quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Toda Minha: Capítulo 12 — Reconciliação

Oi pessoal, tudo bem? E aqui vamos nós com a tão esperada reconciliação do nosso casal! Espero que gostem! Boa leitura!


Quando um homem ama verdadeiramente, é porque é a primeira vez que ama.
— Oscar Wilde

A indiferença gelada da qual me revesti ao entrar aqui se foi no momento em que pus os olhos em Eva, dando lugar à raiva, que borbulha como um caldo fervente dentro de mim. Raiva por meu irmão ter conseguido arrastar meu anjo para cá, raiva por eu mesmo estar pisando novamente nesse antro. Raiva pelo meu passado estar novamente tentando comprometer meu presente e arruinar meu futuro.
“O que você está fazendo aqui?” vocifero incapaz de conter a onde de fortes emoções que se misturam dentro de mim.
Ela se encolhe toda. “Como é?”
“Você não deveria estar aqui”. Agarro-a pelo cotovelo e a reboco para dentro da casa. “Eu não quero você aqui”.
Eva arranca seu braço de minha mão e marcha a passos largos na direção da casa, sem ao menos olhar para trás. Está fugindo de mim, de novo. Mas dessa vez, não vou ficar apático.
“Gideon!” Ouço Magdalene me chamar. Seu tom parece ser de surpresa, já que ela sabe muito bem que eu jamais viria até aqui. Ignoro-a e continuo andando firmemente em busca do meu anjo fujão.
“Eva. Espere”. Exijo. O tom da minha voz faz seus ombros se curvarem, mas seus olhos não se voltam para me encarar.
“Suma daqui. Já conheço o caminho da porta”, cospe.
 “Eu ainda não terminei...”.
“Eu já”, ela se vira bruscamente. Suas palavras absurdas me atingem como dardos inflamados. Cada sílaba pronunciada está carregada acusações. Seus olhos perderam o brilho, parecem opacos, sem vida. Como espelhos, refletem a mágoa e o ressentimento profundo que ela guarda de mim.
“... Que eu estivesse atrás de uma rapidinha num canto escuro pra tentar ganhar você de volta?”
Que merda! Será que ela não pode apenas se calar e escutar?
 “Fique quieta, Eva”, digo entre dentes. “Escute o que tenho a dizer...”. E ela me interrompe de novo.
“Só estou aqui porque me disseram que você não viria. Vim por causa de Cary, pra ajudar a carreira dele. Então você pode voltar pra festa e esquecer de novo que eu existo. Fique tranquilo, quando eu sair por aquela porta, vou estar fora da sua vida de uma vez por todas”, diz com uma aspereza que eu jamais esperaria de sua parte.
Fora da minha vida?
De uma vez por todas?
O desespero de só imaginar essa possibilidade, associado ao fato de estar naquela casa e à minha abstinência forçada da presença de Eva acabam de tirar o pouco de sanidade que me restava.
“Cale essa maldita boca”, explodi agarrando-lhe pelos cotovelos e a sacudindo com força. “Cale essa boca e me deixe falar”.
Ela acerta um baita tapa no meu rosto com força suficiente para balançar minha cabeça. Caralho! Essa porra arde muito!
“Não encoste a mão em mim”, grita.
Um rosnado escapa dos meus lábios, tanto pela raiva quanto pelo desejo reprimido. Puxo Eva de volta e começo a devorar sua boca de forma alucinada. Seguro os dois lados de sua cabeça impedindo que ela se esquive do beijo. Sinto seus dentes morderem forte meu lábio inferior até sangrar, mas a dor ou o gosto do sangue não são suficientes para me fazer parar. Eu a quero, eu preciso do seu corpo, eu dependo dela para viver. Esses dias foram um purgatório sem fim. Meu corpo, até então fraco e desestabilizado, está sendo movido por uma força inabalável. Finalmente, eu tenho meu anjo em meus braços. Tudo o que preciso é de uma chance para fazê-la me querer novamente.
Seu corpo reage ao meu, como de costume. Seus mamilos endurecem contra meu peito e ela começa a dar sinais de que sua resistência está desmoronando. Nada mudou. Ela me deseja tanto quanto a desejo. Eis a minha chance.
Eu a pego no colo, segurando-a firmemente e a levo para a biblioteca. Fecho a porta atrás de nós com o pé e a prenso contra a pesada porta de vidro que fica do outro lado do cômodo. Minha mão desce pela sua cintura até chegar à barra de seu vestido e a acaricia por dentro da saia até chegar à parte exposta de suas nádegas. Levando sua cintura e sua pélvis roça em minha ereção. Nesse meio tempo, nossos lábios não se desgrudaram. Puta merda, como eu preciso disso! Estava ficando maluco só de imaginar que nunca mais poderia tocá-la, sentir sua pele sedosa e macia sob meus dedos... Não, eu não iria suportar.
Como sua tendência é sempre se entregar quando tomo o controle, Eva amolece em meus braços e desiste de lutar. Meus músculos, antes tensos, relaxam. Diminuo a pressão de meus lábios e a beijo com carinho. Minha língua explorando cada cantinho de sua boca, provando seu gosto.
“Eva”, digo ofegante. “Não tente resistir. Eu não aguento”.
“Me deixe ir embora, Gideon”. Sussurra de olhos fechados.
Esfrego meu rosto contra o seu, com a respiração cada vez mais rápida e profunda perto de sua orelha. “Não consigo. Sei que você deve estar horrorizada com o que viu naquela noite... com o que eu estava fazendo com meu corpo...”.
 “Gideon, não! Não foi por isso que...” eu a interrompo.
“Estou enlouquecendo sem você”, passeio pelo seu pescoço com minha boca, acariciando suas veias pulsantes com minha língua. Chupo sua pele e ela estremece em resposta.
 “Não consigo pensar. Não consigo trabalhar nem dormir. Meu corpo quer você. Posso fazer você me querer de novo. Só me deixe tentar”, imploro-lhe, agoniado.
 “Nunca deixei de te querer”, sussurra. “Não consigo. Mas você me magoou, Gideon. Você tem esse poder, mais do que qualquer outra pessoa”.
Olho para ela um tanto confuso. Com certeza devo tê-la feito ficar enojada, mas magoada? Não faz sentido.
“Eu magoei você? Por quê?”
“Você mentiu. Se fechou pra mim”, ela pegou meu rosto com as mãos e me olhou bem fundo nos olhos. “Seu passado não tem o poder de me afastar. Mas você tem, e foi isso o que fez”.
“Eu não sabia o que fazer”, tento explicar. “Não queria que você me visse daquele jeito...”.
“É exatamente esse o problema, Gideon. Quero conhecer você por inteiro, o lado bom e o lado ruim, e você se esconde de mim. Se não aprender a se abrir, vamos acabar nos afastando e nunca mais vamos nos aproximar. Você não sabe como estou me sentindo. Passei os últimos quatro dias me arrastando. Mais uma semana, mais um mês... abrir mão de você acabaria comigo”.
Ela também sofreu longe de mim! Mas se eu tivesse dito a verdade, teria sido diferente? Ainda não sei. Do jeito que venho fazendo uma burrada atrás da outra, poderia terminar do mesmo jeito: com a sua fuga. Decido falar.
“Não consigo me abrir pra você, Eva. Estou tentando. Mas sua primeira reação quando piso na bola é fugir. Você faz isso o tempo todo, e não aguento mais sentir que estou pisando em ovos, com medo de fazer ou dizer alguma coisa que afaste você de mim”.
Beijo seus lábios novamente. Deus, como é bom sentir seu gosto!
“Queria que você voltasse por iniciativa própria”, murmuro. “Mas não aguento mais essa distância entre nós. Vou tirar você daqui carregada se for preciso. Vou fazer o que for necessário para ficar sozinho com você e tirar tudo a limpo”.
Ela me olha espantada. “Você estava esperando que eu voltasse? Pensei... Você devolveu as minhas chaves. Pensei que tivesse desistido de mim”.
O quê? Esse tempo inteiro ela pensou eu desistiria? E só não voltou por medo de ser rejeitada? Minha expressão endurece.
“Nunca vou desistir de você, Eva”, isso é um fato consumado.
Imaginar cada minuto da minha vida sem Eva é algo que meu cérebro não consegue processar.
Eva fica na ponta dos pés e me dá um beijo suave na marca vermelha que sua mão pequena (mas bem pesada) havia deixado quando me bateu. E essa mesma mão, junto com a outra, foi automaticamente para meus cabelos. Dobro os joelhos para ficarmos da mesma altura. A biblioteca está silenciosa e os ruídos da festa estão bem distantes. O vazio sonoro é preenchido apenas por nossas respirações ásperas e fora de controle. Minhas mãos continuam apalpando cada pedaço de Eva por baixo do vestido.
“Faço o que você quiser, faço o que for preciso. Qualquer coisa. Só me aceite de volta”. Se eu precisar ajoelhar e implorar como um, eu faço sem pensar duas vezes.
Ela acaricia meu peito por cima da blusa, tentando me acalmar. Meu coração está a mil.
“Ao que parece, não conseguimos deixar de fazer mal um ao outro. Não consigo evitar que você sofra, e não posso mais continuar vivendo entre tantos altos e baixos. Precisamos de ajuda, Gideon. Somos extremamente disfuncionais”.
Explico que fui ver o Dr. Petersen na sexta, que ele passaria a ser meu terapeuta e de sua sugestão de nos atender como um casal. Eva fica surpresa ao constatar que eu a segui. Respiro fundo. Sei que ela não gosta de ser perseguida, mas não tive escolha. Não nego, mas também não me arrependo.
“Vai dar um bocado de trabalho, Gideon. Eu avisei”.
“Trabalho é algo que não me assusta”, digo acariciando suas coxas e suas nádegas de forma brusca e possessiva. “Meu único medo é perder você”.
Ela me dá um beijo no rosto e ficamos nos encarando por alguns instantes. Eu já estou ficando alucinado com seu cheiro familiar, com o calor que emana de seu corpo. Não consigo mais me segurar.
“Preciso de você”. Respiro deslizando minha boca por seu rosto e pescoço. “Preciso ter a sensação de estar dentro de você...”.
“Não. Pelo amor de Deus. Aqui, não”, sussurra já totalmente entregue a mim.
“Precisa ser aqui” murmuro ficando de joelhos. “Precisa ser agora”.
Rasgo sua calcinha de renda, levanto a saia do vestido e dou uma lambida em seus lábios vaginais para afastá-los e chegar a seu clitóris pulsante. Eva tenta se afastar, mas a impeço, segurando-a firmemente no lugar com uma mão e segurando sua perna esquerda por cima do meu ombro, facilitando a invasão da minha língua. Seu corpo todo treme e suas mãos vão direto para meus cabelos, me imobilizando enquanto se esfrega de encontro à minha boca faminta.
Depois de dias no inferno, finalmente eu a tenho aqui, em meus braços, à minha mercê, como deve ser. Estar com Eva é a coisa a certa, é como se meu mundo frio e abandonado estivesse por anos fora de órbita e finalmente tivesse encontrado sua estrela, seu sol. Como seu eu estivesse trancado em uma masmorra escura por todo esse tempo e, finalmente, alguém havia me mostrado a luz. Sim. Ela é meu sol, minha luz, meu anjo. Só meu.
“Gideon... Você me faz gozar tão gostoso”, sussurra.
Essa simples frase me deixa ainda mais excitado. Agarro sua bunda e trago sua pélvis para mais perto. Sua entrada se abre mais e minha língua abre caminho entre os tecidos inchados, entrando fundo. De minha garganta saem urros guturais de puro prazer e deleite. A necessidade de fazê-la gozar em minha boca, de provar do seu doce mel me deixa cada vez mais ávido, e me faz perceber o quanto estou faminto, faminto por ela, pelo seu corpo, pela sua alma. Sou completamente dependente dela tanto quanto do ar que respiro e do sangue que correm em minhas veias.
“Assim, estou quase lá”, diz num fio de voz.
De repente, seu corpo enrijece, provavelmente pela proximidade do orgasmo. Como golpe de misericórdia eu a chupo com vontade, sugando seu clitóris bem forte até minhas bochechas ficarem côncavas. A ponta da minha língua alcança seu pontinho sensível e o acaricia, estimulando-o mais e mais, até que Eva não resiste e explode, liberando-se em uma torrente intensa e furiosa. O orgasmo a atinge tão violentamente que seus quadris rebolam incessantemente contra minha boca. Continuo a lambê-la, e bebo tudo até o último tremor cessar. Agora tudo o que quero é estar dentro dela.
Levanto-me rapidamente, a pego no colo e a deito no sofá com o quadril sobre o descanso de braço, de costas para o estofamento, fazendo a parte frontal de seu tronco ficar arqueada em minha direção. Abro minha braguilha e meu pênis dolorido de tesão pulou livre para fora a calça. Sem cerimônia alguma o afundo dentro dela com uma única estocada. Seguro seus quadris e os empurro em um vai e vem desesperado, metendo nela com força, sem parar. Cada vez que entro fundo, deixo escapar rugidos ferozes e em troca recebo seus ganidos trêmulos de prazer e necessidade. Começo a remexer os quadris freneticamente e minha cabeça pende para trás. Quero sentir seu toque, quero sentir sua mão sobre a parte mais sensível do meu corpo.
“Aperte, Eva. Aperte o meu pau”, sibilo.
E ela o faz, com maestria. Como só ela sabe fazer.
“Isso, meus anjo... assim”.
Eva aumenta ainda mais um aperto e um ‘porra’ escapa de meus lábios. Meus olhos encontram os dela.  O momento é de pura euforia. Estou perto de meu primeiro orgasmo após dias de privação forçada. Um tremor sacode meu corpo e solto um gemido agoniado. Estou tão perto. Continuo a estocá-la incessantemente até que gozo em jorros longos e quentes dentro da minha Eva. Minha, minha, minha. Só ela é capaz de fazer isso comigo, de me fazer sentir assim. Agora estou completo.
Inclino-me sobre ela tentando recuperar a compostura e controlar a respiração. Estou suado e meu corpo ainda está sob o efeito dos espasmos do recente orgasmo. Deito minha cabeça em seu peito e inalo seu cheiro.
“Meu Deus, não posso passar mais de um dia sem isso. Até as horas no trabalho pareceram uma eternidade”.
Seus dedos acariciam a raiz úmida dos meus cabelos. “Também senti sua falta”.
Esfrego meu nariz pelo vão entre seus seios. “Quando estou longe de você, fico...”, mal consigo terminar a frase. “Não fuja mais de mim, Eva. Não consigo ficar sem você”.
Não ter Eva comigo é algo inimaginável. Ela faz parte da minha vida. Está presa a mim para sempre. Ela se tornou a razão de tudo o que sou. O homem que eu era morreu no dia em que nossos olhos se cruzaram.
Eu a puxo para que fique de pé. Meu pau ainda está dentro dela.
“Vamos lá pra casa agora”, digo.
“Não posso ir embora sem Cary”.
“Então vamos levá-lo junto”. Ela começa a rebater, mas a interrompo. “Shh... Antes que você diga qualquer coisa, seja o que for que ele pretende conseguir nesta festa, eu posso providenciar. Ficar aqui não ajuda ninguém”.
“Ele pode estar se divertindo”, argumenta.
“Não quero você aqui”, sentencio num tom frio e controlado.
Eva é a pessoa mais importante da minha vida e de modo algum vou permitir que esse inferno e essas pessoas a tirem de mim.
“Você tem ideia do quanto me deixa chateada falando uma coisa dessas?” Choraminga. “O que tem de errado comigo? Por que não posso chegar perto da sua família?”. Seus olhos estão rasos d’água.
Oh meu Deus! Ela acha que o problema é ela?
“Meu anjo, não”, eu a abraço, acariciando suas costas para acalmá-la. “Não tem nada de errado com você. É esta casa. Eu não... eu é que não posso ficar aqui. Você quer saber com que eu sonho? É com esta casa”.
“Ah, desculpe. Eu não sabia”, diz timidamente. Sua expressão contida e tristonha me fez perceber o quão errado fui ao tratá-la daquele jeito quando a vi aqui.
Beijo sua testa apologeticamente. “Fui grosseiro demais com você hoje. Desculpe. Fico agressivo e irritado quando estou aqui, mas isso não é motivo”.
Ela segura meu rosto com as duas mãos e mais uma vez me perfura com seu olhar. “Nunca se desculpe por ser você mesmo quando está comigo. É isso que eu quero. Quero ser seu porto seguro, Gideon”.
Como sempre, Eva consegue me ver além. Estou me sentindo exposto e vulnerável, e por mais que eu tente esconder meus sentimentos atribulados, ela simplesmente os capta no ar e os lê sem dificuldades. Meu escudo de indiferença não funciona com ela. Eu não preciso dele quando estamos juntos. Meu anjo sabe da importância que passou a ter em minha vida. Mas não faz ideia do tamanho dela.
“Isso você já é. Você nem imagina quanto, mas vou arrumar um jeito de explicar”. Grudo minha testa contra a sua. “Vamos pra casa. Comprei umas coisinhas pra você”.
“Ah, é? Adoro presentes”, diz animada.
Lentamente começo a sair de dentro dela, e só agora temos a noção do quanto havíamos gozado. E foi muito, muito mesmo. Tanto que, meus últimos centímetros escorregam com força para fora, respingando sêmen na parte interna de suas coxas. Em seguida duas gotinhas caem sobre o piso de madeira por entre suas pernas abertas. E meu pau começa a apontar firme para sua gruta molhada, pedindo bis.
“Merda”, rosno. “Isso é bom demais. Já estou ficando duro de novo”.
Ela olha bem para minha ereção e comenta. “Você não vai aguentar depois de tudo aquilo”.
“Claro que vou”, falo pegando seu sexo com a mão em concha, apertando os grandes lábios e massageando a parte interna com os dedos. Ela está toda meladinha.
Seus olhos brilham de euforia e contentamento. Sim, Eva sabe que adoro desfrutar dela, que sinto um prazer inenarrável quando compartilhamos momentos de intimidade como esses.
“Viro um animal quando estou com você”, murmuro. “Quero te deixar marcada. Quero possuir você de tal forma que não exista mais nenhuma distância entre nós”.
Seus quadris se movimentam suavemente em movimento circular. Ela toma meu pulso com seus dedos e o guia pela cintura até à... Sua bunda? Não, não pode ser. Sinto seus dentes morderem meu queixo de leve.
“Me toque aqui. Me marque bem aqui”, sussurra.
Meu corpo inteiro paralisa, minha respiração fica ofegante e meu peito sobe e desce em uma velocidade anormal. Não é possível que ela esteja me pedindo isso. É... É demais para mim. 
“Eu não...”, digo com a voz falha, mas depois recupero e continuo com firmeza. “Eu não faço anal, Eva”.
Seus olhos encontram os meus e parecem entender exatamente o que se passa em meu interior. Medo, pânico, dor, sofrimento.
“Eu também não. Pelo menos voluntariamente”.
Eu me lembro de nossa conversa sobre Nathan. Ela falou sobre cicatrizes vaginais e anais. São lembranças são dolorosas. Eu sei por que também passei por isso, mas...
“Então... Por quê?” pergunto perplexo.
Ela me envolve em seus braços e pressiona seu rosto contra o meu. “Porque acredito que seu toque pode me fazer esquecer o de Nathan”.
Meu coração falha uma batida.
“Ah, Eva”, suspiro e deito o rosto sobre a parte de cima de sua cabeça.
Seus braços me apertam ainda mais. “Com você eu me sinto segura”.
E assim ficamos abraçados por um bom tempo. Cada vez mais as resoluções que tomei enquanto estivemos separados me parecem exatas. Eu realmente acertei qual era o nosso problema. Eva está confiando em mim plenamente para fazer algo doloroso se transformar em algo prazeroso. Ela está se entregando para mim sem reservas, sem limites. Quer que eu a possua de corpo e alma, em todos os sentidos.
E eu não poderia amá-la mais.
Se for isso o que ela quer de mim, é o que terá. Desde que nos conhecemos, tenho sentido uma forte inclinação em protegê-la, em mantê-la segura. E após as revelações sobre o abuso que sofreu na infância, esse instinto protetor se intensificou. Ninguém irá mais machucá-la ou fazê-la sofrer. Eu não vou deixar. Eu farei o que for preciso. Nós não tínhamos apenas um passado em comum, mas o mesmo trauma. Um trauma que ela quer superar comigo. Mas não posso simplesmente fazer e pronto. Primeiro preciso obter uma visão do melhor de suas pretensões, afinal ela poderia estar mais envolvida com o calor do momento, não sei. Não quero correr o risco de vê-la fugir de mim novamente.
Deslizo a ponta do meu dedo médio suavemente até as pregas do seu ânus. Eva se afasta e me olha confusa.
“Gideon?”
“Por que eu?” pergunto baixinho, a dúvida martelando em minha cabeça. “Você sabe que tenho traumas, Eva. Você viu o que... naquela noite em que me acordou. Você viu, porra. Como pode entregar seu corpo pra mim desse jeito?”
“Confio no meu coração e no que ele está me dizendo”, diz esfregando com o polegar a ruga entre minhas sobrancelhas. “E você é capaz de devolver meu corpo pra mim, Gideon. Acho que ninguém mais além de você pode fazer isso”.
Essas palavras me tocam fundo. Fecho os olhos e encosto minha testa suada na sua. “Você tem uma palavra de segurança, Eva?”
Isso é necessário para nós. Fazendo um paralelo com as relações BDSM, quando o dominante detém controle total e absoluto sobre seu parceiro submisso, e ambos estão fazendo o que se chama de “cena”, a palavra de segurança funciona como uma placa grande e luminosa de Pare. Em nosso caso, se eu estiver indo longe demais, no sexo ou em qualquer momento na nossa relação, se Eva disser a palavra de segurança, será um sinal de que eu devo pisar no freio. 
“Você tem?” pergunta de volta.
“Não preciso disso”, diminuo a intensidade do movimento de meu dedo. “Você tem uma palavra de segurança?”
“Não, nunca precisei. Fazer papai-e-mamãe, ficar de quatro, brincar com o vibrador... meu repertório se resume a isso, basicamente”.
Típico de Eva. Adoro seus comentários espirituosos, mesmo em momentos tensos, ela sempre solta alguma pérola. Contudo, não deixo de ficar aliviado por isso. Não quero nem pensar em algum outro homem manuseando o corpo dela de forma mais ousada, dominando seus sentidos, sua alma. Não. Tudo isso estava guardado e reservado para mim.
Continuo massageando a entrada de seu orifício apertado. Seus quadris se inclinam para frente, de forma a me dar um acesso melhor. Nunca pensei que sentiria prazer em fazer isso com alguém. Mas com Eva isso não existe.
O relógio de pêndulo soa indicando que uma hora avia se passado. Eva fica preocupada porque sumimos da festa por muito tempo e que alguém pode vir nos procurar. Eu nem estava me lembrando da festa, na verdade. Tiro a pressão do dedo e a toco mais de leve.
“Está preocupada com isso?”
“Não me preocupo com mais nada quando você está me tocando”.
Seguro seu cabelo pela raiz com minha mão livre a mantenho imóvel. Eu preciso saber de uma coisa.
 “Você já gostou de fazer anal? Mesmo sem querer?”
“Nunca”.
Sim, ela realmente quer isso.
“E ainda assim confia em mim a ponto de me pedir isso”. Beijo sua testa em sinal de agradecimento por tamanha confiança enquanto lubrifico seu traseiro com meu sêmen.
Ela se agarra a minha cintura. “Se não quiser, não precisa...”.
“Quero, sim”, interrompo bruscamente. “Se você está a fim de alguma coisa, sou eu quem tem que fazer. Sou eu o responsável por satisfazer todas as suas necessidades, Eva. Custe o que custar”.
“Obrigada, Gideon. Eu também quero ser o que você precisa”.
Essa é uma boa hora para dizer o que preciso.
“Eu já disse do que preciso, Eva... controle”, falo roçando meus lábios contra os seus. “Você está me pedindo para fazê-la revisitar lugares dolorosos, e eu vou, se é isso que você quer. Mas precisamos tomar muito cuidado”.
“Eu sei”.
“A confiança é uma coisa difícil de conquistar, tanto pra você como pra mim. Se acabar correremos o risco de perder tudo. Pense em uma palavra que você associe ao poder. Sua palavra de segurança, meu anjo. Escolha uma”.
Ela tem que ter a consciência de que nossa relação é sustentada por um fio frágil, que ao menor sinal de turbulência, pode se romper a qualquer momento.
Seus quadris se remexem no ritmo do meu dedo. Eu o pressiono um pouco mais e ela geme. “Crossfire”.
“Humm... Gostei. Bem apropriado”. Percorro sua boca com a ponto de minha língua. Meu dedo circula seu ânus de novo e de novo, empurrando o sêmen para aquele orifício apertado, que se abre pedindo mais. Solto um gemido.
Quando pressiono de novo, ela faz força para fora e meu dedo escorrega para dentro dela. A sensação de ter meu dedo sendo naquele local proibido, sendo apertado por sua carne quente e molhada, faz minha excitação alcançar taxas alarmantes.
O corpo de Eva cede e ela quase cai em cima de mim. Será que a machuquei?
“Está tudo bem? Quer que eu pare?” pergunto assustado.
“Não... Não pare”, sussurra quase sem fôlego.
Meu dedo entra mais um pouquinho, e seus tecidos sensíveis se apertam. Ela é lisa, quentinha e macia. Pergunto se está doendo e ela, além de negar, pede por mais. Retiro a ponta do dedo e entro novamente. Seu corpo estremece.
“Está gostando?”, pergunto com a voz rouca.
“Estou. Com você tudo fica gostoso”, suspirou.
Tiro o dedo de novo, e volto ainda mais fundo. Ela se curva para frente, empurrando o quadril para trás a fim de facilitar meu acesso, e seus seios durinhos e fartos são pressionados contra o meu peito. Em um rompante, agarro seus cabelos com força, puxo sua cabeça para trás e lhe dou um beijo molhado, regado de desejo e fome. A cada segundo nossas bocas se esfregam mais agressivamente e a pressão dos meus dedos em seu orifício só faz aumentar. Eva se move cada vez mais, querendo que eu entre mais fundo. Essa sensação intensa e confusa me deixa cada vez mais excitado. Eu nunca havia experimentado algo parecido. Simplesmente adoro seu corpo, adoro proporcionar-lhe prazer, adoro satisfazê-la.  A forma como o orgasmo toma conta de seu corpo quando a toco me faz sentir poderoso. Somente eu posso fazê-la se sentir dessa forma.
Suas mãos trêmulas alcançam meu pau duro como uma pedra de mármore. Ela levanta o forro da saia para enfiá-lo em sua bocetinha encharcada. Apenas a cabeça entra dada a posição em que nos encontramos que impede uma penetração mais profunda. Suas pernas fraquejam novamente e seus braços envolvem meu pescoço. Imediatamente largo seus cabelos e apoio a mão com a palma aberta sobre suas costas, para sustentar o peso de seu corpo e segurá-la mais perto. A lubrificação facilita os movimentos do meu dedo, que começa a entrar e sair mais rapidamente.
“Eva. Sabe o que você está fazendo comigo? Você está ordenhando a cabeça do meu pau com essa boceta apertadinha. Vai me fazer esporrar em você. Quando você gozar, vou gozar também”.
Nunca pensei que eu poderia gozar ao fazer anal em alguém. Afinal, assim como Eva, eu jamais havia feito aquela modalidade de sexo com ninguém voluntariamente. De todas as formas que aquele monstro me tocou, essa era a mais dolorosa. Ele era bruto. Quando acabava, além da dor, dos machucados e do sangue, eu me sentia humilhado e invadido. No entanto, aqui estou eu, dando um prazer inigualável à minha namorada enfiando meu dedo em seu ânus. E, além disso, sentindo prazer em fazer isso com ela.
De repente, um barulho do lado de fora desperta minha atenção e para a movimentação de meus dedos. Eva solta um ruído de protesto.
“Psiu”, sussurro. “Está vindo alguém”.
“Ai, Deus! Magdalene apareceu aqui antes e viu a gente. E se ela contou...”.
“Não se mexa”, continuo parado do jeito que estava, preenchendo-a pela frente e por trás, com a mão acariciando sua coluna e esticando a saia de seu vestido. “Isso aqui esconde tudo”.
Eva está de costas para a porta da biblioteca, e esconde seu rosto no vão do meu pescoço. A porta se abre revelando a cara de pau de Christopher que, ao olhar a cena, tem a nítida compreensão do que está acontecendo. Um sorrisinho de canto sacana surge nos seus lábios.
“Está tudo bem?” pergunta. Sua intenção de me provocar é óbvia.
“Claro que está”, respondo tranquilamente. “O que você quer?”
Retomo o movimento de enfiar e tirar o dedo, apenas um movimento leve que não aparece por baixo da saia. Ela crava a unha e minhas costas, está chegando lá. Se esse pestinha quer me fazer ficar constrangido, perdeu o tempo dele.
“Eva?” chama. Claro que ele iria mexer com ela.
“Oi”, respondeu engolindo em seco.
“Você está bem?” pergunta com falsa preocupação.
Corrijo minha postura, deixando minha coluna ereta, o que faz meu pau penetrá-la mais fundo. Eva perde o fôlego.
“S-sim. Estamos só... conversando. Sobre. Jantar”.
Ele a está constrangendo de propósito. Seus olhos estão brilhando.
  “Se você sair daqui, podemos terminar logo a conversa, então diga logo o que quer”, sibilo.
“Mamãe está procurando você”.
Mentiroso.
Maggie deve ter comentado com ele o que viu mais cedo e o bastardo veio conferir com seus próprios olhos. Ele está se divertindo com a situação, então resolvo lhe dar um show à altura.
“Por quê?” Me mexo um pouco mais, de forma a comprimir seus clitóris com minha pélvis e enfiar meu dedo mais fundo por trás.
Eva goza intensamente, encharcando meu pau com seu líquido quente. Para não gritar, ela enterra seus dentes em meu peito, me fazendo gemer discretamente. A dor e a tensão do momento são suficientes para me fazer gozar ferozmente dentro dela.
“Magdalene comentou que você está aqui com Eva e ela quer conhecê-la”, ele começa a se tocar de que não está me atrapalhando como queria.
“Eu apenas vim buscá-la. Nós vamos embora daqui a pouco. Agora deixa a gente em paz”.
Lanço-lhe um olhar tranquilo e debochado que o desarma. Sua tática de me irritar não teve êxito. Contrariado, ele sai. Eu a sento de pernas abertas no braço do sofá e começo a meter com força, usando seu corpo para extrair o restante do meu orgasmo, gemendo com a boca colada à sua.
Após terminarmos, eu a levo pela mão até o banheiro, ensaboo uma toalha de mão e a limpo no meio das pernas. Afinal, posso ser um ogro no sexo, mas também sei ser um cavalheiro depois. Seria muita falta de respeito e de modos não ajudá-la a se recompor, principalmente porque estamos no meio de uma festa lotada de gente famosa. E também tem o fato de ela ser preciosa para mim. Não que eu já tenha feito isso com todas as mulheres, na verdade, desenvolvi esse hábito apenas com Eva. É minha obrigação como seu namorado cuidar de seu bem-estar. 
“Não quero mais que a gente brigue”, diz.
Essa frase me preocupa, mas afasto a negatividade, deixando para pensar nisso outra hora.
Após me limpar, escondo a toalha usada em um cesto de roupa suja e fecho a braguilha. Lavo minhas mãos e volto a ficar entre suas pernas.
“Nós não brigamos, meu anjo. Só precisamos aprender a parar de matar um ao outro de susto”, acaricio seu rosto.
“Do jeito como você fala parece tão fácil”, resmunga.
“Não importa se vai ser fácil ou não. Vamos superar tudo. Precisamos disso”, digo enquanto arrumo seus cabelos despenteados. “Vamos conversar sobre isso quando estivermos em casa. Acho que descobri o ponto central do nosso problema”.
Depois do que acabamos de fazer aqui, todas as minhas suposições se confirmaram.
Entramos em uma pequena discussão sobre o fato de minha mãe e a dela terem se impressionado por eu ter me envolvido com uma loira. Bom, até Arnoldo ficou. Mas o que ninguém pode compreender é que foi exatamente nos braços de Eva, que é completamente diferente daquilo que sempre considerei como um padrão para minhas parceiras sexuais, que encontrei a minha casa, o meu porto seguro, o meu lar.
“Sorte minha que sou seu tipo”, comento.
“Gideon, não existe um tipo no seu caso. Você pertence a uma categoria única e exclusiva”.
Adoro quando ela fala desse jeito. Os elogios que ela dirige a mim soam diferentes dos das outras mulheres. É o que está implícito nessas palavras que me fazem sentir verdadeiramente lisonjeado quando Eva as diz. Eu me sinto perfeito para ela.
“Então você gosta do que vê?” pergunto genuinamente contente.
“Você sabe que sim, e é por isso que precisamos sair daqui agora, para não começar a trepar de novo como animais no cio”.
E mais uma vez Eva solta uma de suas pérolas em situações inusitadas. Nunca fui religioso, mas tenho pensado seriamente em rezar uma novena para agradecer aos céus por mandar essa mulher maluca e linda para iluminar minha vida.
Aperto seu rosto junto ao meu. “Só você para me deixar louco de tesão em um lugar que me dá calafrios. Obrigado por ser exatamente o que eu quero e preciso”.
“Ah, Gideon.Você veio aqui por minha causa, não foi? Pra me tirar deste lugar que você detesta”, diz me abraçando com seus braços e pernas.
“Eu iria até o inferno por você, Eva, e isto aqui é quase isso”. Suspiro profundamente, eu realmente odeio estar aqui. “Eu estava quase indo até seu apartamento quando fiquei sabendo que você estava aqui. Você precisa manter distância de Christopher”, reforço.
“Por que você fica falando isso o tempo todo? Ele parece ser tão legal”.
Afasto meu rosto e olho bem em seus orbes verdes cinzentos. Ela precisa confiar em mim e me escutar. Se ela tivesse visto como aquele moleque estava nos olhando, com um ar de chacota, se soubesse das intenções dele naquele momento, Eva provavelmente se sentiria envergonhada e triste. E é apenas por isso que não vou dizer nada a ela.
“Ele leva a rivalidade entre irmãos ao extremo, e é instável a ponto de se tornar perigoso. Está sendo bonzinho porque sabe que pode usar você para me magoar. Precisa confiar em mim a esse respeito”.

Ela me observa sabendo que há uma razão oculta em meu pedido, mas não comenta nada. “Confio em você. Claro que sim. Vou manter distância dele”.
“Obrigado”, eu a pego pela cintura e a ponho no chão. “Vamos buscar Cary e dar o fora daqui”.
Dou-lhe a mão, entrelaçando nossos dedos, e saímos para o jardim como se nada tivesse acontecido. Assim que chegamos perto da tenda lembro que não elogiei o visual dela.
“Eu deveria ter dito antes. Você está lindíssima, Eva. Esse vestido ficou maravilhoso em você, e esses saltos vermelhos vão me matar de tesão”.
“Bom, que eles funcionam ficou bem claro”, diz empurrando meu ombro com o seu. “Obrigada”.
Resolvo aproveitar o gancho para gracejar.
“Está agradecendo pelo elogio? Ou pela foda?”
“Ei”, me repreende. Seu rosto atinge fortes tonalidades de vermelho.
Não resisto e acabo gargalhando. Eva é uma contradição ambulante. Ousada e frágil, safada e tímida. Adoro isso nela.
Minha risada deve ter saído alta porque muitos olham em nossa direção. Coloco nossas mãos dadas na parte inferior das costas dela, e a puxo para perto para beijar seus lábios. Meu momento de felicidade dura apenas um segundo.
“Gideon, estou tão feliz por você estar aqui”.
Aquela voz da faz meu corpo inteiro enrijecer. Imediatamente me viro para encarar Elizabeth Vidal, no auge da sua elegância e altivez, tão típico de sua pose aristocrata. Somos muito parecidos fisicamente. Herdei seus olhos azuis e seus cabelos negros e ondulados. Ela faz menção de vir me abraçar e imediatamente mudo minha postura, deixando claro que não a quero perto de mim. Ao perceber isso, interrompe bruscamente o gesto.
“Mãe”, digo friamente. “Agradeça a Eva por eu estar aqui. Vim para levá-la embora”.
“Mas ela está se divertindo, não é mesmo, Eva? Você deveria ficar, por ela”.
Que atitude ridícula a de se aproveitar do fato de eu estar com Eva para forçar uma aproximação. Além disso, eu a quero fora desse inferno. Como ela poderia se divertir aqui? Sinto sua pequena mão apertar a minha em sinal de desconforto.
“Não queira deixar Eva constrangida”, massageio com as juntas dos dedos costas dela para acalmá-la. “Você já teve o que queria, conseguiu conhecê-la”.
“Vocês poderiam aparecer para jantar algum dia da semana”.
A cara de pau é uma característica genética nessa família. Elizabeth acaba de assinar seu atestado de loucura! Depois de tudo o que me fez passar ela vem com esse papo de ‘vamos fingir que somos uma família unida e feliz’?
Eu amava minha mãe, eu a respeitava e a admirava. Mas quando ela se negou a acreditar em mim, meu mundo desmoronou de vez. Ela preferiu acreditar que meu trauma pela morte do meu pai estava afetando minha saúde mental de tal forma que acabei inventando tudo. Até hoje me pergunto como ela pôde fazer aquilo comigo. Respondo a seu convite infame com um leve erguer de sobrancelhas e um olhar repleto de sarcasmo.
Assim que avisto Cary faço um gesto para que ele se aproxime.
“Ah, não, Cary também!” protesta Elizabeth. “Ele é a sensação da festa”.
“Imaginei que você fosse gostar dele”, ironizo. “Só não esqueça que ele é amigo da Eva, mãe. Ele também é meu”.
Cary se junta a nós, com seu jeito tranquilo e desencanado. Ele parece feliz por receber a ligação do namorado e tem a desculpa perfeita para ir embora. Passamos um tempo circulando pela festa para os dois se despedirem. Permaneço ao lado de Eva, como uma sombra possessiva e de cara fechada, não fazendo a menor questão de ser amigável com quem quer que seja. Apenas quero pegar minha garota e sumir daqui.
Estamos próximos a casa quando Eva para e se vira para mim.
“Vá chamar sua irmã pra gente se despedir”.
“Quê?” Eu não estou entendendo nada.
“Ela está à sua esquerda”, diz olhando para a direita.
Avisto Ireland e faço um aceno brusco para que se aproxime. Ela anda lentamente com uma expressão de puro tédio.
Ah, como é doce a fase da adolescência.
Eva segura minha mão. “Escute. Diga que sente muito porque vocês não conseguiram conversar, mas que ela pode ligar pra você quando quiser”.
Por essa eu não esperava. “E que conversa nós temos pra pôr em dia?”
“Ela vai ter muito que falar se tiver uma chance”, diz acariciando meu braço.
“Ela é uma adolescente. Por que eu perderia tempo com seu papo furado?” Desdenho. Eva não pode estar falando sério.
Ela fica na ponta dos pés e sussurra em meu ouvido. “Porque eu vou ficar te devendo uma”.
Encaro-a, desconfiado. “Você está tramando alguma”. Em seguida dou um beijo apertado em sua boca. “Então vamos deixar a coisa em aberto e dizer que você fica me devendo mais do que uma. A quantidade nós vemos depois”.
Ela assente com um movimento de cabeça.
Depois de interpretar o ‘irmão distante, porém atencioso’ a pedido de Eva, finalmente nós saímos daquele inferno. Apesar de parecer desinteressada, Ireland ficou levemente entusiasmada por eu estar falando com ela. Nós nunca fomos próximos, então não faço ideia de como ela é. Para mim, sempre ficou o estereótipo de garota rica e mimada. Também nunca me interessei em conviver com ela. E agora tem minha namorada que está tentando nos aproximar, sabe-se lá por que. As suas parecem ter gostado uma da outra. E por um motivo desconhecido, aquilo me deixou um pouco... Feliz? Não, essa não é palavra. Satisfeito... Sim, satisfeito. Mas não há razão especial. Droga, porque estou pensando nisso? Eu nem conheço essa fedelha!
Pego a chave das mãos do manobrista e Eva se surpreende.
“Você veio dirigindo? E Angus?”
“Está de folga”, esfrego o nariz na sua têmpora. “Eu estava com saudade de você, Eva”.
Assim que acomodo Eva no carro vou até a equipe de seguranças.
“Tudo certo, senhor?”
“Sim, estamos indo para casa agora”.
“Sim, senhor”.
Volto para o Bentley e dou partida.
Assim que chegamos à minha casa fomos direto para o banho. Eu não conseguia tirar minhas mãos dela. Eu a lavei da cabeça aos pés, a enxuguei e a vesti apenas com um robe e, em seguida, vesti uma calça de seda estampada. Tê-la aqui muda completamente o clima. Essa casa tinha se tornado um esconderijo, um mausoléu durante esses quatro dias. E agora meu anjo está aqui, trazendo sua alegria, seu brilho e sua graça.
Aproveitei que Eva foi pedir o nosso jantar e me dirigi à cozinha pegar uma garrafa de Armagnac e dois copos e, em seguida, ao meu escritório. Agora, aqui sentado na penumbra, bebericando meu conhaque, olho atentamente o enorme porta-retratos com as colagens que fiz com nossas fotos, iluminado por apenas uma lâmpada. Preciso escolher as palavras com meu anjo. Falar sobre isso irá nos ajudar a entender melhor o funcionamento da nossa relação. Eu quero cuidar dela, fazê-la se sentir segura, ser seu porto seguro e o responsável por satisfazer todos os seus desejos e necessidades. Mas para isso, ela terá de ceder, me deixar tomar o controle. 
O difícil será convencê-la disso. 
De repente, uma corrente elétrica percorre todos os meus nervos, fazendo meus pelos se arrepiarem. Isso é o meu corpo me dizendo que meu anjo está por perto. Ela aparece no limiar e me observa. Sei que um de seus maiores prazeres é me admirar. Tenho total ciência de minha beleza e da atenção que recebo das mulheres sem sequer abrir a boca; basta apenas que eu esteja respirando. Mas com Eva é diferente, sempre é. Seus olhos intempestivos me cortam como lâminas de aço, e ao mesmo tempo em que me envaideço me sinto exposto, vulnerável. Com um simples olhar ela cura as feridas do antigo Gideon, e transforma o Gideon que me tornei em um Gideon que eu jamais pensei que conheceria um dia.
Ela entra ainda me observando e, em seguida volta seus olhos para onde estou olhando. Posso sentir sua surpresa em ver a colagem. Quero provar a ela meu amor de todas as formas que eu puder. Aponto-lhe o cálice já cheio e peço-lhe para se sentar. Ao lado dele, coloquei o porta-retratos em tamanho menor com as fotos de nós dois. Ela me olha curiosa e um pouco confusa, mas ao ver a colagem, a tensão se dissipa.
“Quero que você leve isso para o trabalho” digo baixinho.
Ela agradece e põe o porta-retratos perto do coração, enquanto pega o cálice com a outra mão. Meus olhos brilham ao ver a alegria estampada em seu rosto.
“Vejo você me mandando beijos o dia todo na minha mesa. Acho justo que tenha algo para se lembrar de mim. De nós”.
Ela suspira pesadamente. “Eu nunca me esqueço de você, nem de nós dois”.
“E eu não deixaria, mesmo que você quisesse”, dou um grande gole em minha bebida, está na hora. “Acho que entendi qual foi nosso primeiro erro, o que causou toda a turbulência que estamos enfrentando desde então”.
“Ah, é?”
“Beba seu Armagnac, meu anjo. Acho que você vai precisar dele”, aconselho.
Ela dá um primeiro gole cauteloso, como se para experimentar, então dá outro, agora maior. Bebo mais um pouco e inicio nossa conversa, cuidadosamente.
“Diga o que foi mais gostoso, Eva: sexo na limusine, quando você estava no comando, ou no hotel, quando quem comandou fui eu?”
Ela se remexe desconfortável em seu assento. “Acho que você gostou do que aconteceu na limusine. Enquanto estava acontecendo. Depois não, obviamente”.
Esse assunto ainda a magoa.
“Eu adorei” afirmo com convicção. “Sua imagem naquele vestido vermelho, gemendo e me dizendo que adorava meu pau dentro de você não vai sair da minha cabeça enquanto eu viver. Se quiser voltar a ficar por cima alguma vez no futuro, sou totalmente a favor”.
Seu corpo retesa. “Gideon, estou começando a ficar assustada. Todo esse papo de palavra de segurança e ficar por cima. Não estou gostando do rumo desta conversa”.
“Você está pensando em violência e dor. Eu estou falando de cessão consensual de controle”, explico a olho atentamente. “Quer mais um conhaque? Você está pálida”.
“Você acha?” Ela deixa o cálice vazio em cima da mesa. “Pois parece que você está me dizendo que é um dominador”.
“Meu anjo, isso você já sabia”, digo sorrindo, lembrando-me de sua tendência natural em me obedecer. “O que estou dizendo é que você é submissa”.
Ela se levanta em um pulo. Como eu imaginei, não vai ser fácil.
“Nada disso”, advirto com um tom de voz sombrio. “Nada de fugir. Ainda não terminamos”.
“Você não sabe do que está falando. Você sabe pelo que eu passei. Preciso estar no controle, tanto quanto você”.
“Sente-se Eva”.
Ela permanece de pé, como se para provar o que acaba de dizer. Meu anjo é teimoso e orgulhoso. Como não amar? Abro um largo sorriso.
“Você tem alguma ideia de como sou maluco por você?” murmuro.
“Você realmente é maluco se está achando que vou aceitar obedecer a ordens o tempo todo, principalmente na hora do sexo”.
Tento explicar meu ponto de vista dizendo que meu objetivo não é humilhá-la ou tratá-la como um animal adestrado, e que estamos conversando sobre isso porque ela é o meu maior tesouro e quero protegê-la.
E mesmo assim ela contesta. “Eu não preciso ser dominada”.
“Você precisa é de alguém em quem confiar...” E tenta me interromper mais uma vez. “Não. Quieta, Eva. Espere até eu terminar”.
Ela se cala! Aleluia!
“Você me pediu para reavivar seu corpo fazendo coisas que antes eram dolorosas e assustadoras. Não sei nem dizer o que significa essa confiança pra mim, e como eu me sentiria caso fizesse algo e acabasse perdendo isso. Não posso arriscar. Precisamos fazer do jeito certo”.
Ela cruza os braços. “Acho que sou muito burra mesmo. Pensei que nossa vida sexual fosse o máximo”.
Ponho o cálice já vazio sobre a mesa. Prefiro ignorar essa declaração insana e sem fundamento.
“Você me pediu pra satisfazer uma necessidade sua, e eu concordei. Agora precisamos...”.
“Se não sou o que você quer, pode dizer de uma vez!” Me interrompe de novo (santa paciência...) colocando o cálice na mesa de forma um tanto agressiva. “Não precisa ficar dando voltas...”.
Então penso rápido no plano B: uma pequena demonstração para fazê-la enxergar a verdade – e para calar essa boquinha linda de onde, no momento, só está saindo coisas estúpidas.
Contorno a mesa e antes que ela possa dar dois passos para trás, eu a aprisiono em meus braços e tomo sua boca com a minha. Prenso-a na parede e agarro seus punhos, erguendo-os sobre sua cabeça. Dobro os joelhos e começo a friccionar meu melhor amigo em suas pélvis, fazendo a seda criar atrito com seu clitóris. Meus dentes se fecham em seu mamilo coberto pelo robe.
Seu corpo amolece na hora.
“Viu como você se submete em um instante quando assumo o controle?” Beijo suas sobrancelhas. Eva me olha surpresa. “E é gostoso, não é? É a coisa mais certa a fazer”.
“Isso não é justo”.
Teimosa.
“Claro que é. E é verdade”.
Ela analisa atentamente as feições do meu rosto. O desejo estampado em seu olhar. Mas há relutância.
“Não consigo evitar, quando você me deixa com tesão”, murmura. “Meu corpo é programado fisiologicamente pra amolecer e relaxar, pra você poder enfiar seu pau enorme em mim”.
Tento explicar de uma forma clara e objetiva que ela quer que eu esteja no controle, porque é importante poder confiar em mim e saber que cuidarei dela. E que o mesmo vale pra mim, uma vez que preciso que ela confie em mim a ponto de abrir mão do controle.
Ela insiste em dizer que não é submissa.
“Comigo você é. Se pensar bem, você vai ver que está tentando me dizer isso desde o começo”.
Eva reconhece que sou o mais experiente de nós dois e que é por isso que me deixa fazer o que eu quiser com ela. Mas insiste no absurdo de que não é interessante.
Odeio quando ela diz essas bobagens. Eu nunca senti tanto prazer carnal por alguém em toda a minha vida. Antes eu trepava duas vezes na semana. Com Eva preciso transar no mínimo várias vezes ao dia, fora as rapidinhas.
“Não é nada disso, Eva. Você sabe que adoro transar com você. Se pudesse, não faria mais nada da vida. Não estamos falando de brincadeirinhas que me excitam”.
“Então estamos falando do que me excita? É isso?”
“É. Foi o que eu pensei”, franzo a testa ao encará-la e... Merda! “Você está chateada. Eu não queria... droga. Pensei que falar a respeito fosse ajudar”.
“Gideon. Você está cortando meu coração”, e os olhos delas se enchem de lágrimas. Cacete!
Eu e minha boca grande! Não era essa minha intenção, não me fiz claro e ela entendeu tudo errado. Está na hora de levá-la ao quarto. Solto seus pulsos, dou um passo para trás e a pego no colo. Quando chegamos à frente da porta, peço que ela gire a maçaneta. O quarto está iluminado pelas chamas das velas, minha intenção é reproduzir o clima daquele dia em que tirei sua foto dormindo. Adoro ver como essa luz natural reflete em seus cabelos dourados. Um anjo envolto em sua áurea de graça e beleza.
“Não estou entendendo. Você... mudou meu quarto pra cá?” Ela parece perplexa.
Explico que apenas recriei o quarto dela baseado na foto. Coloco-a no chão, mas mantenho um braço ao redor de sua cintura.
“Por quê?”
“Quando você sentir vontade de fugir”, digo com um tom de voz suave, acariciando seus cabelos molhado “pode vir até aqui e fechar a porta. Prometo que não vou incomodar até você sair. Assim você pode ter um porto seguro, e eu posso saber que não me deixou”.
“A gente vai continuar dormindo na mesma cama?” pergunta temerosa.
“Todas as noites”. Beijo sua testa a fim de acalmá-la. “De onde você tirou essa ideia? Fale comigo, Eva. O que está passando por essa sua cabecinha linda?”
“O que está passando pela minha cabeça?” explode. “Que porra está acontecendo com a sua? O que você andou fazendo durante os quatro dias que ficamos separados?”
 “Nós nunca nos separamos, Eva”, sibilo entre dentes. Não gosto de usar essa palavra. Nós nos distanciamos, mas nossas almas estão irremediavelmente ligadas para sempre. Será que ela não vê isso?
O telefone toca. É o jantar.
Vou até a porta receber. Quando volto, encontro Eva deitada em seu quarto. Está agarrada a um travesseiro, com os olhos fechados.
Paro ao lado da cama. Ela está de costas para mim. “Por favor, não me faça comer sozinho”.
“Por que não ordena que eu coma com você logo de uma vez?” ironiza.
Respiro fundo e deito a seu lado. Odeio vê-la chateada, e a sensação só piora quando a causa sou eu. Não tive a intenção de magoá-la. Só quero que ela entenda que não posso abrir mão do controle. Ele é essencial em minha vida. Foi assim que me libertei do inferno no qual vivi por tantos anos. Foi isso o que me protegeu. Agora, eu tenho Eva. Não sou mais uma pessoa solitária. Ela abriu um mundo de possibilidades para mim; fez-me enxergar coisas que até então estavam ocultas. E o fato de ela ter sofrido da mesma forma que eu me fez perceber que nossa ligação não era apenas de corpo ou um simples sentimento de posse, mas algo profundo, muito além do que a mente humana é capaz de compreender. O fato de eu querer tomar o controle não significa fazê-la de capacho, mas sim que estarei aqui para cuidar dela, para consolá-la, para amá-la acima de tudo e suprir suas carências. Esse quarto não é uma forma de nos afastar, mas uma garantia de que, apesar de sua reclusão, ela ainda está aqui, comigo. Eu preciso dessa segurança, de saber como ela está, com quem e aonde. Não posso sequer imaginar como seria perdê-la de forma irreversível. Isso me mataria.
O silêncio reina entre nós. Não sei quanto tempo se passa, mas Eva não se vira e permanece em seu mundo particular. Sinto que estamos cada vez mais distantes e isso me aflige. Ficamos longe um do outro por tanto tempo, não quero que isso se repita.
“Eva”, acaricio seu braço por cima do robe de seda com meus dedos. “Não aguento ver você triste. Fale comigo”.
“Não sei o que dizer. Pensei que estávamos finalmente começando a nos entender”, choraminga.
“Não precisa ficar tensa, Eva. Dói muito quando você se afasta de mim”.
De repente ela rola na cama para cima de mim, me deitando de costas. Suas mãos acariciam meu peito e suas unhas deixam marcas por onde passa. Seus quadris começam a se mover incessantemente, seu sexo desnudo sendo esfregado no meu pau.
Porra, essa mulher quer me matar?
Meus olhos ficam fora de foco e começo a ofegar de boca aberta.
“Isto é tão ruim assim pra você?”, pergunta, sem interromper o movimento. “Ou você está deitado aí pensando que não está me satisfazendo só porque eu estou no comando?”
Ruim? Uma mulher fogosa esfregando sua bocetinha molhada e inchada em cima do pau ereto e pronto para o combate de um homem parece ser algo ruim?
Coloco as mãos possessivamente em suas coxas. Óbvio que a posição é indiferente. Eu posso muito bem comandar o ritmo por baixo, sem o menor problema.
“Já falei. Quero você do jeito que for”, minha voz sai rouca de desejo.
“Que seja. Não pense que não sei que você está comandando tudo mesmo por baixo”.
Sorrio convencido. O que posso dizer em minha defesa? Sou um dominante nato. Não dá pra fazer nada quanto a isso.
Deslizando para baixo, ela provoca meu mamilo com a ponta da língua. Estica-se sobre meus quadris e pernas e agarra minha bunda, mantendo-me perto. Puta que pariu... Minha ereção bate continência junto à sua barriga.
“Você vai me castigar me dando prazer?” pergunto baixinho. “Porque você é capaz de fazer isso. Você tem o poder de me deixar de joelhos, Eva”.
Ela solta uma lufada de ar em meu peito. “Quem me dera”.
“Por favor, não fique tão preocupada. Vamos superar isso, assim como todo o resto”.
“Você diz as coisas com tanta certeza”, me encara estreitando os olhos. “Só está querendo provar seu ponto de vista”.
“E você, o seu”, passo a língua por meus lábios ressecados.
A emoção de tê-la de volta me invade. Ao olhar em seus olhos, percebo que finalmente ela compreendeu o propósito desse quarto. Seus sentimentos por mim estão estampados em seu rosto. E com certeza ela sabe que eles são correspondidos com igual ou maior intensidade. Sim, nós nos apaixonamos perdidamente um pelo outro.
Meu pescoço se curva ao primeiro toque dos lábios de Eva em meu peito.
“Oh, Eva”, gemo.
“Prepare-se pra perder a cabeça, senhor Cross”, sussurra sensualmente.
Eu... ah!
Não consigo formular nenhuma frase coerente.
Meu anjo vem pra cima de mim com tudo.

Nada como uma reconciliação quente e romântica como essa para tirar um pouco do gosto amargo que a entojada da Corinne deixou, né? Ai, ai... 
Bom, por hoje é só. Próximo capítulo sai no fim de semana! Boa noite e até breve!

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