domingo, 9 de novembro de 2014

Para Sempre Minha: Capítulo 6 — Refúgio e Fortaleza (Parte 1)

POR FAVOR, LEIAM AS NOTAS EM ITÁLICO NO INÍCIO E NO FIM, POR FAVOR. NÃO PRESPONDEREI A QUESTIONAMENTOS SOBRE O QUE JÁ TIVER DITO AQUI. 
Oi pessoal tudo bem? Desculpem a demora, mas, como deixei claro no grupo e na página, aquelas dores musculares nos braços e nas mãos (especialmente do lado esquerdo, que é o que mais uso) me impediram de terminar o capítulo a tempo.
Obrigada pelos comentários e carinho infinito! Eu já disse que adoro vocês? Porque é verdade!  
Mas, enfim, aqui está o capítulo! Tentei ao máximo não ser repetitiva. Espero que gostem! 
Boa leitura!
“A maior prova de amor é a confiança”.
— Joyce Brothers

Não houve nenhuma tentativa de fuga por parte de Eva. Não que eu realmente esperasse uma, mas é surpreendente constatar que esse tipo de coisa não acontece mais entre nós. Não somos o mesmo casal do início do relacionamento. Ainda estávamos aprendendo a lidar com nossos respectivos passados conturbados, com a aversão que cada um sentia por si próprio, com os obstáculos que pareciam intransponíveis. Além disso, havia a necessidade quase doentia de estarmos perto um do outro o tempo todo, presos em uma bolha que poderia estourar a qualquer momento, devastando a nós dois. E, claro, a falta de confiança. Tanto um no outro quanto em nós mesmos. Em pouco mais de um mês juntos, muitas coisas aconteceram. Coisas que nos modificaram de modo irreversível.
E sei que isso é só o começo.
Após tomar uma chuveirada, Eva se juntou a mim na banheira e começou a me dar banho e lavar meus cabelos. Ela queria retirar de mim qualquer resquício dos momentos de agonia de outrora. Eu estava mais relaxado, meu corpo já não tremia mais, no entanto, a sensação de desolamento por ter quase machucado Eva não se dissipou.
Conversamos um pouco sobre meus pesadelos. Até então, eu nunca havia falado sobre aquilo com ninguém tão abertamente. Era um assunto que eu preferia esquecer, pelo menos durante o tempo em que não era torturado pelos meus fantasmas. Antes de conhecer Eva, eu tentava ignorar o fato de que meu passado estava sempre ali, presente, me ferindo, me lembrando das minhas fraquezas e da inerente vulnerabilidade. Nos sonhos, ele sempre conseguia me fazer sentir aquelas reações que eu não entendia, mas que me agradavam. Mesmo não admitindo, eu gostava das sensações. Eu acordava excitado, apesar do pânico e, muitas vezes, acabei gozando e isso era humilhante para mim. Eu me sentia completamente derrotado. A frieza habitual ostentada na frente dos outros também era uma forma de provar a mim mesmo que, apesar de tudo, eu tinha certo controle em minha vida.  Mas não. Ele me dominava, o tempo todo. No fim, ele sempre ganhava.
Parei para pensar por instante. Só comecei a reagir no sonho após a primeira experiência de ter Eva em meus braços, em minha cama. De um jeito torpe, é como se eu sentisse que, após tantos anos sendo subjulgado, eu pudesse me defender, ou me vingar. Contudo, isso não anulava o fato de que ele ainda tinha poder sobre mim, mesmo não estando mais vivo, e a tristeza por meu anjo acabar sendo o alvo do meu ódio, ainda que fosse inconsciente.
Quando expus a culpa que sentia por ter cedido ao desejo e deixado que ele me seduzisse, Eva perguntou se eu tinha medo de ser homossexual e ainda disse que, se eu realmente fosse, não seria um problema para ela. Nunca me senti atraído por homem algum, então essa não era uma possibilidade. Meu amor por ela aumentou ainda mais ao ouvir aquilo. Sou muito abençoado por tê-la em minha vida. Nunca conheci uma mulher que fosse capaz de aceitar esse tipo de situação de forma tão honesta e imagino que a grande maioria não tivesse uma mente tão aberta e livre de preconceitos assim.
“Meu amor”, ela me deu um beijo carinhosos nos lábios. “Eu só quero ver você feliz. De preferência comigo. E queria muito que parasse de sofrer pelo que aconteceu nessa época. Você foi uma vítima de abuso sexual, e agora é um sobrevivente. Não existe vergonha nenhuma nisso”.
A puxei para os meus braços, mantendo-a ao meu lado na banheira. Se eu tivesse alguma dúvida de que a queria para sempre, teria se dissipado naquele mesmo instante. Nunca ninguém havia se importado com a minha felicidade, apenas com as vantagens que poderiam tirar de mim, das coisas que eu poderia lhes oferecer. A própria Corinne diz me amar quando, na verdade, sente uma obsessão pela minha beleza associada ao seu orgulho de mulher rejeitada. Acho que ela nunca me perguntou se eu estava feliz ou se preocupou com isso. Não que eu tivesse feito o mesmo. Na época, nunca cheguei a pensar por esse lado. E agora, se me perguntassem se sou feliz, diria que não sabia o que era ser feliz até ter Eva em minha vida. E, agora que eu a tenho, farei de tudo não só para mantê-la, como para fazer com que meu anjo se sinta da mesma forma.
Eu estava começando a ficar mais calmo, até entrarmos em um assunto que era extremamente doloroso para mim. Eu não fazia ideia de que o estava bloqueando até ouvir a voz dela.
“Você me disse uma vez que não faz anal”, disse cautelosamente e meu corpo se retesou no mesmo instante. “Mas você... nós”.
“Eu enfiei os dedos e a língua em você”, completei enquanto olhava fixamente para o seu rosto. “E você gostou”.
As duas vezes em que tinha feito isso me vieram à mente: a festa na casa dos Vidal, e a noite anterior à da morte de Nathan, quando tivemos o sexo mais intenso até hoje. Na primeira, fiquei tocado com a forma que ela demonstrava confiar em mim. Foi ali que percebi o que já sabia há certo tempo: Eva precisava ser cuidada, precisava de alguém para tomar as rédeas da situação. Ela queria se submeter por vontade própria, e não por ser obrigada. Após tantos anos achando que queria estar no comando, ela começou a acreditar que necessitava daquilo. Mas a verdade é que sua atitude era uma defesa, pois não confiava suficiente em seus parceiros anteriores para tomar essa dianteira. E isso me deu mais confiança para mostrá-la que eu era a pessoa certa.
Mas a segunda vez foi a mais marcante, pois estávamos quebrando as últimas barreiras, exorcizando os demônios (ou parte deles). Não há nada que eu não me lembre daquela noite. Recordo de cada palavra, cada beijo, cada posição, cada sucção, cada estocada. É como se ainda pudesse sentir a ardência causada pelos seus arranhões em minhas costas. Consigo visualizar seus seios subindo e descendo pela respiração ofegante, o suor cobrindo sua pele avermelhada e febril. E sua entrega total de seu corpo ao meu, sua rendição incondicional. Ela nunca esteve tão entregue como naquele momento. Foi indescritível, transcendental. Essa lembrança trás sempre uma sensação agridoce, por anteceder o dia em que dei a maior prova de amor de que seria capaz. Entretanto, isso custou toda confiança que ela havia depositado em mim, e que talvez jamais recuperasse completamente.
“Mas e você?”
Sua pergunta ambígua me pegou de surpresa. Minha respiração ficou pesada no mesmo instante. Tive uma leve esperança de que estivesse me perguntando se eu havia gostado de ter feito aquilo com ela, mas seus olhos diziam o contrário, confirmando a outra possibilidade de resposta para sua pergunta. A possibilidade que eu nem de longe estava pronto para considerar. Continuei em silêncio, num sinal de que não haveria nada da minha parte em relação ao seu questionamento até que ela explicasse o que realmente quis dizer.
“Eu quero fazer isso com você, Gideon. Se você quiser, é claro”.
Fechei os olhos imediatamente. “Meu anjo”.
Sua mão se fechou ao redor do meu membro e um tremor de excitação perpassou por mim. Porém, quando a ponta seu dedo roçou de leve a abertura do meu ânus, me sobressaltei violentamente e, por extinto, fechei as pernas, impedindo que sua exploração prosseguisse. Meu pau se contorceu e endureceu àquele toque. Não vou negar que a ideia de ser penetrado por trás me excita, mas a forma como fui introduzido a isso me deixou marcas muito profundas. Não que eu tivesse algum preconceito com relação a isso. Um homem não deixa de ser homem ao praticar esse tipo de sexo, nem pode ser considerado gay por isso. Acredito (pelo menos agora) que a cama é um lugar onde tudo é válido quando se está com alguém que se ame e deseje e quando ambos estão de acordo com o que querem fazer. E a ideia de ter a minha mulher me possuindo dessa maneira me deixa com tesão, mas também me apavora. Se isso um dia chegasse a acontecer, significaria me entregar de uma forma que nunca cogitei. Mostrar-me vulnerável como jamais estive. Seria uma luta árdua entre meus demônios e meus desejos.
Ela retirou a mão debaixo do meu corpo e começou a me masturbar ainda mais vigorosamente e beijar minha boca.
“Eu faço qualquer coisa por você. Na nossa cama não existem limites. E nem lembranças. Só nós. Você e eu. E amor. Muito amor”.
Suas palavras despertaram uma excitação atordoante em mim. Enfiei minha língua em sua boca e a beijei com voracidade e fome. Com uma mão apertei ainda mais sua cintura enquanto a outra apertava nossos dedos entrelaçados. A água da banheira se agitava suavemente, acompanhando os movimentos de vai e vem de sua mão em meu membro. Um gemido gutural de puro deleite escapou dos meus lábios e senti seus mamilos se enrijecerem contra meu peito em resposta.
“É minha obrigação dar prazer pra você”, murmurou junto a minha boca. “Nem pense em me impedir”.
Eu tinha que chegar ao ápice. Depois de tudo o que conversamos, eu necessitava de uma prova física da confiança que estava, aos poucos, sendo reconstruída. Uma de esperança me invadiu, pois, se ela queria fazer anal em mim, exorcizar meus demônios, isso significava que ela me queria sem reservas, para sempre.
Gemi novamente, jogando a cabeça para trás. “Me faz gozar”.
“Do jeito que você quiser”.
Eva continuou me masturbando enquanto descia seus lábios pelo meu queixo, pescoço, dando mordidas leves e lambidas luxuriosas por todo caminho. Em seguida, subiu novamente até chegar à minha orelha, cravando seus dentes em meu lóbulo, o que me fez pular de susto e de tesão, pois causou um choque pelo meu corpo. Aquilo deixaria uma marca, e eu não poderia me importar menos.
“Isso meu amor”, sussurrou com uma voz sensual e carregada de promessas. “Se entrega para mim. Mostre o quanto você gosta da minha boca passeando pelo seu corpo, da minha mão no seu pau. Imagina que a minha boceta apertada e molhada de espremendo cada centímetro dele”.
Um grunhido estridente escapou de meus lábios. Ela estava me provocando exatamente como eu faço quando estou no comando. Podia sentir o orgasmo crescendo dentro de mim rapidamente. Meu corpo inteiro vibrava em antecipação. Nenhuma mulher conseguia me fazer gozar apenas me masturbando, pelo menos não a ponto de me deixar louco como eu estava. Levantei minha cabeça e abri os olhos ao ouvir sua voz novamente.
“Olha como a cabeça dele está quase explodindo, garotão”, sussurrou enquanto olhava atentamente para o meu pau e, em seguida levantou seu olhar para mim. A luxúria e a paixão crua que eu via ali potencializaram meu desejo por liberação. Ela me queria em suas mãos, pelos menos naquele momento. E teria. Eu não aguentaria muito mais.
“Deixe-o expelir seu jorro grosso e salgado para mim. Eu quero tanto beber seu gozo. Eu o quero escorrendo pela minha garganta”.
Num átimo ela se abaixou e colocou quase inteiro em sua boca, dando uma chupada vigorosa e o aranhando levemente com os dentes. Soltei um rugido agoniado ao sentir o orgasmo me atravessar como um terremoto. Minha mente não conseguia processar nenhum pensamento coerente. Como um servo obediente, meu corpo se deixou levar pelas sensações alucinantes e caleidoscópicas que somente Eva poderia despertar em mim.
Após ser possuído daquela forma, minha natureza dominante me impeliu a possuí-la de volta. E, foi na cama, que dei a ela uma sucessão de três orgasmos, consecutivamente. Ela dormiu ainda em meus braços e me forcei a ficar acordado, mesmo que estivesse exaurido. Quando vi que meu anjo estava no estágio mais pesado do sono, a levei para seu quarto, a repousei delicadamente na cama e cobri se corpo nu com o lençol. A olhei mais uma vez, e sua expressão serena e satisfeita me prendeu tão fortemente que não consegui simplesmente sair dali. Admirei seu lindo rosto, hipnotizado pela sua beleza clássica e harmoniosa. Uma beleza que eu achava comum demais e que sequer me atraía. Mas tudo com ela é diferente. Há um mistério, uma sensualidade natural e uma energia revigorante que me atraem de uma maneira inexplicável. Eu posso ter um dia de merda, tão ruim a ponto de pensar que nem deveria ter saído de casa. É só por os olhos nela, que toda a tensão se dissipa, todo o estresse se dissolve, e um contentamento além da minha compreensão me invade. É como se tudo no mundo se encaixasse de forma exata e assustadora.
Suspirei ao pensar no quão feliz eu sou. No quão importante essa mulher se tornou para mim e reforçou ainda mais a já certeza de que tudo valia a pena quando se tratava de Eva.
Até mesmo matar outra pessoa.
Voltei para o meu quarto balançando a cabeça, tirando os resquícios de Nathan da minha mente. Meu amor está seguro e isso é tudo o que importa.
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Eu amo o jeito como Eva admira minha beleza física, como se fosse algo mágico e digno de adoração; uma de suas várias maneiras de demonstrar o quanto me ama, bem como seu jeito de afirmar que sou mais do que um homem lindo à sua disposição, e isso me trás uma agradável satisfação. E me enchi disso no momento em que Eva me pediu para usar a gravata azul que, segundo ela, combina com meus olhos.
“Eu gosto dos seus olhos, são lindos”, deu de ombros, quando me viu a encarando.
Peguei a dita gravata e o terno cinza chumbo que me fazia lembrar os olhos dela. Enquanto estava escolhendo os ternos para passar a semana, vi que ele era perfeito apenas por me lembrar da pessoa mais importante da minha vida e do que ela me fazia sentir. E eu o selecionei para hoje pelo mesmo motivo. Quando disse lhe disse isso, um sorriso se abriu em seu rosto magnífico e suas pernas balançavam no ar, já que não alcançam o chão quando se senta na cama. Ela estava feliz e isso era óbvio. Não resisti. Deixei as roupas em cima da cama, cheguei mais perto dela e aninhei seu rosto em minhas mãos, acariciando suas sobrancelhas com meus polegares.
“Uma cor tão bonita, um tom acinzentado. E eles são tão expressivos”, elogiei.
“Isso é uma tremenda desvantagem pra mim. Nunca consigo esconder nada, enquanto você consegue esconder perfeitamente suas emoções”, murmurou amuada.
Inclinei-me para beijar sua testa. “E mesmo assim você sempre acaba descobrindo tudo”, e me afastei para me vestir.
“Isso é o que você diz”, gracejou. “Queria te pedir uma coisa”.
“Qualquer coisa”, eu disse enquanto vestia a camisa.
“Se você precisar de companhia pra ir a algum lugar e eu não puder ir, leva a Ireland”.
Novamente, meu anjo me pegou de surpresa. Ireland? Já tem um tempo que não nos falamos . Ela está atarefada com a escola e eu com meu trabalho e com Eva. Trocamos algumas mensagens, no entanto esse hábito se perdeu. A princípio me recusei a atender ao pedido de Eva, porque mesmo conhecendo um pouco mais minha irmã agora, e sabendo que ela aceitaria se eu a convidasse, ficava receoso ao imaginá-la com cara de tédio ao meu lado. 

Ainda não estou pronto para contar o quanto nossa relação avançou. Não que eu não confie em Eva, mas ainda tínhamos muitas coisas pendentes antes de entrarmos em outros detalhes. Além do mais, meu orgulho ridículo de homem das cavernas ainda teimava em se recusar a admitir que foi uma garotinha de 17 anos quem me fez enxergar que eu poderia ser amado além da minha aparência e além da minha riqueza. Isso ainda mexe um pouco com minha fragilidade, portanto, esse segredo de mim não sai. Agora não.
Ela insistiu tanto sobre levar Ireland como minha companhia nos eventos que acabei cedendo. Seu sorrisinho de quem consegue o que quer me deixou meio puto. Não me entenda mal, eu amor minha mulher, mas quando quer esfregar a verdade em sua cara, ela o faz com maestria, e ainda se gaba.
“E pode ir tirando esse sorrisinho da cara”, murmurei.
“E se eu não quiser?” disse petulante.
Seu jeitinho atrevido me irritou e me excitou.
Nem parecia que eu tinha gozado umas duas vezes depois de acordar.
Meus olhos se estreitaram na direção da abertura do robe, que exibia suas pernas descobertas. Tudo o que eu pensava era no quanto eu queria ter essa visão para o resto da minha vida. E a rotina, claro: acordar, transar, tomar banho e fazer uma rapidinha contra a parede azulejada do box, me vestir, trocar beijos com ela a caminho do trabalho (e transar também, porque não?), ganhar meus milhões, ir com ela para academia no fim do expediente, gastar bastante energia enquanto admiro/vigio minha mulher se exercitando, voltar para casa, correr para o chuveiro, transar, de novo, jantar, ir para a cama, e transar mais duas vezes antes de cair exausto na cama. Eu posso facilmente me acostumar com isso durante a semana. Os fins de semana poderiam ser transando também, entre um passeio, um jantar, dentro da limosine ou durante uma viagem.
Ah, se isso não é vida boa, então não sei o que é.
“Não me venha com ideias, garotão. A gente já fez isso hoje”, sua voz me tirou de meus pensamentos.
“Você tem passaporte?”, perguntei apenas para garantir.
 “Sim. Por quê?” enrugou a testa em confusão.
 “Você vai precisar”, respondi pegando a gravata.
 “Pra quê?” seus olhos brilharam.
“Pra viajar”, é óbvio. As vezes a empolgação de Eva prejudicava seu raciocínio. Não que fosse preocupante ou relevante, claro.
“Não me diga” ficou de pé num átimo. “Viajar pra onde?”
Encarei seu rosto alegre pensando no quanto eu a deixaria feliz durante nossa viagem para o Caribe.
“Pra um lugar”.
Um lugar onde eu finalmente te farei minha por completo e para sempre.
“Você vai me despachar pra um lugar desconhecido?” perguntou pensativa.
“Quem me dera”, murmurei. “Eu e você numa ilha deserta, onde pudéssemos ficar pelados o tempo todo e transarmos quando quiséssemos”, pensei imediatamente na praia particular. Não era tão bom quanto estar em um lugar totalmente deserto só com meu anjo, mas já era alguma coisa.
“Queimada de sol e toda assada. Que delícia”, ironizou enquanto me olhava atravessado. Foi impossível não rir.
Depois disso, voltei minha atenção para minhas roupas e comentei que queria ficar com ela hoje novamente. Ela me acusou (como se não adorasse a ideia) de querer comê-la de novo. Provoquei de volta, repetindo suas palavras — sem a parte dos gemidos — de ontem a noite, enquanto me implorava para não parar.
E o que a diaba fez? Deu uma risadinha debochada, colocou sua inseparável caneca de café no criado-mudo e tirou seu robe de seda, ficando gloriosamente nua. E, caralho, como a minha namorada é gostosa! Eu tirei a sorte grande mesmo!
Tentei agarrá-la, mas ela conseguiu se esquivar e foi direto para a gaveta onde os lingeries que comprei para ela ficam guardados. Sem deixar barato, fiquei atrás dela e apertei seus seios com as duas mãos.
“A gente podia relembrar”, provoquei.
“Você não precisa trabalhar? Porque eu preciso”, disse pegando um conjunto de lingerie que comprei a ela e que, coincidentemente, é um de meus favoritos.
Apertei seu corpo junto ao meu. “Vem trabalhar comigo”.
“E ficar servindo cafezinho enquanto espero você me comer?”
“Estou falando sério”, mudei o tom de voz.
“Eu também”, ela se virou tão rápido que derrubou sua bolsa no chão.
E então, começamos uma profunda discussão sobre o assunto. Eu já vinha remoendo essa possibilidade há um tempo. Eva é inteligente demais. Vi as notas dela e fiquei admirado com suas conquistas nos tempos de faculdade. Apesar da vida pessoal atribulada, ela era uma excelente aluna. E seu trabalho final recebeu nota máxima. Um verdadeiro talento em ascensão que está sendo ridiculamente desperdiçado como secretária de um executivo júnior. Não estou menosprezando seu trabalho. Claro, começamos sempre debaixo mesmo. E sabia que isso é muito importante para Eva.
Ela é rica e poderia ter o emprego que quiser, poderia abusar da influência de Stanton e até mesmo da minha. Só que tinha o desejo inabalável de provar que pode ser independente apesar do dinheiro que já possui. Quer crescer por conta própria e não porque tem alguém esquentando suas costas. Isso é realmente incrível e é uma das coisas que mais admiro nela, além seu caráter e de sua capacidade de ver as pessoas além do status. No entanto, a parte que me irrita é ela se contentar com esse pouco quando seu potencial indica que pode alçar voos mais altos. Não é questão de dinheiro, mas sim de qualidade de trabalho. E eu sei que ela possui essa qualidade. Só precisa admitir isso para si mesma e se permitir ser um pouco mais ambiciosa.
Vi que Eva começou a ficar irritada com a minha insistência, então deixei o assunto de lado. Mas com certeza, ele virá à tona novamente. Se vamos ficar juntos, tem que ser em todos os sentidos. Não quero uma esposa troféu, mas uma companheira nos negócios e na vida.
“Isso é importante pra você”, afirmou.
Claro que é. A gente vai precisar de muito esforço se quiser ter um futuro juntos. E isso é um passo nessa direção”, expliquei.
Ela balançou a cabeça, parecendo relutante. “Preciso ser independente”.
Eu a agarrei pela nuca e a puxei para ainda mais perto. “Tenha sempre em mente o que é mais importante. Se você trabalhar direito e tiver talento, é nisso que as pessoas vão basear seu julgamento”.
“Preciso me vestir pra ir trabalhar”, desconversou.
Beijei seus lábios de leve em sinal de que o assunto havia se encerrado e a soltei.
Ela se abaixou para pegar sua bolsa e vi que suas coisas se espalharam pelo chão. Me abaixei para ajudá-la. Quando nossos olhos se cruzaram, percebi um brilho de terror nos seus.
“O que é isso?” perguntou se referindo ao espelho portátil quebrado em sua mão.
Uma fiação elétrica se sobressaía ao plástico já partido. Peguei o objeto de sua mão e o quebrei ainda mais, encontrando um microship e uma antena.
“Uma escuta, talvez. Ou um rastreador”, olhei intrigado para o objeto.
Seu arfar de horror me fez voltar os olhos para ela. “É da polícia?”, moveu os lábios sem emitir som.
Expliquei que havia bloqueadores de sinal no apartamento. Além do mais nenhum juiz autorizaria a polícia a colocá-la sob vigilância. Ela não era uma suspeita.
“Meu Deus”, ela caiu sentada no chão, completamente atordoada.
Eu disse que iria mandar minha equipe dar uma olhada, porém um pensamento passou pela minha mente, e àquela altura, parecia ser o mais lógico.
Agachei-me e tirei algumas mexas de cabelo de seu rosto. “Não poderia ter sido sua mãe?”
Ela me encarou assustada e incrédula.
Eva...”, tentei acalmá-la e estendi a mão para ajudá-la para se levantar.
Aceitando minha ajuda, ela se ergueu e, em sua outra mão, segurava firmemente seu celular. Começou a vasculhar sua agenda e, em seguida, pôs o aparelho na orelha. Ela iria ligar para Clancy, eu tinha certeza. Só ele poderia ter feito esse tipo de trabalho.
Escutei a conversa unilateral e a vi ficar puta, indignada e com raiva. Ela bufava e falava de forma ríspida. Seu rosto estava muito vermelho.
“O problema não é o rastreador! Isso eu entendo. É a parte de não me dizer nada a respeito que me irrita. Estou me sentindo violada, Clancy”.
Ele disse algo e ela respondeu.
“Sou uma mulher adulta! Sou eu que tenho que decidir se vou ficar preocupada ou não”.
Ela me olhou bem nos olhos quando disse isso, me fazendo entender que suas palavras também valiam para mim. Apenas arqueei a sobrancelha em sinal de entendimento.
Estou tentando parar de esconder as coisas dela. Pelo menos a maior parte delas. Mas sua segurança era indiscutível para mim. Sei que fiz praticamente a mesma coisa ao designar seguranças para protegê-la, e não tinha o direito de julgar Monica. Nem a recriminaria.
Após encerrar sua conversa com Clancy, ela digitou algo em seu celular e, após isso, seus ombros caíram em frustração.
“Meu anjo”, eu odiei vê-la assim.
Ela me lançou um olhar cortante. “Nem tente vir se justificar... nem por você e nem por ela”.
Eu a entendia, mas não iria dizer que o que fiz foi errado. Lutamos com as armas que temos, principalmente quando se trata de alguém que amamos.
“Eu estava ao seu lado no dia em que você ficou sabendo que Nathan estava em Nova York. Vi muito bem a expressão no seu rosto. Qualquer um que amasse você faria de tudo pra evitar aquilo”, expliquei.
Sua expressão se suavizou e sua mão alcançou a minha a apertando com força.  “Eu queria poder fazer o mesmo por você”.
“Eu já exorcizei os meus demônios”, eu falei. Não todos, mas boa parte deles.
“E o meu também”, afirmou. E

Ela me pediu para voltar a ver o Dr. Petersen e avisei que havia ido até lá na terça.
“É mesmo?” Ela demonstrou uma enorme surpresa ao saber disso.
“Ah, sim. Só deixei de ir a uma consulta”.
Suas feições demonstraram exatamente quando ela se lembrou do dia em que matei Nathan.
Acariciei as costas da sua mão com o polegar. “Agora somos só eu e você”.
O assunto foi encerrado e fomos terminar de nos arrumar para ir ao trabalho. Fui com Raul, e ela com Angus.
Queria que pudéssemos ter ido juntos. Eu teria colocado-a em meu colo e lhe daria o apoio e o carinho que sei que ela precisava naquele momento. Sua animação se desvaneceu e uma carranca melancólica preencheu suas feições. E isso me deixou tão arrasado quanto. Se meu anjo está bem, eu não fico bem.
<<<>>> 
Meu dia no trabalho já começa estressante. Estou tentando vender asações de um cassino em Madri do qual sou sócio e, até o momento, as propostas não me atraem em nada. No meio disso tudo, Scott me interfona avisando que há uma encomenda para mim. Intrigado, mando-o entrar.
De repente, uma proposta aparece na tela de negociação: é ninguém mais ninguém menos que Jean-François Giroux me oferecendo a La Rose Noir, uma vinícola localizada na cidade de Bordeaux. Já tinha um tempo que eu queria adquiri-la, mas nunca surgiu uma oportunidade. Tenho que admitir que, apesar das rixas pessoais (da parte dele, claro, já que eu não tinha motivo algum para ser inimigo dele), o homem sabe negociar. Nunca escondi meu interesse pelo lugar e ele se aproveitou disso para fazer a proposta. Foi uma excelente jogada. Estou prestes a fechar a “troca” quando uma batida na porta faz alarde. Autorizo a entrada e meu secretário aparece com um buquê de rosas vermelho escuras de caule longo. Arregalo os olhos e a primeira coisa que me vem à mente é o rosto do meu anjo.
Eva está aprontando novamente.
Scott o entrega a mim. Seu rosto expressa uma carranca contida de divertimento. Em seguida, ele sai discretamente.
Ainda um pouco surpreso e com lembranças de um tempo não muito distante nas quais vivenciei a mesma situação de agora, pego o cartão em meio as rosas e abro. Um riso incontrolável escapa dos meus lábios ao reconhecer a letra de Angus:
Estou presa no seu feitiço. Não consigo parar de pensar em você.
Meu anjo nunca para de me surpreender. E eu adoro isso. Meu coração se acelera como o de uma menininha. Ah, se Arnoldo me visse agora. Não teria paz pelo resto da vida!
Eva me deixa apaixonado a cada momento que passa. E acho que isso nunca iria parar. Sinto-me cada vez mais preso, mais envolvido. E sem vontade alguma de me libertar. Ela é meu sonho realizado, meu porto seguro em meio ao caos.
Fiquei pensando no que responder, porque sou uma grande merda com essa coisa de romantismo. Remoí algumas palavras, escrevi, depois rabisquei e joguei no lixo. Olhei para as rosas e prestei a atenção nas sensações que me invadiram ao recebê-las e ao ler o cartão. Então escrevi a primeira coisa que me veio à cabeça.
O FEITIÇO É TODO SEU.
FAZ MEUS SONHOS VIRAREM REALIDADE.
BJ
Lacro o a mensagem num envelope e chamo Scott para enviá-lo pela correspondência interna do prédio. Ele vem já trazendo um vaso para colocar as flores.
A eficiência desse rapaz é impressionante.
Assim que ele sai, aceito a resposta de Giroux e acerto os detalhes da compra. Em uma semana, toda a documentação necessária estará em nossas mãos.
Recosto-me no encosto de minha poltrona e fecho os olhos, pensando na sorte que ela me dá e no sortudo que sou por tê-la.
Porém meu momento de paz é perturbado pelo apito do interfone. Aperto o botão.
“Sim, Scott?”
Senhor Cross, há uma pessoa querendo falar com o senhor. Não tem hora marcada, mas acho que o senhor irá querer recebê-la”.
“Quem?” franzo o cenho.
“A senhorita Magdalene Perez”.
Olho para o interfone, paralisado. Não de medo, mas de angustia. 

O que será que ela quer?

AVISO SOBRE PRÓXIMA POSTAGEM: não tem previsão. Esse mês será corrido, pois é fim de período e tenho que trabalhar dobrado.  
E não deixem de participar do sorteio lá na minha página (Tammy Kesher), para concorrer as fanfics 'Toda Minha' e 'Profundamente Minha' impressas em capa dura e com dedicatória exclusiva!  
E então?? Gostaram? Espero que sim! Deixem seus comentários e votos! Beijo grande e até a próxima.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Tammy. Não consigo ver por inteiro todos os capítulos. .. Ajuda