender da atração dos dois".
- Danie Carvalho "O Apaixonado"

O restante do meu dia foi bem enfadonho em comparação ao meu horário de almoço. Fechar um negócio nos meus termos e quase transar no meio do expediente com a mulher que está me enlouquecendo de tesão não tem preço. O mais interessante é que, mesmo depois de duas reuniões e uma teleconferência, minha ereção não baixou. Estou duro desde que Eva saiu! Tentei ao máximo disfarçá-la, me mantendo sentado o tempo inteiro, com a barriga quase colada à borda da mesa.
Com sonho que tive ontem e o que aconteceu hoje no escritório, me dou conta de que meu desejo por ela virou uma necessidade. Preciso estar dentro dela, preciso fazê-la gozar, preciso reivindicá-la para mim! Não posso sequer pensar na remota possibilidade de ela ter um contato íntimo como o que tivemos mais cedo com outra pessoa. Não é só ciúme, é posse! Eu a quero só para mim. Mas para isso acontecer, terei que ceder. Detesto admitir, mas estou em desvantagem!
Coloquei um alarme para me avisar o exato momento em que Eva desligasse o computador. Eu posso ligar para ela no fim do expediente e antes que vá embora. Arredia do jeito que é, se caso eu aparecer na sua frente, é capaz de fugir. Principalmente porque o combinado seria nos encontrarmos na segunda, durante o horário de almoço. Mas não posso esperar. Não consigo. Principalmente por causa do fim de semana. Eva vai sair e as chances de ir pra cama com outro cara são infinitas. Linda daquele jeito, ela pode ter qualquer um. Não. Meu estômago se revira só de pensar nessa possibilidade.
Se Eva quiser ser comida, vai ter que ser por mim. 
Pensando nisso, me movo para rastrear o telefone de Cary, já que não tenho o de Eva. Com certeza eles estarão juntos, o que me deixa duplamente preocupado, já que sua índole é totalmente discutível. 
O dia passa num piscar de olhos e, quando percebo já são cinco em ponto. E o barulho vindo do meu monitor indica que Eva acaba de desligar o computador. Sim! Eu estava ansioso por esse momento. Pego o número de seu ramal e disco. Está ocupado. Com quem diabos ela está conversando em pleno fim de expediente? Furioso, continuo discando até tocar. Depois de cinco minutos tentando (como um assunto pode render tanto?), o telefone toca. Sua voz sexy, porém um pouco desanimada recita a saudação habitual.
“Ainda estou pensando em você”. Minha voz sai rouca de tanto tesão reprimido. “Ainda estou sentindo você, Eva. Seu gosto. Estou de pau duro desde que saiu, apesar de duas reuniões e uma teleconferência. Estou em desvantagem. Faça suas exigências”.
Ah, deixe-me ver”, murmura.
Ela fica calada por um tempo que parece eterno. Está se fazendo de difícil, de novo.
Humm... Não consegui pensar em nada. Mas tenho alguns conselhos de amiga. Procure uma mulher que esteja babando por você e faça com que se sinta um deus. Trepe com ela até nenhum dos dois aguentar mais. Quando me encontrar na segunda-feira, você já vai ter esquecido tudo isso, e sua vida vai voltar à sua ordem obsessivo compulsiva”.
Posso sentir o sarcasmo pingando em cada palavra. E isso me deixa com uma raiva do caralho. Quem ela pensa que é? Está tirando sarro de mim? De Gideon Cross? Mexo-me na cadeira de irritação.
“Vou deixar passar dessa vez, Eva. Mas, se insultar minha inteligência novamente, vou te colocar sobre os meus joelhos e te dar um tapa na bunda”.
Eva rebate dizendo que não gosta desse tipo de coisa. Aproveitando-me da deixa, digo que isso pode ser discutido depois e pergunto do que gosta. Parece que minhas táticas não estão funcionando porque ela começa a me provocar falando que minha voz é perfeita para fazer sexo por telefone, mas prefere o encontro que terá com seu vibrador. Quanto atrevimento! Mas, ao invés de ficar irritado, fico imaginando cenas de nós dois nos divertindo com aquele brinquedinho. Ela quer que eu implore. Pergunto o que eu preciso fazer para participar da brincadeira, mas ela ignora minha pergunta.
Meu amiguinho e eu temos uma relação bem clara — quando a brincadeira acaba, sabemos exatamente quem foi usado, e esse alguém nunca sou eu. Boa noite, Gideon”. E...  me deixa boquiaberto ao desligar na minha cara!
Ah! Que mulher exasperante! Pela primeira vez em minha vida, me vejo rejeitado por uma parceira sexual em potencial. Logo eu! Nada do que normalmente faço ou falo a atingiu. Sempre fui direto com relação ao que queria de uma mulher e nenhuma disse “não”.
Mas isso não vai ficar assim. 
Pego minhas coisas e sigo rapidamente para o painel dos elevadores. Quero promover outro "encontro casual”, ainda que não fiquemos a sós no elevador. Só a minha presença será o suficiente para mexer com ela. As portas se abrem no 20º andar revelando Mark e outros dois executivos, que entram e me cumprimentam com acenos de cabeça formais. Nem sinal de Eva. Discretamente dou uma olhada ao redor da recepção da agência, e não a vejo. Estranho. Pelos meus cálculos, ela deveria embarcar com seu chefe. O elevador começa a descer.
“Como anda o projeto para a campanha da Kingsman, Mark?” pergunto, apenas para chegar ao que eu realmente quero saber.
“Ah, está indo muito bem, senhor Cross. Nossa equipe está trabalhando duro”, diz com um sorriso contido.
“Ótimo. Falando em equipe, onde está sua secretária?”
“Eva?” diz surpreso. “Ela estava comigo agora, mas escolheu ir pelas escadas. Disse que precisava esticar um pouco as pernas”.
“Entendo”, respondo impassível.
O código é claro: ela está me evitando. Minha frustração se transforma em amarga decepção.
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Debaixo da ducha, tento entender o porquê de Eva lutar tanto contra minhas investidas. Aquela história de usar as escadas para esticar as pernas não me convenceu nenhum pouco. Era mais do que óbvio que ela estava tentando se livrar de mim. E, para o meu completo espanto, estou me sentindo magoado e rejeitado. Como há muito tempo eu não me sentia. Se estivesse encarando a mesma situação com outra (o que nunca aconteceu), eu já teria batido em retirada logo no começo, pois opções não me faltam. Mas, apenas pelo gostinho que tive de nossa foda inacabada em meu escritório, percebi que ela não é como as outras. Ela é mais em tudo: mais atraente, mais fogosa, mais gostosa, mais independente, e a sensação de não poder tê-la daquela maneira novamente me deixa desnorteado. Desde que a vi, sabia que ela me enlouqueceria. Por mais que eu pareça calmo e indiferente, por dentro, sinto que perco o controle em sua presença. Parte de mim quer acreditar que, quando transarmos, esse frisson vá passar. Mas algo me diz que, assim eu possuir seu corpo, ficarei mais viciado nela do que estou agora. 
Droga! Meus sentimentos por Eva são mais fortes do que eu gostaria de admitir. Como isso foi acontecer? Nunca pensei que fosse dizer isso, mas não sei o que fazer. Estou frustrado sexualmente e confuso emocionalmente. Odeio essa sensação de vulnerabilidade.
De repente, meu celular toca e um número conhecido aparece no visor. E essa ligação não poderia ser mais providencial. Eu preciso mesmo desabafar com alguém sobre Eva. 
"Oi, amico (amigo)!" atendo.
"Ciao stronzo (oi bobão)!" saúda a voz com forte sotaque italiano. "Como vai?"
"Já tive dias melhores", murmuro.
Seu tom alegre de voz muda no mesmo instante.
"Quello che è successo? (o que houve?)"
"Algo que não pode ser falado por telefone".
"Bene (bem), eu tenho um tempo agora a noite para um drink. E, pela sua voz, deve ser algo, bem sério. Que tal nos encontrarmos no lugar de sempre daqui à uma hora?".
"Combinado. Até lá".
"Até".
Vou até o quarto, tiro a calça do pijama e coloco um suéter preto e uma calça de linho cinza-chumbo. Raramente uso roupas mais despojadas e isso é uma coisa boa, porque chamo menos atenção quando me visto assim. 
Já no carro, fecho os olhos e respiro fundo, tentando dissipar a tensão. O rosto de Eva me vem à mente no mesmo instante. Seu sorriso, seu corpo escultural, seus cabelos dourados, seus olhos penetrantes. Tudo nela me encanta. Até aquele jeito petulante e sarcástico me excita. 
"Você precisa dela", uma voz na minha cabeça diz. 
Eu realmente preciso dela, Na minha cama, com as pernas abertas, gemendo alto enquanto a fodo com força. Só isso.
Não é?
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Ganservoort Rooftop Bar, localizado na 9th Avenue é um dos meus bares preferidos em Nova York, tanto para relaxar quanto para fazer negócios. Tem uma vista incrível da cidade, principalmente do pôr do sol. Esse foi um dos primeiros lugares que apresentei a Arnoldo quando se mudou de vez para Nova York. E foi aqui que nasceu a ideia de abrirmos um bistrô. 
Eu estava começando a enriquecer quando resolvi investir no negócio. Era arriscado, mas eu confiava no talento de Arnoldo. Fizemos tudo de forma que o Tableau One combinasse perfeitamente diversão e relaxamento. Possui uma adega com os mais refinados vinhos, um bar adjacente com inúmeras opções de drinques, e uma área mais reservada para clientes dispostos a desembolsar um pouco mais pelo luxo de manter a privacidade num local tão movimentado. Com o tempo, nosso bistrô se tornou um dos locais mais badalados da cidade, principalmente depois que o cardápio exclusivo e requintado elaborado por Arnoldo foi exaustivamente elogiado até mesmo pelos críticos mais exigente em diversas colunas culinárias conceituadas. A busca por reservas triplicou tanto que há listas de espera. Muitos famosos e grandes figurões da cidade passaram a ser nossos clientes e, numa dessas, meu carismático amigo foi chamado para estrelar um programa de culinária em um dos canais nacionais de maior visibilidade, e é um dos líderes de audiência em seu horário. Ele se tornou uma verdadeira celebridade. 
Eu preferi manter nossa sociedade em sigilo, a fim de evitar chamar ainda mais atenção. O que os tablóides sabem e buscam sobre mim já é o suficiente. E esse é um dos motivos pelos quais optei pela discrição do Ganservoort. Se fóssemos ao Tableau, mesmo na área reservada, não teríamos paz. 
Acabo de chegar e o gerente faz questão de me atender pessoalmente, me levando a uma das áreas mais reservadas do bar, como de costume. Aviso que estou esperando por Arnoldo, que também é um conhecido da casa. Após me trazer uma garrafa de José Cuervo e dois copos, ele me deixa sozinho com o cardápio.
Me sirvo e, antes que eu dê o primeiro gole da minha bebida, ouço a potente voz de meu amigo. 
“Gideon!” 
O homem alto, de cabelos escuros e olhos alegres se aproxima de braços abertos e com um enorme sorriso no rosto.
“Como vai amigo?”, me levanto e cumprimento-o com nosso habitual abraço de urso.
É tão bom estar perto de pessoas em quem você pode confiar. E Arnoldo fazia parte do meu seleto grupo de amigos mais próximos, além de ser um dos poucos que me chamam pelo primeiro nome. Um homem com a minha posição sempre tem mais adversários do que aliados. No mundo dos negócios, se você não souber fazer essa distinção, acaba entregando nas mãos de pessoas erradas coisas que podem ser usadas contra você no futuro. Uma brecha, um descuido, pode significar a queda definitiva de um império. Felizmente, eu sempre soube escolher a dedo em quem podia confiar. Mas aprendi isso da maneira mais difícil e dolorosa.
Eu o conheci na Toscana, onde seus avós tinham uma fazenda. Antes de entrar para a faculdade, passei um ano viajando pela Itália, um dos meus lugares favoritos no mundo. Arnoldo sempre sonhou em ser chef e ajudava o pai no restaurante da família, além de ganhar alguns trocados extras como guia turístico; foi num desses passeios que nos conhecemos e nos tornamos grandes amigos. Ele tem uma personalidade extravagante; é engraçado, muito falante, exagerado e seu típico charme italiano é um atrativo a mais, principalmente para as mulheres. Mas as circunstâncias que o trouxeram para cá não foram nada felizes. Houve um incêndio na fazenda. Quando sua avó, que já tinha que lidar com a morte do marido, soube que perdera as terras, sofreu um infarto ao qual não resistiu. Devastados, os pais de Arnoldo resolveram vender o restaurante e recomeçar em outro lugar. Por sugestão minha, eles acabaram se mudando para Nova York.
Nossas famílias ficaram muito amigas. Alguns anos depois, consegui para ele um emprego de chef em um dos cassinos que eu frequentava. Foi nessa época que comecei a minha riqueza, contando as cartas no Blackjack.
Sentamos e Arnoldo se serve da bebida.
"José Cuervo, hein?" me pergunta após dar um gole. "Se não é para comemorar, é para tentar esquecer una brutta giornata (um dia ruim)".
Suspiro alto e abro o jogo. “Estou com um problema totalmente inesperado, uma situação pela qual nunca passei”.
Dimmi che sta succedendo". (me diga o que está acontecendo)..
Esfrego as mãos de nervosismo.  "Uma mulher. É isso que está acontecendo".
Ele me olha atentamente. “Il nome della ragazza è...? (e o nome da moça é...?)
“Eva”, murmuro.
Ele fica em silêncio esperando que eu continue. Conto sobre a primeira vez em que a vi no saguão do Crossfire e sobre nosso encontro no elevador em seu primeiro dia de trabalho. 
"E a essa altura, você deve saber até a marca de shampoo que ela usa, suponho?" ironiza.
"Eu preciso ser minucioso quando se trata de minhas relações, independente de sua natureza", explico, apesar de estar acostumado com suas piadinhas sobre a minha obsessão por controle. "Não posso me arriscar. Lutei muito para ter uma imagem irretocável e livre de escândalos. Você sabe o quanto foi difícil conquistar essa posição".
“Claro que sei", diz com o semblante sério.
Arnoldo conhece toda a minha história, exceto os pesadelos. Ele mesmo já viu e ouviu pessoas comentando sobre meu pai, conheceu alguns que foram prejudicados pelos esquemas dele. A reputação dos Cross estava no lixo e isso me prejudicou em muitos aspectos, mas também foi um combustível para que eu lutasse ainda mais para me livrar desse estigma. 
"Pois bem. Após pesquisar sobre sua vida, me senti seguro para continuar a investir, mas ela me recusou. Todas as vezes, mesmo que o desejo estivesse ali, escancarado para quem quisesse ver".
"Uau. Essa morena conseguiu mexer mesmo com você".
“Loira”, corrijo
Arnoldo arregala os olhos e dá outro gole em sua bebida. Ele me olha por alguns segundos e percebo que consigo deixá-lo sem fala, o que, em retrospecto, acho que nunca aconteceu. Geramente, ele sempre tem uma piada pronta pra esse tipo de situação.
“Isso está ficando cada vez mais interessante” disse ainda tentando se recuperar do choque de minhas revelações.
Relato para ele o que aconteceu na reunião da Kingsman, o sonho erótico que tive com ela, a quase transa no meu escritório.
"Sinto como se estivesse ouvindo você me contar o roteiro de um filme pornô", caçoa.
"Vai me deixar terminar ou não?" pergunto irritado com seu jeito jocoso.
"Scuzami (me desculpe)", pede, tentando prender o riso.
Mas é quando falo de nossa conversa ao telefone, que ele não resiste e começa a gargalhar alto.
“Como você reagiu?” pergunta enquanto tenta parar de ri
“Bom, não fiquei nada feliz com aquilo, claro" respondo asperamente. "Ameacei  lhe dar uns bons tapas na bunda se não parasse de insultar minha inteligência”.
“E assim falou o homem das cavernas”, zomba. "Tenho que admitir, essa mulher sabe como dar um fora bem dado em um homem. O que você pretende fazer agora?"
“Ela não vai conseguir resistir por mais tempo. Não com essa atração palpável que existe entre nós. Pode demorar um pouco, mas não pretendo desistir”, declaro com determinação.
De repente, todos os traços de humor somem do seu rosto.
“Eva é tão diferente assim? E não me refiro ao fato de ela ser loira, o que por si só já é surpreendente. Quer dizer, você acha mesmo que ela vale todo esse esforço?”
“Sim”, respondo com sinceridade. “Ela me desarma completamente. Sempre que seus olhos cruzam com os meus, me sinto exposto, vulnerável. É como se ela me visse exatamente como eu sou”.
Mais um momento de silêncio. Um pouco mais longo que o primeiro. Arnoldo olha atentamente para seu copo e em seguida, me encara com o cenho franzido
“Isso não me parece só uma mera atração sexual”.
“Pode ser que eu apenas esteja cego de desejo. Eva é um desafio e, você me conhece. Eu nunca fujo de um desafio", argumento. "Quem sabe essa obsessão não some quando eu for pra cama com ela?”
"Você, por acaso, prestou atenção no que disse anteriormente?" gesticula. "Ela te desarma, ela te olha como se te conhecesse, como se soubesse quem você é. Essa sempre foi sua grande reclamação. Que todas olham para o Gideon de fora sem querer saber do Gideon de dentro. E ainda vem com esse papo de que ela é só uma mulher com quem você apenas quer trepar?"
"Isso não quer dizer nada", tento parecer impassível, mas fico incomodado com seu comentário.
Ele se ajeita na cadeira. “Já estava na hora de aparecer uma mulher de fibra na sua vida. Alguém que não aceita tudo calada e submissa. Enquanto as outras são fáceis demais e se contentam com o que você está disposto a oferecer, Eva resiste, mesmo se sentindo atraída por você. E deve ter um bom motivo pra isso. Tem certeza de que ela não tem alguém?"
"Absoluta".
"E você está mais do que disposto a fazê-la mudar de ideia".
"Claro". 
"Eu jamais pensei que veria o grande e poderoso bilionário Gideon Cross se desdobrando por causa de uma mulher. Você está praticamente se oferecendo em uma bandeja de prata como um pernil assado na ceia de Natal! Essa história está cada vez melhor” dá uma risada.
“Ah, por favor! Eu só quero transar com ela. Quem não iria? Ela é linda e gostosa pra caralho, e é muito interessante, bem humorada, espirituosa. Mas não há nada além disso. Não pretendo levar nosso envolvimento para outro nível. Corinne já me provou que isso não é pra mim".
Amico”, ele se inclina e me dá um tapinha no ombro, “você sabe que sempre sou sincero, então, ascoltami (me escuta).  Eva não é Corinne. É nítida a diferença entre elas. E eu nunca te vi assim antes. Você está diferente. No começo, com certeza o desejo falou mais alto, mas agora ele se transformou em outra coisa. Por mais que você não queira admitir, essa é a verdade".
Não, não é isso. Claro que não. Mas não consigo retrucar. Meus argumentos cessaram. Apenas fico olhando para me amigo, sem saber o que dizer. 
Bene, que tal mudar um pouco o tópico da conversa?", ele tira a mão do meu ombro. "Vejo seu desconforto e está aqui para se distrair depois de um dia cheio, certo? Só te digo uma coisa: seja cauteloso em relação a essa moça. Ela te afetou profundamente e não quero que você acabe descepcionado. Se preserve". 
Engulo em seco.  “Certo, obrigado pela preocupação".
"Stronzo, quantas vezes eu tenho que te dizer para parar de me agradecer?" fala irritado enquanto apoia as costas no encosto da cadeira. "Che cazzo (mas que diabos), somos amigos há anos. Não nos conhecemos ontem no banheiro público durante uma mijada".
E eu rio, incapaz de fazer qualquer outra coisa quando estou perto do meu amigo. Conversamos animadamente sobre outras coisas, e consigo esquecer minhas preocupações. 
_____//_____
Deixamos o bar às 0h e nos despedimos. Arnoldo tinha marcado um encontro com uma ragazza que, segundo ele, é "più caldo dell'inferno" (mais quente do que o inferno). Sua animação era evidente. Ah, o que a iminência de uma boa trepada não faz a um homem?
Na volta para casa, aliviado por ter finalmente aberto o jogo com Arnoldo, penso em nossa conversa. Não posso dizer que estou diferente, mas me sinto mais confuso como nunca. Por outro lado, tenho que considerar que meu amigo me conhece bem até demais e sabe do meu modus operandi. E, considerando que ele foi brutalmente sincero ao me dizer isso, alguma coisa em mim deve ter mudado. 
Uma vontade repentinda de saber o que Eva está fazendo agora me toma e sinto uma angústia inexplicável. Imediatamente pego meu celular e rastreio o de Cary. Verifico o histórico e vejo que estão há horas entrando e saindo de diversas casas noturnas próximas a uma das minhas. Acesso a conta bancária de Eva para saber o que ela consumiu. Me assusto com a quantidade de vodka com suco de cramberry que comprou, Ela tem álcool o suficiente no corpo para se deixar levar pela conversa de qualquer babaca que aparecer em sua frente. Merda!
“Vamos para minha boate em East Village”, ordeno a Angus
“Como quiser, senhor”, diz já fazendo o retorno. 
Assim que chego à minha boate, vou direto para a sala da administração e peço para que um dos funcionários fique de plantão nas redondezas e atraia Eva e Cary com dois ingressos Vips, que cobrem as taxas de consumação.
Se eu lhe oferecesse uma carona para ir para casa, ela se recusaria, principalmente por estar com Cary. Não me admiraria que ela o usasse como pretexto para fugir de mim novamente. Então, o melhor jeito é proporcionar aos dois uma diversão de qualidade num lugar onde posso controlá-la. Me sinto bem mais tranquilo sabendo que ela estará em meus domínios. Além disso, terei minha grande chance de abordá-la. E dessa vez, eu não pretendo deixá-la escapar.
No momento que vejo Eva adentrando o clube, um alívio me toma e uma excitação instantânea me faz estremecer. Seu cabelos longos e loiros se destacam no meio da multidão. Olho maravilhado para seu semblante alegre. Decido, me encaminho para sua mesa, mas não sem antes pedir dois sucos de cramberry para uma das garçonetes, que parece super animada com minha presença.
Num desvio rápido de olhar, vejo dois rapazes se adiantam na direção de Eva. Não, não!
Chego a tempo de escutar um deles perguntando se podem sentar. No segundo seguinte coloco minha mão sobre o ombro de Eva.
“Ela está comigo”.
Cary me encara de boca aberta. Contorno o sofá e estendo minha mão. “Taylor, Gideon Cross”.
Parecendo bem contente e surpreso por me ver, ele retribui o aperto de mão com um enorme sorriso. “Prazer em conhecer. Já ouvi falar muito de você”.
Nada pode me dar mais prazer após ouvir isso. “Que bom saber”.
Sento-me bem ao lado de Eva, que está mortificada e desconfortável com a situação. Apoio o braço no encosto atrás dela e roço seu braço possessivamente.
“Talvez ainda haja motivos para ter esperança”.
Ela me fuzila com o olhar.
“O que você está fazendo?” sussurra rispidamente.
“O que for preciso”. Respondo sustentando o olhar.
Para minha sorte, ambos os rapazes voltam sua atenção para Cary, que se levanta para ir à pista de dança com eles, deixando sua amiga aos meus cuidados. A princípio ela tenta me ignorar, e eu aguardo pacientemente. Não posso deixar de notar o quanto ela fica ainda mais desfrutável quando está brava.
Depois de um tempo, ela se vira para mim e inicia a conversa. Seus olhos passeiam por minhas roupas como se fosse arrancá-las.
“Você está...” ela faz uma pausa. “Gostei do visual” acrescentou tentando parecer indiferente.
Sua saída pela tangente me deixa puto. 
“Ah, de alguma coisa em mim você gosta” digo sarcasticamente. “Será que é do pacote completo? Ou só da roupa? Só da blusa? Ou talvez da calça?”
Então começamos a trocar farpas por causa das minhas roupas, até que ela admite gostar do modo como me visto. Foi aí que o episódio do telefone me veio à mente e resolvo provocá-la.
“Como foi o encontro com seu amiguinho movido a pilha?”
Ela desvia o olhar e cora furiosamente. “Uma dama nunca comenta esse tipo de coisa”.
Minha irritação some no mesmo instante. Adoro ver seu lado vulnerável. Acaricio seu queixo com meus dedos. 
“Você está vermelha”, murmuro divertido e maravilhado.
Ela muda de assunto rapidamente.
“Você vem sempre aqui?”
Agarro uma de suas mãos que estão em cima da perna, acariciando a palma com os dedos.
“Quando necessário”.
Ela me encara emburrada.
“Como assim, necessário? Quando você está no cio?”
Sou incapaz de conter o sorriso. Ela está com ciúmes! Ponto para você, Cross!
“Quando decisões importantes precisam ser tomadas. Sou o dono deste lugar, Eva”.
Somos interrompidos pela garçonete que traz nossas bebidas. Percebo que Eva fica irritadíssima pela atenção que recebo. Dois a zero, Cross. Mas o jogo ainda não está ganho.
Estou a ponto de entrar em ebulição aqui! A proximidade de Eva me deixa com um tesão violento. Preciso senti-la, preciso beijá-la agora. Dou um gole na bebida e aproveito para colar meus lábios aos dela num beijo feroz e urgente. Ela não se esquiva e corresponde com a mesa intensidade. Para minha surpresa, Eva enfia a mão entre meus cabelos e os agarra com força, mantendo-me imóvel enquanto chupa sensualmente minha língua. Um gemido involuntário sai de minha garganta. 
Como se estivesse se dando conta do que estava fazendo, ela se afasta num átimo, mas vou atrás. Nada de escapar dessa vez. Passo meu nariz pela lateral do seu rosto, com meus lábios roçando sua orelha e ali permanecendo. Minha respiração está acelerada, no mesmo ritmo que a dela. Inalo seu aroma delicioso.
“Preciso sentir como é estar dentro de você, Eva. Estou morrendo de vontade”, sussurro.
“Como você sabia?” ela pergunta enquanto passo minha língua pela cartilagem de sua orelha, me segurando para não fodê-la aqui e agora.
“Sabia do quê?”
“O que gosto de beber, o nome de Cary?”
Respiro fundo. Isso não vai ser fácil, mas tenho que contar a verdade. Ela precisa saber como as coisas funcionam comigo. Relutante, eu me afasto, ponho o copo na mesa e me viro de frente para ela.
“Você passou por outros lugares esta noite. E pagou com cartão de crédito, e o que você bebeu ficou registrado na conta. E o nome Cary Taylor está no contrato de locação do seu apartamento”.
Eva empalidece e, por um momento, acho que vai desmaiar. Fico preocupado e ofereço-lhe o drinque, que ela bebe em um gole.
Então se vira e pergunta, ofegante. “Você sabe onde moro?”
“Pode parece estranho, mas sei”. Não vou revelar a ela que sou dono do prédio onde mora e entregar meu maior trunfo, não agora. Sento-me sobre a mesa, de frente para ela e esfrego suas mãos geladas com as minhas. Parece que ela vai ter um ataque. Estou realmente preocupado.
“Você é louco, Gideon?”
Sua pergunta me pega de surpresa. Eva diz que sua mãe tem mania de espioná-la, mas que ela faz terapia. E me pergunta se eu também faço.
“Não, mas do jeito que você está me deixando maluco, vou precisa em breve” digo tentando amenizar a situação.
Sinceramente, não sei qual o problema de me apropriar dessas informações, afinal, elas foram disponibilizadas voluntariamente. Eva fica furiosa.
“Mas não foram disponibilizadas para você, não para o que você fez. Isso deve ser até contra a lei”. E ela está coberta de razão. “Porque fez isso?”.
Pela primeira vez, me sinto envergonhado por essa atitude. Eva não está nada à vontade com isso. Aliás, que tipo de pergunta é essa? Porque eu fiz isso? Para saber, oras. E foi o que respondi.
“Por que você não me perguntou, Gideon? Porra, por que isso é tão difícil pras pessoas hoje em dia?”
“Com você é difícil. Só conseguimos ficar juntos por alguns minutos, no máximo”, retruco já meio irritado.
“Claro, você só quer falar sobre o que precisa fazer pra me levar pra cama!”
“Minha nossa, Eva. Não precisa gritar”. Ela ficou maluca? A últim coisa que preciso agora é de atenção. Lugares como esse estão cheios de paparazzi infiltrados.
Eva se cala por alguns instantes, como se estudasse meu rosto. Isso está me dando nos nervos. Que droga ela está fazendo agora?
“Porque está me olhando desse jeito?”
“Estou pensando”.
“Em quê?” Pode alguém ser tão exasperante assim? “Já vou avisando, se disser alguma coisa sobre orifícios pré-aprovados ou emissões seminais, não respondo pelos meus atos”.
“Quero tentar entender algumas coisas, porque acho que talvez eu não esteja valorizando você como deveria”.
“Também quero entender umas coisas”, rebato.
“Acho que a abordagem ‘quero te comer’ tem um alto nível de sucesso no seu caso”.
Fecho meu rosto na hora. “Sobre isso eu não vou falar, Eva”.
“Certo. Você quer saber o que precisa fazer pra me levar pra cama. É por isso que está aqui? Por minha causa? E nem se dê ao trabalho de tentar dizer o que pensa que eu quero escutar”.
Aproveito e confesso que providenciei tudo para que ela estivesse aqui, nesse momento. Eva explica que drinques não seriam suficientes para uma trepada, mas eu já esperava por isso. O que me preocupa é o fato de ela estar solta por aí, totalmente disponível. Eu apenas estou tentando impedir que ela vá pra cama com um imbecil desconhecido.
“Se você quiser transar, Eva, eu estou bem aqui”. Isso me fez lembrar o comentário de Arnoldo, de que estou me oferecendo de bandeja. E não é que o bastardo estava certo?
Ela nega que esteja totalmente disponível e que está apenas dissipando o stress.
“Pois não é a única. Você sai para beber e dançar quando está tensa. Eu tento resolver de uma vez o problema que está me causando tensão”.
“Então é isso que eu sou? Um problema?” Pergunta.
“Com certeza”, respondo sorrindo.
“Pra você, o que significa namorar?”
Ah, de novo? Franzo a testa e respondo sem hesitar.
“Eu e uma mulher perdendo tempo com convenções sociais quando poderíamos estar trepando”.
“Você não gosta da companhia das mulheres?”
Mesmo irritado, decido explicar novamente meu ponto de vista.
“Gosto, mas desde que isso não implique expectativas exageradas ou demandas excessivas do meu tempo livre. Descobri que a melhor maneira de garantir isso é separando amizades e relações sexuais em campos opostos”.
Sua inquisição continua por mais algum tempo e então me apresenta seu ponto de vista. Ela lista suas prioridades: trabalho, sua vida pessoal, deixando claro que se trata de uma vida de mulher solteira; mas afirma que gosta de sexo. Isso me agrada.
“Ótimo, faça comigo”.
Ela empurra meu ombro.
“Preciso ter uma ligação pessoal com os homens com quem durmo. Não precisa ser nada muito intenso ou profundo, mas o sexo precisa ser mais do que uma negociação impessoal pra mim”.
“Por quê?” Eu realmente quero entender seu lado. Para mim não faz o menor sentido juntar duas coisas que funcionam muito bem separadas.
Ela me explica que detesta se sentir usada no sexo, pois a faz se sentir desvalorizada.
“E não dá para considerar que é você que está me usando?”
“Não com você”. E isso me deixa eufórico, porque ela reconhece o domínio natural que tenho sobre ela.
“Além disso”, acrescenta rapidamente, “isso é só uma questão semântica. O que eu quero nos meus relacionamentos sexuais é uma troca justa. Ou então estar no comando”.
“Certo”. Minha própria resposta me surpreende. Estou aceitando rápido demais. Por outro lado, o fato de não tê-la não é uma opção, nunca. Farei o que for preciso.
Eva fica surpresa também. Sou sincero e digo que não gosto da ideia e não irei fingir que entendo, mas que quero tentar mesmo assim. Começamos a definir os parâmetros da nossa relação e, pelo que está sendo acordado, terei de me comportar hoje. Ou seja, reprimir esse desejo agudo por ela. Mas tudo bem. Agora que tenho certeza que está tudo acertado entre nós, vou conseguir me contentar com alguns beijos bem quentes, uma mãoz boba ali outra aqui. O mais importante eu já consegui,
Abaixo minhas mãos para agarrar a parte de trás de suas coxas. Apertando-a de leve, eu a puxou um pouco mais para perto. A bainha de seu vestido preto curto subiu de maneira quase obscena, e meu olhar ficou vidrado na pequena parcela de pele exposta. Passo a língua por meus lábios ressecados, imaginado como seria lamber aquela região. Só espero matar minha vontade em breve. Trocamos vários beijos ardentes e, assim pude descobrir algumas de suas partes mais sensíveis, como sua nuca, o lóbulo de sua orelha e, curiosamente, a base de sua coluna. Se fosse possível me fundir com Eva, eu já o teria feito. Nossa! Como ela é gostosa! Mal posso esperar beijar cada centímetro desse corpinho apetitoso.
Algumas horas mais tarde, Angus estaciona em frente ao prédio dela. Cary me dá um rápido aperto de mão e desaparece para a portaria. Desço do carro com Eva e nos despedimos com um beijo molhado e cheio de luxúria.
Volto para casa  triunfante.
Finalmente, Eva Trammell é toda minha.
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Acordei às 8 da manhã de sábado com o ânimo renovado! Estou me sentido invencível! Não tive pesadelos durante a noite, mas também não sonhei com Eva. Foi um sono pesado e tranquilo.
Fecho os olhos lembrando da noite passada. Eu ainda posso sentir seu gosto em minha boca, suas mãos puxando meus cabelos, seu cheiro maravilhoso em minhas narinas. Seu corpo macio e convidativo colado ao meu. Eu queria ter feito mais. Queria tê-la levado para o hotel para saborear o que estava escondido debaixo daquele vestido curto, mas era melhor não abusar muito, afinal foi difícil quebrar sua relutância. Eva estava mais desinibida por causa do álcool e eu jamais me aproveitaria disso. Lembro do que me disse sobre não gostar de sentir usada após o sexo. Ela poderia se sentir assim depois, então foi bom eu ter me refreado. 
Verifico minha agenda para hoje. Apenas uma videoconferência com o pessoal que está cuidando de meus hotéis em Las Vegas na parte da tarde e o jantar beneficente de hoje à noite. Em um estalo, eu me lembro que evento de hoje é promovido por uma instituição que também recebe o apoio de Mônica Stanton. Com certeza ela já deve ter confirmado presença. Então há uma grande chance de Eva ir também.
Checo a lista de convidados à procura de seu nome. Bingo! Richard e Mônica estarão presentes. E, para minha completa satisfação, Eva também. Uma de suas condições para a nosso envolvimento é passar um tempo junto em lugares em que seríamos obrigados a nos controlar. Esse evento é uma oportunidade perfeita para lhe provar que posso fazer isso. Além do mais, quero estar por perto tempo todo a fim de dissipar qualquer possibilidade de ela ser abordada por um cretino qualquer. Ninguém toca no que é meu!
Vou esperar ela me ligar já que, com toda aquela euforia de ontem, acabei esquecendo de pegar seu telefone. Assim que acordei, enviei um ‘kit ressaca’ para sua casa. Eva bebeu a noite inteira e deve ter acordado péssima. No cartão que acompanhava o kit escrevi ‘Ligue-me’ e meus números. Com certeza ela o fará para me agradecer, e é aí que vou entrar, convidando-a para o jantar.
Após passar uma manhã treinando com meu instrutor de MMA e de uma sessão pesada de musculação em minha academia particular, volto para o escritório a fim analisar os relatórios referentes à compra de um condomínio fechado em Detroit. Parece que está tudo indo de acordo com o planejado.
Para mim, ter transparência nos negócios é fundamental. Não é fácil trabalhar nas bases do justo e do certo, não vou negar. Após a morte do meu pai, eu e minha mãe nos atolamos em dívidas feitas por ele, frutos de seu trabalho sujo, e quase fomos à falência. Muitas pessoas foram prejudicadas pelas falcatruas dele. Todos nós pagamos pelos erros de Geoffrey Cross, menos o próprio, que em um ato covarde e egoísta, preferiu se matar para não ser preso.
Não me lembro muito dele, não posso nem dizer que havíamos nos conhecido. Passamos alguns momentos juntos. Momentos felizes, apesar de serem poucos. Ele ficava a maior parte do tempo trabalhando. Meus sentimentos por ele simplesmente não existem. Quando sua imagem borrada passa pela minha mente, não consigo sentir nada, apenas vazio, um eco no meio de um precipício. Uma voz que não reconheço. Mas mantenho seus erros em mente para não repeti-los. Passei anos sendo taxado com filho do homem que destruiu centenas de vidas, que construiu sua riqueza à custa da traição da confiança alheia. Mas prometi a mim mesmo que não deixaria que isso me perseguisse a vida toda. E batalhei com minhas próprias forças, quando não pude contar com o apoio de ninguém e fiz meu destino.
Aqueles que um dia desprezaram o nome Cross passaram a respeitá-lo e a temê-lo. A imprensa sequer ousa associar minha imagem a do meu pai, mas sempre há uma ou outra comparação. Meu jeito impassível e minha atitude implacável se fizeram conhecidos, bem como minha honestidade. Eu finalmente consegui ser aquilo que sempre quis, sem trapaça, e sem qualquer auxílio financeiro de Christopher Vidal, meu padrasto. Ele se casou com minha mãe dois anos após a morte de meu pai e nos salvou da falência. Mas não foi o suficiente, não para mim.
Minutos depois começo a  videoconferência.
Hora de exercer meu papel de dono do meu próprio mundo.
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As horas passam e nada de Eva ligar. A videoconferência acabou a pouco e, como sempre, tudo está dentro do prazo e do orçamento pré-estabelecido. A ansiedade está me corroendo. Já são 17h10 e nada. Não posso mais esperar. Disco o ramal da ala dos empregados.
“Angus”.
“Sim senhor”.
“Prepare o carro, sairemos em 10 minutos”.
“Sim, senhor”.
Pouco antes de chegar ao apartamento dela, meu telefone toca. Ao olhar o visor, vejo um número desconhecido. Por algum motivo, eu sei quem é.
“Eva”, minha voz denota toda a intensidade do meu desejo.
Ela fica um pouco confusa por eu já saber que era ela. Impaciente, digo- a para avisar na portaria que estou chegando. Quando entro no prédio o porteiro está falando ao interfone.
“Sim, senhorita Tramell. Ele acabou de chegar”, e desliga. “Boa noite senhor Cross”.
“Boa noite, Paul”.
Um elevador está para subir e chego a tempo de entrar, está vazio e aproveito para usar a chave mestra para ir direto ao seu andar. Saio do elevador apressado e toco a campainha.
Quando a porta se abre, fico paralisado. Eva já está penteada e maquiada para o evento. Meus olhos passeiam por seu corpo coberto apenas por um robe de seda e se detém em sua tornozeleira de diamantes. Minha nossa! É possível que uma mulher possa ser tão linda assim? Meu pau lateja de necessidade.
“Valeu a pena ter vindo até aqui para ver você assim, Eva. Como está se sentindo?”
“Bem. Graças a você. Obrigada. Mas não foi por isso que você veio aqui”. Posso sentir sua ânsia por mim como uma carícia.
“Vim até aqui porque você demorou pra ligar”.
“Eu não sabia que tinha um prazo”.
“Eu precisava falar com você ainda hoje, e também queria saber se está tudo bem depois de ontem à noite”.
Caralho, eu não consigo tirar os olhos dela. E nem quero. Na verdade, quero muito mais do que olhá-la. Quero devorá-la. Estou faminto.
“Você está linda, Eva. Acho que nunca desejei tanto alguém como agora”.
“O que você tem para falar de tão urgente?” pergunta num sussurro sôfrego.
“Vamos juntos ao evento de hoje à noite”.
“Você vai?” Ela se assusta, mas sinto um tom animado em sua voz.
“E você também. Vi a lista de convidados e sei que sua mãe também vai. Podemos ir juntos”.
Ela fica preocupada pelo fato de que estaremos em um evento de muita visibilidade e com as especulações que surgirão sobre a natureza de nossa relação, especialmente por parte de sua mãe. Eu digo para que ela não se preocupe com os comentários alheios ou com sua mãe. Se há uma coisa que sei fazer e muito bem é lidar com mulheres. Mônica Stanton não me daria trabalho algum. Me aproximo de Eva e lhe dou um beijo na curvatura do pescoço.
“Se você pensa assim” diz, quase sem fôlego, “é porque não a conhece muito bem”.
“Pego você as sete”. Minha língua percorre a veia pulsante de sua garganta. Seu corpo amolece quando a puxo para mais perto.
“Eu não disse que sim”, suspira.
“Mas não vai dizer que não”. Digo mordendo o lóbulo de sua orelha. “Não vou deixar”.
Antes que ela tenha a oportunidade de protestar, eu a calo com um beijo profundo e molhado. Movo minha língua devagar, prolongando a sensação. Ela põe suas mãos em meus cabelos e os puxa com força. Assim como no meu escritório, acabamos deitados no sofá. Pude sentir seu suspiro de surpresa, que engoli com minha boca faminta. Aperto seus seios suavemente e seu robe se abre, revelando seu corpo delicioso e cheio de curvas. Ela geme meu nome num última tentativa de me chamar para realidade e, em resposta, sugo com vontade seu lábio inferior.
“Shh... Eu estava ficando maluco só de pensar que você estava nua por baixo desse robe”, rosno.
“É que você veio sem avisar... ah”, ela geme quando abocanho um de seus mamilos.
Vejo que ela olha desesperada para o decodificador da TV que marca quinze minutos para as seis e tenta me parar. Olho fundo nos seus olhos. Não dá para parar. Eu preciso senti-la. Matar essa tara desvairada por ela.
“É uma loucura, eu sei. Eu não... Não sei explicar por que, Eva, mas preciso fazer você gozar. Penso nisso o tempo todo, há dias”.
Deslizo uma de minhas mãos no meio de suas pernas, que se abrem sem resistência. Minha outra mão massageia seus seios sensíveis. Sua pele está toda vermelha e febril. Quando meus dedos tocam sua vagina, sinto que está encharcada. Porra, que delícia!
Pergunto se ela se depilou hoje e ela diz que não. Ainda bem, eu não ia aguentar ter que me segurar por mais dez horas. Mal consigo agora. Enfio meu dedo indicador cuidadosamente dentro dela e a masturbo. Eva não resiste, está entregue e sensível ao meu toque. Pergunto quando foi a última vez que ela transou (o que já faz um bom tempo) e se ela toma pílula (sim, para meu total alívio). Quando  fizermos  os  exames  e  estive  tudo  certo,  vou  despejar  minha  porra  dentro  dela. 
Eu mesmo fico surpreso com isso. Nunca transei sem camisinha, nem mesmo com Corinne. No entanto, eu sinto que preciso marcá-la, preciso tomá-la por inteiro. Ela é minha, só minha.
 Minha respiração está tão acelerada quanto a dela, estamos suados e dominados pelo tesão. Ela está quase lá.
"Gideon, por favor”, implora, já sem forças.
“Shh, deixa comigo”, Começo a esfregar seu clitóris com meu polegar. “Olhe bem nos meus olhos quando gozar pra mim”. Eu quero ver em seu rosto o efeito que tenho sobre seu corpo quando a faço chegar ao ápice.
Ao meu comando, ela goza com um grito abafado, seus dedos agarram a borda do sofá e me olha hipnotizada. Meus olhos brilham de triunfo ao constatar o que já era um fato: eu a domino, eu tenho total poder sobre seu corpo e ela sabe disso.
“Agora vou saboreá-la bem aqui” e cubro seu sexo com minha boca, ansioso por sentir o seu gosto.
Doce. Cremoso. Saboroso. Nunca provei nada tão bom. Eu poderia passar dias só chupanto sua bocetinha gostosa.
Eva tenta me empurrar dizendo que não aguenta. Está inchada e sensível, mas não recuo. Minha língua brinca com seu clitóris inchado, provocando, estimulando, até que ela goza de novo e mais uma vez. Seu corpo está mole, indefeso, incapaz de lutar contra minhas lambidas e carícias. Sua entrega me enlouquece. 
Mas tenho que parar. Teremos tempo, mais tarde. Então tiro minha boca de seu sexo e beijo seus lábios violentamente. Tentando me conter para não começar tudo de novo, levanto, fecho seu robe e a olho de cima para baixo. Ela ainda está deitada, corada, ofegante, com seus fios cacheados espalhados por todas as direções e nua. Uma visão mais que tentadora.
“Às sete horas, Eva”. Me inclino para acariciar sua tornozeleira. “E não tire isto aqui, quero comer você com nada além disso”.  E saio. 



E o próximo capítulo é a tão comentada e esperada cena da limousine! Preparem caucinhas extras!! 
Beijos e até breve!

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