sábado, 1 de novembro de 2014

Toda Minha: Capítulo 13 — Eu te amo

Espero que gostem das várias mudanças que fiz nesse capítulo!Boa leitura!


“Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar”. 
—Machado de Assis

Comprovado: ninguém faz um boquete melhor que Eva. Sua intenção de me enlouquecer foi cumprida com méritos. Vê-la cavalgar com força em cima de mim, comandando o ritmo, foi realmente sensacional. Após sua deliciosa tentativa de provar seu ponto de vista, tivemos um jantar muito agradável regado a brincadeiras que incluíram um comentário espirituoso de Eva acerca de minha fortuna: “Seu dinheiro só me interessa se você puder parar de trabalhar e virar meu escravo sexual”. Sim eu concordo, não poderia ter encontrado alguém melhor para mim. Ela só quer o meu corpo nu e isso lhe basta. Pois estarei sempre pronto para fodê-la incansavelmente, basta dizer o dia, a hora e o lugar.
No entanto um ponto da nossa conversa me deixou incomodado: sua mania de sabotar a própria autoestima. Quer dizer, eu tenho uma namorada linda, gostosa, divertida, encantadora, super boa de cama e que acima de tudo, gosta de mim apesar de eu ser um baita de um merda com ela na maior parte do tempo. Enfim, que papo foi aquele de vida sexual insatisfatória? Tem muitas coisas que são insatisfatórias em minha vida, mas o sexo com Eva com certeza, em hipótese alguma, é uma delas. Quer dizer, essa mulher me mata de tesão só estando viva! E sua insegurança momentânea nada mais foi do que a prova do meu ponto de vista: por mais que tenha ficado satisfeita por ter me feito gozar duas vezes, ela ainda estava a fim de se entregar para mim e me deixar tomar a responsabilidade pelo nosso prazer, porque só assim ela consegue acreditar no que sinto. A cara de peixinho dourado que ela fez quando eu disse que não iria comê-la foi impagável. Aquela foi minha deixa para dar-lhe o segundo presente da noite...

FLASHBACK
“Espere aqui”, eu disse saindo da mesa.
Fui até o quarto e tirei de uma de minhas gavetas do closet a caixinha com o anel. Voltei para a sala de jantar e a depositei ao lado de seu prato e retornei ao meu assento. O olhar de Eva, a princípio era de puro medo e depois mudou para ansiedade. Seu corpo inteiro tremia e, desnorteada, olhou para mim, como se eu fosse resolver o problema da fome no mundo. Acariciei seu rosto com meus dedos e expliquei que não era um anel de noivado, pois ela não estava pronta para dar um passo tão grande. Aquilo pareceu acalmá-la um pouco e acabou concordando com um aceno de cabeça.
“Abra”, falei.
Ela abriu a tampa devagar e então suspirou alto. Ficou olhando para a joia por um tempo e em seguida murmurou “amarras”, referindo-se as cruzes incrustadas entre as camadas do anel.
“Não exatamente”, intervi. “Vejo a corda como uma representação de suas múltiplas camadas, não como uma amarra. E, sim, as cruzes são as intersecções entre mim e você. Nossos dedos entrelaçados”, emse seguida terminei de tomar meu vinho e reabasteci nossas taças.
Eva parecia estar em uma batalha interna consigo mesma sobre minha atitude. Vários sentimentos lhe perpassaram: confusão, inquietação, angústia e surpresa. Fiquei calado, esperando pacientemente que ela se manifestasse.
“Você devolveu minhas chaves”, sussurrou.
Ah, sim. Era isso que a estava confundindo. Estendi minha mão e a pus sobre a dela.
“Fiz isso por várias razões. Você saiu daqui vestindo apenas um robe, Eva, e sem as chaves de casa. Não gosto nem de imaginar o que teria acontecido se Cary não estivesse em casa pra abrir a porta pra você assim que chegou lá”, finalizei com certa aflição na voz, porque várias situações nada agradáveis perpassaram minha mente.
Ela levou minha mão à sua boca e a beijou, depois a largou e fechou a caixinha, sem tirar o anel de lá. “Obrigada, Gideon. É lindo”.
“Mas você não vai usar”, comentei. E essa constatação me deixou bem decepcionado.
“Depois do que falamos hoje, fica parecendo uma coleira”.
Tive que concordar.
De repente, seus olhos são tomados por uma tristeza profunda e sua respiração rasa indica que uma nova onda de baixa autoestima vem por aí.
“Sinto que estou decepcionando você, Gideon. Depois de tudo o que conversamos hoje... Acho que é o início do fim”.
Imediatamente levantei da cadeira, me inclinei em sua direção e acariciei seu rosto.
“Não é”, nunca seria. E ela precisava ter certeza disso.
“Quando vamos falar com o doutor Petersen?”
“Eu vou sozinho às terças. Quando você conversar com ele e topar fazer a terapia de casal, podemos ir juntos as quintas”.
“Duas horas por semana, toda semana. Sem contar o trajeto de ida e volta. É um compromisso e tanto. Obrigada”, disse ela se inclinando e tirando o cabelo do meu rosto.
“Não é sacrifício nenhum, Eva”, beijei a palma de sua mão.
Será que ela não entende que não há nada que eu não faria para mantê-la ao meu lado?
Em seguida voltei para meu escritório para trabalhar um pouco antes de ir dormir. Todos esses quatro dolorosos dias de reclusão deixaram suas consequências na quantidade de trabalho que eu tinha para adiantar.
FIM DO FLASHBACK

Não tenho noção das horas. Ainda está escuro. Estou confuso por acordar assim, do nada, mas assim que olho para o lado vejo o que me despertou: a atração fatal e intensa pelo meu anjo que, nesse momento está sentada de costas para mim, admirando a caixinha com o anel. Simplesmente linda. Seu corpo nu e translúcido iluminado apenas pela luz cálida da lua. Meu pau se movimenta pronto para a ação. Mas me permito parar por um tempo e admirá-la. Eva sempre faz isso comigo e quase nunca tenho a chance de retribuir o favor. A caixinha é aberta e ouço seu suspiro trêmulo. Para minha total alegria, ela o coloca no anelar da mão direita.
“Você gostou, Eva?”
Seu corpo treme ao som da minha voz.
“Eu amei” sussurra. Sua voz está carregada de desejo.
Ela põe a caixinha de volta em cima do criado mudo e se volta para mim. Seus olhos acinzentados têm um brilho intenso, incandescente. Ah, essa mulher está morrendo de tesão e está louquinha para gozar nas minhas mãos. E eu estou prontinho para lhe dar isso. Levanto sua mão e beijo o anel. Sua atitude de colocá-lo prova que está cedendo.
Ela se joga em cima de mim, envolvendo seus braços em meus ombros.
“Me use como quiser. Carta branca”, geme.
Fico deliciado em vê-la finalmente se submetendo a mim. Agarro sua bunda e a aperto bem forte. “Como você se sente dizendo isso?”
“É quase tão bom quanto a sensação que vou sentir quando você me fizer gozar”.
“Ah, um desafio”, começo a roçar de leve a língua nos seus lábios, deliberadamente negando-lhe o beijo.
“Gideon!”
“Deite-se de costas, meu anjo, e agarre o travesseiro com as duas mãos”, comando abrindo um sorriso perverso. “Não solte por motivo nenhum. Entendeu?”
Ela obedece. Como é bom vê-la assim, rendida! Chuto as cobertas para o pé da cama e a mando abrir as pernas e segurar os joelhos. O corpo inteiro de Eva responde as minhas ordens. Seus mamilos rosados endurecem, seus pelos se eriçam, sua boca resseca. Ela está ofegante.
Abaixo-me para ter uma visão de dar água na boca: sua bocetinha está brilhante de tão melada, seus lábios vaginais estão inchados e seu clitóris pisca por atenção. Enfio um dedo firme em sua entrada.
“Oh, Eva, olhe só como você está faminta por mim. Manter essa bocetinha linda satisfeita é um trabalho de tempo integral”.
Seus tecidos mastigam meu dedo e, vendo que ela quase goza, o retiro. Chupo-o para sentir o gosto de excitação: doce, quente, delicioso. Sues quadris se remexem de maneira insana.
“É culpa sua se estou com tanto tesão”, diz quase sem fôlego. “Você deixou de cumprir sua obrigação durante vários dias”.
“Então é melhor compensar o tempo perdido”.
Deito de bruços, posicionando meus ombros sob suas coxas. Contorno a entrada de sua vagina com a ponta da língua uma, duas, três vezes, sem dar atenção a seu clitóris pulsante.
“Gideon, por favor”, implora num fio de voz.
“Shh. Primeiro preciso deixar você pronta”.
“Estou pronta. Desde antes de você acordar”.
 “Então deveria ter me acordado mais cedo. Vou estar sempre à disposição pra você, Eva. Eu vivo pra agradar você”.
Ser acordado no meio da noite por minha namorada implorando para ser comida vorazmente? Não soa como um incômodo para mim. Não mesmo.
Eva geme e rebola como uma louca contra minha língua. Vendo que ela está pronta, avanço para cima de seu corpo, apoiando meus antebraços na cama, alinhando meu enorme talento em frente à sua bocetinha ensopada.
“Agora”, diz sem fôlego.
E então em uma estocada profunda, a penetro, fazendo-a afundar na cama.
“Ai, nossa”, solta quase gritando.
“Não goze agora”, sussurro em sua orelha, agarrando seus seios e torcendo de leve seus mamilos com os polegares e os indicadores. 
“O quê?” pergunta assustada.
“E não largue o travesseiro”, ordeno ignorando sua indagação.
Para provocá-la, começo a investir contra sua boceta vagarosamente.
“Você vai gostar”, digo acariciando a parte de trás de sua orelha com o nariz.
“Você adora agarrar meu cabelo e cravar as unhas nas minhas costas”, continuo a sussurrar em seu ouvido. “E, quando está prestes a gozar, gosta de apertar minha bunda e me puxar ainda mais pra dentro. Fico com muito tesão quando te vejo enlouquecer desse jeito, mostrando como gosta de me ter dentro de você”.
“Não é justo. É tortura”, choraminga.
“Ninguém nunca perde por esperar”, sorrio.
Contorno com a língua a parte de fora de sua orelha, depois a mergulho lá para dentro ao mesmo tempo em que belisco seus mamilos. Seu corpo afunda na cama quando invisto contra ela novamente, dessa vez com mais força, fazendo a ponta do meu pênis acariciar seu ponto G. Começo a remexer os quadris de forma a explorar outras partes, alargando sua abertura apertada. Ela está entregue, vulnerável, completamente sem fôlego e fazendo uma força enorme para não gozar. O prazer está mais do que evidente em seu rosto.
“Não goze”, repito. “Faça este momento durar”.
“Eu n-não consigo. É bom demais. Minha nossa, Gideon... Estou... Atordoada por você”. As lágrimas escorrem do canto de seus olhos.
Seu estado de excitação e suas palavras são tudo o que eu preciso. Estamos mais ligados do que nunca. Nossas almas completando uma a outra. Nossos corações batendo no mesmo ritmo.
“Oh, Eva. Devo ter desejado você com tanta força e com tanta frequência que tudo acabou virando realidade”, digo acariciando meu rosto com o dela.
“Por favor, mais devagar”, implora baixinho.
Olho para ela e belisco seu mamilo com mais força, de forma a lhe causar uma leve pontada de dor. Continuo a estocar forte dentro dela.
“Por favor”, pede mais uma vez, tremendo por causa do esforço para adiar o clímax. “Se você não for mais devagar vou gozar”.
Continuo a olhá-la intensamente e provoco mais. “Você não quer gozar, Eva? Não é por isso que você está esperando a noite toda?”
Quero ouvi-la dizer, quero ouvi-la admitir. Eu preciso disso. Percorro sua garganta com os lábios e sua cabeça pende para trás.
“Só quando você deixar”, responde sem fôlego. “Só... Quando você mandar.”
“Meu anjo”, suspiro. Removo alguns fios de cabelo grudados em sua testa e a beijo profundamente.
Ela finalmente se rende de corpo e alma, admite sua dependência e me dá o controle da relação. Isso significa muito para mim.
“Goze pra mim”, murmuro acelerando o ritmo. “Goze, Eva”.
No momento seguinte ela explode. Seu corpo sacude violentamente enquanto o orgasmo toma conta de seu corpo como fogo se alastrando pela palha. Sua boceta aperta meu pau com força e seu ventre enrijece. Ela solta um grito agonizante que se alterna entre grunhidos sem sentido e meu nome. Quanto mais estoco dentro dela, prolongando o clímax, mais ela me chama. Continuo investindo sem parar e ela tem outro orgasmo. 
“Me pegue, me aperte”, ordeno.
Eva se agarra ao meu corpo suado com os braços e as pernas. Assim, começo a meter com força, perseguindo meu orgasmo vorazmente. Solto um rugido alto ao gozar, jogando a cabeça para trás. Libero um jorro grosso e quente dentro dela e essa sensação dura um bom tempo. Meu pau fica abrigado em sua entrada, enquanto nos recuperamos. Assim que nossos corpos esfriam e nossa respiração volta ao normal, saio de cima dela e me coloco de lado, trazendo-a de costas de encontro ao meu peito.
“Agora durma”, sussurro.
E a inconsciência a toma de imediato, nem lhe dando a chance de responder.
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Senti tanta falta de acordar com Eva do meu lado, que a partir de agora, esse hábito será frequente. Essa é uma das coisas das quais nunca abrirei mão. É como se meus dias, antes vazios, ganhassem significado, pois agora encontrei o meu lugar, encontrei a razão da minha existência, que até então, eu julgava inútil.
Quando abriu uma das gavetas que lhe reservei e viu todos os produtos de beleza e higiene pessoal que costuma usar, ela nada disse. Mas com certeza se perguntou como eu teria descoberto. Não preciso contar que tenho extratos de todas as suas compras com os cartões de crédito. Minha intenção não é espionar, mas sim garantir que se nada lhe falte, mesmo que para isso eu tenha que invadir sua privacidade. Não vejo problema nisso. Só quero agradá-la e mimá-la.
Eva me ajudou a vestir um terno cinza claro Salvatore Ferragamo e, pela sua cara, foi uma experiência muito interessante. Parecia uma criança que viu o Papai Noel em pessoa. Não parava de sorrir. Uma coisa linda de se ver. E me deixou com um tesão violento também. Ela vestiu uma das roupas que lhe comprei: um vestido preto justo com risca de giz, que acentuava suas belas curvas, um cinto azul que, segundo ela lembra a cor dos meus olhos (adoro quando ela pensa em mim mesmo nas pequenas coisas) e sapatos de salto. E para o bem da minha sanidade mental, não teve meia-calça e cinta-liga.
Ou nenhum de nós não sairia para trabalhar.
Já dentro do Bentley, com Angus dirigindo bravamente pelo trânsito caótico de Nova York, estamos abraçados e com nossas mãos entrelaçadas. Ver o anel em seu dedo me trás uma paz enorme, que nunca havia sentido antes, e a certeza de que essa linda mulher é minha, só minha.
Estou brincando com o anel em seu dedo quando o carro sacode levemente ao passar por um buraco. Instintivamente a aperto mais em meu abraço.
“Quais são seus planos para depois do trabalho?” pergunto.
“Hoje começam minhas aulas de krav maga”, ela soa bem animada com isso.
“Ah, é verdade. Você sabe que vou querer ver você aprendendo os golpes. Só de pensar já fico com tesão”, provoco roçando os lábios em seus cabelos.
“Já não ficou bem claro que qualquer coisa deixa você com tesão?” brinca me cutucando com o cotovelo.
“Qualquer coisa relacionada a você, o que é bom para nós dois, já que você é insaciável. Me mande uma mensagem quando terminar a aula e eu passo na sua casa”.
Ela assente e começa a revirar sua bolsa e de lá tira o celular. Eva está compenetradíssima olhando para o visor e isso me deixa curioso. Olho por cima de seu ombro e a vejo assistindo um vídeo.
“O que é isso?” pergunto com os lábios ainda colados em seus cabelos.
Observando mais atentamente, vejo... Magdalene e Christopher? Franzo o cenho. Ela está chorando desoladamente e ele tenta consolá-la com beijos e carícias. O vídeo foi gravado no dia da festa. Estavam no labirinto de plantas no jardim falando sobre mim e Eva, dizendo que ela estava usando seu corpo para faturar alguns milhões às minhas custas.
Não se preocupe, você sabe que o interesse de Gideon nunca dura muito”, diz o bastardinho com uma voz mansa.
Com ela é diferente. Acho... Acho que ele está apaixonado”, replica Maggie aos soluços.
Ele dá um beijo na testa dela. “Ela não faz o tipo dele”.
Eva aperta meus dedos entre os seus como se agora tivesse entendido o motivo de eu a querer longe dele.
O comportamento de Magdalene vai mudando até se render completamente à sedução barata de meu irmão e, ao ver que ela está absorta e vulnerável, ele levanta seu vestido e... Transa com ela ali mesmo. Sinto um golpe na costela por ver minha amiga ser usada daquela forma. É nítido que aquele ser desprezível está se aproveitando de seu momento de fraqueza. Me sinto impotente e triste. Que ele não presta não é novidade, mas nunca pensei que ele seria capaz de fazer algo tão baixo com alguém tão próximo de nós como Magdalene. Sua intenção, é claro, é magoar todas as pessoas ao meu redor, tentar me afetar de todas as formas possíveis.
Felizmente, a bateria do celular acaba e a tela se apaga.
“Credo, que horror. Sinto até pena dela”, Eva sussurra completamente chocada.
“Esse é o Christopher”, bufo de raiva.
“Que filho da puta. Aquele olhar pretensioso na cara dele... Eca”, estremece, largando o celular no banco.
“Pensei que com Maggie ele não faria nada”, murmuro beijando seus cabelos. “Nossas mães são amigas há anos. Acho que esqueci como ele me odeia”.
“Por quê?”
Por um momento, penso em contar a verdade, mas não toda.
“Ele acha que não recebeu atenção suficiente quando éramos crianças, porque estava todo mundo preocupado em saber como eu me sentia depois do suicídio de meu pai. Então ele quer tirar o que tenho. Tudo o que puder”, explico um tanto irritado.
A ideia de que aquele pentelho possa aprontar para cima de Eva me deixa em vias de fúria assassina. Sinto seus pequenos braços me envolverem por baixo do paletó, uma mania que ela tem. O calor que emana de seu corpo me acalma.
“Gideon?”
“Hã?”
Ela se afasta e me encara. Em seus olhos um brilho de admiração e carinho. Estende a mão e acaricia minhas sobrancelhas com o dedo.
“Eu te amo”.
Meu corpo inteiro chacoalha com essa revelação.
“Eu não queria assustar você”, diz rapidamente virando o rosto para o lado. “Você não precisa fazer nada a respeito. Só não aguentava mais esconder como me sinto. Agora você já sabe”.
Ela me... Ela me ama?
Céus, ela me ama?
De verdade?
Como as pessoas amam as pessoas amadas?
Que merda de pensamento idiota foi esse, Gideon?
Aquelas três pequenas palavras saídas de sua boca me afetam de tal forma que nem consigo formular uma frase que realmente faça sentido.
Automaticamente agarro sua nuca com uma mão e, com a outra, pego firmemente sua cintura, deixando-a imobilizada e colada ao meu corpo. O amor de Eva é tudo o que eu mais quero; aquilo que eu mais almejo desde que nosso envolvimento se tornou mais sério. Talvez, no fundo, desde quando a vi pela primeira vez, eu já necessitava de seu amor. Agora, mais do que nunca, não posso perdê-la, nunca. Não posso respirar sem ela, não posso falhar novamente. Lutarei com todas as minhas forças para fazer nossa relação dar certo. Cuidarei dela sempre. Abrirei mão do que for por ela.
Quando o carro para em frente ao Crossfire, relutamente, solto Eva de meu abraço e dou um beijo em sua testa. Ela repete o gesto em meu queixo. Angus abre a porta traseira. Saio e estendo a mão para ajudar meu anjo a descer. Entrelaço nossos dedos e nos encaminhamos para o dentro do prédio, sob o olhar atento e orgulhoso do meu fiel motorista.
Ainda estou um pouco atordoado pelos recentes acontecimentos. Foi tão rápido e repentino que mal pude reagir descentemente a uma declaração tão linda e verdadeira. Eu queria ser capaz de me expressar com tanta certeza sobre isso, mas a frase "eu te amo" é incapaz de traduzir o tamanho do meu sentimento. Na verdade, creio que não exista um nome próprio para nomear essa energia invisível que forte o bastante para me manter próximo de Eva ao ponto de depender dela até para viver. 
No lobby, todas as atenções se voltam para nós, mas não consigo me importar. Apenas dou um leve aperto na mão de Eva, que se aproxima para abraçar meu bíceps com os dois braços, nos aproximando ainda mais. E isso é o céu para mim.
Pegamos um elevador um pouco cheio e, apesar de detestar isso, não consigo ficar irritado. Tudo para mim está ótimo nesse momento, principalmente porque o corpo magnífico do meu anjo está praticamente colado ao meu em função do pouco espaço na cabine. Chegamos ao 20º andar e só estamos eu, ela e dois outros assistentes da Waters Field & Leaman. As portas se abrem, e eles saem apenas acenando com a cabeça em nossa direção. Eva se vira e me dá um beijo casto nos lábios, o qual eu correspondo com a mesma doçura. Não é hora de selvageria. Agora não. Ela afasta o rosto, acariciando o meu com uma mão enquanto libera a outra do meu aperto vagarosamente. Em seguida, me da mais um selinho e sai do elevador, me deixando mudo e desconsertado com o tamanho do amor que vi refletido em seus olhos. 
Chego ao meu escritório me sentindo leve e feliz. Cumprimento Emma, a recepcionista, que responde abismada. Assim que me vê Scott se levanta.
“Bom dia, senhor Cross”.
“Bom dia, Scott, como vai?”
Ele arregala os olhos, como se tivesse acabado de ver Jack Estripador em pessoa e balbucia. “Muito bem, senhor. Obrigado”.
“Excelente. Agenda em 10 minutos. Ligue para o Ben e lhe de diga para vir à minha sala dentro de meia hora e providencie um almoço para dois no Peter Luger”.
“Claro, senhor”.
Assim que entro em meu escritório, coloco o celular de Eva para carregar. Eu o peguei enquanto saíamos do carro. Ela estava meio surpresa e enojada pela atitude de Christopher de tal forma que nem se lembrou do aparelho. Foi uma boa oportunidade. Pretendo carregá-lo, transferir o vídeo para meu computador e mostrá-lo a Magdalene. Como amigo, é meu dever dizer-lhe a verdade sobre aquele desgraçado. Ligo para ela e marco um almoço em meu escritório, alegando urgência. A princípio, sua voz soa triste, mas ao me recusar a falar sobre o teor da conversa por telefone, ela fica intrigada e confirma sua presença.
Meu dia hoje está mais cheio do que nunca. Não vou parar nenhum segundo sequer. Reuniões, análise de relatórios e orçamentos, teleconferências, videoconferências, um verdadeiro caos! Tudo o que eu havia marcado na última sexta teve que ser praticamente espremido entre meus afazeres de hoje. Eu poderia estar estressado e muito puto com tudo isso, mas me sinto leve e bem disposto. Depois de todo o sofrimento desses últimos dias, finalmente as coisas estão se encaixando. Quando estou bem com Eva, tudo no meu mundo fica bem.
Algum tempo depois de Scott sair, Ben entra.
“Com licença, senhor Cross”.
“Bom dia, Ben. Sente-se. Vamos começar”.
Ele me analisa com o olhar brevemente, e murmura um “bom dia” de volta.
Realmente meu humor está melhor do que o normal.
Avaliamos as fitas de segurança, os relatórios e discutimos a possibilidade de instalar câmeras nas saídas de emergência.
“E como está indo o caso de Nathan Barker?” pergunto.
Ben respira fundo. “Nada ainda, senhor. Ele é muito esperto e escorregadio. Sabe muito bem se esconder. Não há movimentação em sua conta bancária, os endereços não batem e não há registro dele em nenhum de nossos hotéis. Procurei saber algumas informações com um contato meu que trabalhou para a família Barker”.
“E o que descobriu?”
“Bom, senhor”, ele se remexe desconfortável em seu assento. “Ele me contou sobre o... O ocorrido entre Nathan e a Srta. Tramell. E me disse que o Sr. Barker ficou furioso, brigou seriamente com o filho, chegando à agressão física, e o expulsou de casa. Desde esse dia, o meliante nunca mais deu notícias”.
“Tem como me garantir que esse seu contato jamais contará o que aconteceu?” essa é minha maior preocupação.
“Senhor Cross, eu o conheci durante o treinamento antiterrorismo. Ponho minha credibilidade profissional no fogo por sua integridade. Tanto que ele apenas me contou, pois sabia de seu envolvimento amoroso com ela. Esse assunto é altamente confidencial e ninguém nunca saberá, nem por ele nem por mim”.
“Ótimo”, digo satisfeito. “Qualquer avanço, me avise imediatamente”.
“Como quiser senhor Cross. Algo mais?”
“Não, pode voltar a seus afazeres”.
“Com licença. E, senhor Cross?”
“Sim?”
“Com todo o respeito, me empenharei ao máximo na busca por esse bastardo. Um homem como ele não merece estar por aí, respirando. Farei o que for necessário para ajudá-lo a manter a Srta. Tramell a salvo”.
Sua atitude me comove.
“Obrigado, Ben”.
Ele se assusta por eu tê-lo agradecido, fazendo a mesa expressão chocada de Scott mais cedo, mas assente com a cabeça e se retira.
Meu dinheiro me permitiu contratar os melhores profissionais para trabalhar ao meu lado, mas devo admitir minha sorte em poder contar com uma equipe tão leal e empenhada.
São 10 da manhã e finalizo minha segunda chamada de vídeo do dia, dessa vez com o grupo responsável pelas obras no Arizona. Precisarei viajar para lá essa semana. As coisas não estão saindo conforme o planejado. Odeio quando isso acontece. Tenho que reorganizar minha agenda por conta dessa viagem, que durará todo o fim de semana. Chamo Scott para reagendar um compromisso marcado para um dos dias em que precisarei viajar. É uma reunião muito importante sobre uma nova aquisição, e por ser muito extensa, teve ser marcada para um sábado. Estou lendo o relatório enviado pela equipe de lá quando meu secretário adentra a sala com... Um buquê de rosas vermelhas

“Scott, o que significa isso?” pergunto franzindo o cenho.
“São para o senhor. Eu ia lhe interfonar quando me chamou. Acabaram de chegar”, diz com um sorriso sutil nos lábios.
Estranho. De quem será? Scott se aproxima com um olhar de ‘eu sei quem é o remetente’ e me entrega as rosas. Entre elas um cartão.
Uma celebração aos vestidos vermelhos e aos passeios de limusine.
Reconheço a caligrafia no mesmo instante.
“Eva”, murmuro. Um sorriso ridiculamente enorme surge em meus lábios.
Fico absorto nessa sensação gostosa, olhando para o cartão como um psicopata. Ouço uma tosse seca e me volto para Scott, que me observa com um ar divertido, mas mantendo a discrição.
“Bom... Vou escrever uma nota de agradecimento e peça para entregá-la à senhorita Tramell. Diga a Emma para providenciar um vaso para colocar as rosas”.
“Sim, senhor”.
Escrevo:
VAMOS FAZER ISSO DE NOVO. EM BREVE.
Dobro o cartão, coloco-o dentro do envelope e entrego a Scott.
“Assim que fizer isso, retorne para que possamos reorganizar minha agenda”.
“Perfeitamente”.
Assim que retorna, repassamos todos os compromissos dessa semana e da que vem, incluindo a reunião sobre a negociação de compra de ações de um das empresas das quais sou sócio majoritário, e verificamos o melhor dia para tal.  Está sendo difícil porque há muitos compromissos já agendados e a maioria deles são irremediáveis. Ficamos nisso por quase uma hora até que o interfone toca.
Senhor Cross”, a voz de Emma ressoa o ambiente. “Acabou de chegar uma encomenda para o senhor”.
Franzo o cenho.
“Emma, assine e traga até minha sala”.
Sim, senhor”.
Minutos depois uma Emma carrancuda entra segurando um buquê preto e branco de lírios e copos-de-leite. A sobrancelha de Scott se levanta em surpresa e um sorriso discreto surge em meus lábios.
Meu anjo está aprontando alguma. E estou adorando.
Ela me entrega o arranjo e o cartão:
Em homenagem aos vestidos em preto e branco e às fugidinhas pra biblioteca...
Eu jamais esquecerei nossa reconciliação. Foi muito intenso e forte. Estávamos completamente abalados por ficar tanto tempo distantes um do outro. Poder tocá-la novamente, seu calor, seus beijos, o sabor do seu gozo...
“Senhor Cross?” Scott me puxa de meus devaneios.
“Sim?”
“Que tal outro vaso para esse arranjo?” pergunta cautelosamente, com certeza se segurando para não rir da minha cara de idiota.
“Sim. Emma, providencie-o”.
“Agora mesmo, senhor Cross”, responde impassível e sai da sala.
Assim que o buquê está devidamente instalado em um lindo e moderno vaso quadricular de vidro fosco, pego outro cartão e escrevo a resposta:
QUERIA DAR UMA FUGIDINHA COM VOCÊ AGORA MESMO...
“Já sabe o que fazer Scott”.
“Sim senhor”, ele sai e retorna minutos depois.
Continuamos a discutir o reagendamento da reunião, que foi marcada para a próxima semana. Aproveito a pausa antes do almoço para passar o vídeo para meu computador e a refeição chega nesse momento. Ao meio-dia Scott interfona avisando que Magdalene me aguarda na recepção.
“Mande-a entrar”.
Minha amiga aparece no limiar parecendo um pouco abatida, mas sem perder sua beleza latina característica. Está elegantemente vestida com um vestido verde água de mangas cumpridas e gola alta, no comprimento dos joelhos, sandálias brancas de salto e seu cabelo liso e volumoso na altura da cintura. Seu visual lembra muito o de Corinne, principalmente o corte de cabelo.
“Olá, Gideon. Como vai?” pergunta dando um sorriso fraco.
“Muito bem Maggie”, digo me levantando para cumprimentá-la.
“Seu pedido me surpreendeu e me deixou bem intrigada. O que você tem de tão importante para me dizer?”
“Você saberá em breve, vamos comer primeiro”.
Ela observa atentamente o cômodo ao redor.
“Desde quando você é adepto de flores no escritório?” caçoa sorrindo.
“Presente de Eva”, falei.
Seu sorriso desmancha um pouco. “Sei”.
Eu a guio até o minibar onde nossa comida já está posta. Escolhi risoto de frango.
“O assunto deve ser mesmo grave para querer me mimar escolhendo meu prato favorito”, ironiza, mas com um sorriso doce nos lábios.
“O que posso dizer? Sei como agradar uma mulher”, gracejo.
“Sim, sim, claro. O grande conquistador Gideon Cross. Podemos comer antes que sua modéstia me faça perder o apetite?” diz dando risada, e eu a acompanho.
Conversamos sobre diversos assuntos. Ela é um das poucas pessoas quem têm acesso a minha vida e sabe da minha história, exceto os pesadelos. Nunca conversamos sobre tudo, claro. Prezo muito minha individualidade.
“Então... Corinne me ligou recentemente para perguntar o que anda acontecendo com você, já que não responde às ligações dela e tudo mais”, comenta cautelosamente.
Isso me irrita um pouco. Ela está tentando me encurralar e detesto isso.
“Maggie, você sabe que eu e Corinne terminamos há muito tempo. Não faz sentido ficar ligando para ela o tempo inteiro. Estou comprometido e tenho uma vida muito ocupada”.
“Eu sei, ela fez muitas perguntas sobre Eva e inclusive comentou que você queria apresentar a duas”.
Estranho. “Que tipo de perguntas?”
“Nada demais, apenas o básico: quando e como vocês conheceram, se é um compromisso sério, se você está apaixonado, etc.”.
“E o que você respondeu?” pergunto preocupado.
“Ei, não precisa me olhar com esse ar de desconfiança. Agora eu entendo que você e Eva estão juntos e estão bem. Isso ficou muito claro durante a festa”, diz na defensiva, mas finalizou com uma pontada sarcástica.
“Sim, estamos muito bem. Apesar de eu odiar aquela casa mais do que qualquer coisa, Eva me fez viver ótimos momentos lá dentro. Só ela poderia ter feito isso por mim”, atiro sem titubear.
Magdalene se encolhe ante meu tom de voz. E eu lá vou me sentir constrangido por transar com a minha namorada? A gente não fez nada na frente de ninguém. Quem mandou assistir nosso showzinho particular?
“Me desculpe, eu só fiquei chocada de ver como você mudou por ela. E quero que saiba que estou feliz por você, apesar de tudo”, diz olhando para baixo.
“Tudo bem, Maggie”, digo apaziguando. “Eu entendo e muito obrigado”.
“Claro”, ela continua a olhar pra seu prato e bebe um gole de seu suco.
Terminamos de comer e nos encaminhamos para a minha mesa. Estamos chegando à parte mais difícil.
“Então, Cross? Dá para dizer que assunto é esse, pelo amor de Deus?”
“Sim”, respiro fundo e começo. “Maggie, somos amigos há muitos anos. Sabe que me importo muito com você, não é?” Ela assente. “Pois bem, como seu amigo, é minha obrigação lhe dizer a verdade. Nesse caso irei mostrá-la, e não será nada fácil, acredite”.
Ela me olha num misto de confusão e curiosidade. Abro o player e viro a tela do monitor para sua frente. O vídeo começa a rodar e Maggie o vê com atenção. Quando assimila seu conteúdo, seus olhos se arregalam como pratos e seu rosto começa a corar de vergonha. Quando chega a parte em que os dois começam a transar, as lágrimas descem como cascata pelas suas bochechas num choro silencioso, mas sofrido.
“Chega”, ela implora num fio de voz.
Pauso o vídeo e volto o monitor para sua posição de costume.
Com a cabeça baixa, ela se entrega a um choro desesperador. Meu coração se aperta em vê-la nesse estado. Saio do meu assento, contorno a mesa e me agacho perto dela, com um lenço nas mãos.
“Maggie, eu sinto muito, mas você precisava saber”.
Ela se levanta com o rosto molhado de lágrimas e uma expressão de dor, de decepção, de mágoa.
“Como Christopher foi capaz de uma atrocidade dessas? Logo comigo? Por quê? O que eu fiz para aquele garoto? Sempre fui uma boa amiga”, e desaba novamente.
“Maggie, acalme-se”, me levanto para pegar uma garrafa de água no frigobar, despejo o conteúdo em um copo e entrego para ela. “Christopher é um moleque degenerado e sem limites. Ele abusou de sua vulnerabilidade em um ato de total ausência de caráter e amor ao próximo. Não se culpe”.
Ela pega o copo de água que ofereço e dá um gole. “Mas eu cedi, Gideon! Eu me sinto tão suja. Tão usada! Eu... Eu... não sei o que dizer. Estou envergonhada”.
Magdalene se debulha em lágrimas por mais um tempo e aos poucos começa a se acalmar. Fico o tempo todo ao seu lado, ajoelhado, acariciando seus cabelos.
Quando vejo que o choro cessa, explico para ela os reais motivos que levaram Christopher a agir daquela forma.
“Ele faz tudo isso apenas pelo prazer de me atingir”.
“Minha nossa! Eu sempre soube que ele tinha inveja de você, mas não sabia que poderia chegar a esse ponto”.
“Esse é o Christopher”, repito as palavras que disse a Eva no carro mais cedo.
“Isso explica o interesse exacerbado dele sobre a Eva. Imaginei que ele estivesse apenas tendo reações normais para sua idade, mas vejo que me enganei. Você precisa tomar cuidado com ele e proteger Eva desse pilantra”.
“Já estou fazendo isso. Se ele ousar se aproximar dela novamente, eu vou acabar com ele. Ninguém toca no que é meu”, digo em um ataque de possessividade.
Noto que ela olha atentamente o porta-retratos que Eva me deu.
“Eva tem muita sorte de ter você”, diz de repente. “Você é um companheiro e tanto”.
Seu elogio me constrange. “Obrigado”.
Ela respira fundo e se levanta. “Bom, acho que está na minha hora, e você deve estar bem ocupado. Posso apenas usar o seu banheiro?”
“Fique a vontade”.
Em nenhum momento Maggie olhou para mim. Deve estar morrendo de vergonha por eu ter visto o vídeo.
Minutos depois ela sai do banheiro, já recomposta, com a maquiagem retocada, mas seus olhos ainda estão um pouco vermelhos.
“O estrago não foi tão grande. Viva à maquiagem a prova d’água”, tenta brincar, mas não me encara.
“Foi realmente um trabalho de mestre. Nem sinal de choro”, sorrio.
“Obrigada por tudo, Gideon”.
“Não precisa me agradecer, fiz isso porque sou seu amigo. Não foi nenhum favor”.
“Isso soa como algo que Arnoldo diria. Sem o ‘cala a boca’, claro”, diz num tom divertido, olhando para as mãos.
 “Realmente”, e começo a rir. “Arnoldo e suas manias pegajosas. Estou andando demais com ele”.
“Está mesmo. Bom, agora eu vou. Tenha uma boa tarde”. Acena rapidamente com a cabeça e se vira para a porta.
“Você também”.
E ela sai sem olhar para trás.
Se desejar a morte do próprio irmão morto for pecado, mereço um desconto.Meu irmão é um monstro. Como ele pôde? Justo com a Maggie? Balançando a cabeça para desanuviar os pensamentos, volto a me concentrar no trabalho.
 _____//_____ 
Às duas da tarde, Scott me interfona avisando que uma nova encomenda acaba de chegar. Ele entra com um arranjo de lírios e um envelope lacrado. Mas o que é isso? Essa atitude de Eva está me confundindo, não que eu esteja reclamando. Aquele sorriso idiota volta a estampar meu rosto.
“Já providenciei outro vaso, senhor”, diz Scott com um rosto iluminado de humor, mas não a ponto de ser indiscreto.
“Obrigado Scott”.
Assim que ele começa a ajeitar o arranjo, leio o cartão.
Em agradecimento ao sexo selvagem.
Rapidamente escrevo minha resposta.
ESQUEÇA O KRAV MAGA. FAÇA SUA MALHAÇÃO COMIGO.
Lacro a mensagem em um envelope e entrego a Scott.
Volto a me concentrar na papelada que lota minha mesa. Ou melhor, tento, mas é impossível. Eva não sai da minha cabeça. Tento ler um relatório, mas não consigo sequer sair da primeira linha. Pela primeira vez em minha vida eu me sinto querido e realmente importante para alguém. Cada vez mais meu sentimento por Eva cresce a ponto de se tornar doloroso. Ela disse que me ama mesmo depois de tudo o que fiz, do tanto que a magoei.
Ela me ama.
Mesmo que eu não mereça, Eva me ama.
Meu anjo preenche todos os espaços da minha mente, não deixando sobras para pensar em qualquer outra coisa. Quando estou no trabalho, minha atenção se volta exclusivamente para ele. Nunca fiquei assim por nenhuma mulher.
Após várias tentativas frustradas, finalmente consigo prestar atenção no bendito relatório, mas então os pelos do meu corpo se arrepiam, e só uma pessoa me deixa assim. Desvio meus olhos para a porta e dou de cara com um par de olhos verdes cinzentos e brilhosos.
Me levanto imediatamente . “Eva, aconteceu alguma coisa?”
“Não. É que...”, ela hesita, respira fundo e caminha na minha direção. “Trouxe uma coisa pra você”.
“Mais coisas? É alguma data especial e eu não estou sabendo?”
Ah, merda! Será que ela comemora essas coisas de dia do nosso primeiro beijo, da nossa primeira noite de amor ou algo do tipo?!
Ela simplesmente põe uma caixinha de veludo preta em cima da mesa e vira seu rosto para o lado em total desconforto. Sua atitude me confunde ainda mais. O que será que ela está aprontando? Pego o objeto e, ao abrir a tampa, suspiro ao me deparar com um anel de platina cravejado de diamantes negros. Uma joia moderna que exala poder e virilidade. Através desse anel meu anjo está mostrando como me vê e reconhecendo o lugar que ocupo em nossa relação. Isso me comove e faz meu tesão por ela triplicar, se é que isso é possível.
“Eva”, sussurro com a voz rouca de desejo.
Sinto seus olhos se voltando para mim, mas continuo a observar fixamente o objeto em minhas mãos. Simplesmente... Demais.
“Exagerei?” sua voz também sai rouca.
“Sim”, devolvo a caixinha à mesa. “Exagerou. Não consigo ficar sossegado, não consigo me concentrar. Não consigo tirar você da minha cabeça. Estou com a cabeça longe daqui, e nunca fico assim durante o trabalho. Estou ocupado demais. E você me cerca de todos os lados”.
Seu rosto é um misto de culpa e decepção. “Desculpe, Gideon. Nem parei para pensar no que estava fazendo”.
Ah, meu anjo, você não tem ideia de como adoro suas distrações. Me aproximo dela lentamente, como um predador rodeando sua presa. Ela olha diretamente para o meu pau que se mantém desavergonhadamente ereto sob minhas calças.
“Não precisa se desculpar. Hoje está sendo o melhor dia da minha vida”.
“Sério?” Coloco o anel no anelar direito. “Eu queria fazer um agrado pra você. Serviu? Tive que chutar o tamanho...”.
“Ficou perfeito”, eu a interrompo. “Você é perfeita”.
 Pego sua mão e beijo seu anel, depois assisto meu anjo enquanto fazer o mesmo. Eu nunca terei o suficiente dela, eu nunca me cansarei de tê-la ao meu lado.
“O que sinto por você, Eva... Chega até a doer”, confesso.
“E isso é ruim?”
“É maravilhoso”.
Envolvo seu rosto com as mãos e a beijo apaixonadamente, explorando cada canto de sua boca. Tenho fome dela. Uma fome que nunca será completamente saciada. De repente, sinto a necessidade de ouvi-la dizer aquelas três palavrinhas com enorme significado. Diminuo a intensidade do beijo até roçar meus lábios nos dela.
“Diga de novo o que disse lá no carro”, sussurro.
Ela passa as mãos pelo meu colete. “Humm... Não sei. Você é lindo demais, sabia? Eu sempre me surpreendo com isso, toda vez que nos encontramos. Enfim... Não quero correr o risco de assustar você”.
Aquilo me atinge como uma facada no peito. E um início de desespero toma força dentro de mim. Será que ela disse aquilo apenas por impulso, e na verdade suas palavras não passaram de... Palavras?
“Você se arrependeu do que disse, não foi? As flores, o anel...”.
“Você gostou mesmo?” ela se afasta e me encara com um olhar ansioso. “Não quero que você use só por minha causa se não tiver gostado”.
Ah, é com isso que ela está preocupada?
“É perfeito. É como você me vê. Vou usar com o maior orgulho”.
Seu sorriso de alívio é deslumbrante. Mas ainda estou um pouco ansioso. Sua preocupação com o fato de eu ter gostado ou não do presente não tem nada a ver com a possibilidade de ela estar arrependida do que disse.
“Se você está tentando me agradar só pra depois poder retirar o que disse antes...”, falo hesitante.
“Eu estava sendo absolutamente sincera, Gideon”. O alívio é imediato. Nem me dei conta de que estava segurando a respiração.
“Você ainda vai me dizer isso de novo”, ameaço num tom de voz sedutor. “Vai gritar para o mundo inteiro ouvir quando eu fizer o que estou pensando agora”.
Ela sorri e dá um passo para trás. “Volte ao trabalho, seu tarado”.
“As cinco eu levo você pra casa”, eu a observo ir até a porta com olhos famintos. “Quero sua bocetinha peladinha e molhadinha quando entrar no carro. Pode se tocar um pouco pra ficar no ponto, mas sem gozar, ou haverá consequências”.
Seu corpo estremece levemente ante minhas palavras. “E você vai estar pronto pra mim?”
Tá de brincadeira? Eu a desejo até enquanto durmo. Abro um sorriso sarcástico. “E quando é que eu não estou pronto pra você? Obrigado pelo dia de hoje, Eva. Adorei cada minuto”.
Ela me sopra um beijo e meus olhos brilham: de emoção, de felicidade... E de amor.
O resto do meu dia foi assim, numa felicidade só. No intervalo entre uma reunião e outra, liguei para Angus e o mandei buscar a limusine. Eu comeria Eva loucamente, como na primeira vez. E assim foi. No fim do expediente, eu já estava aguardando pacientemente dentro do veículo. Assim que ela fechou a porta atrás de si, a ataquei. A bocetinha do meu anjo estava molhadinha, em ponto de bala. Ela jorrou seu mel na minha boca umas três vezes. Depois disso, sua entrada estava tão escorregadia que não deixei pedra sobre pedra e meti com força. Fiz ela gozar várias vezes até cansar. Só não fiz mais por causa da sua aula de krav maga. Mas eu iria até a casa dela, então era só questão de fazer tudo de novo, só que em outro lugar e em outro horário.
Após deixá-la em casa, mandei Angus dirigir até uma farmácia, onde comprei alguns itens de higiene pessoal e, em seguida fui para casa, treinar com meu instrutor particular.
_____//_____
Chego ao apartamento de Eva e vou direto para seu quarto. Ela está totalmente largada na banheira, com uma cara dolorida de dar pena. Meu anjo apanhou demais, e as marcas roxas sob sua pele estão despontando. Mesmo já tendo tomado banho depois do treino, tiro minha roupa e entro na banheira, atrás dela, envolvendo seu pequeno corpo com os braços e as pernas e o apertando de leve. Ela geme.
“Está tão bom assim?” ironizo mordendo sua orelha.
“Quem poderia imaginar que ficar rolando no chão uma hora com um cara bonito poderia ser tão cansativo?”
Ah, Eva. Sempre disposta a me provocar...
“Eu poderia até ficar com ciúmes”, digo apertando seus seios, “se não soubesse que Smith é casado e tem filhos”.
Ela dá uma risadinha debochada. “E o número que ele calça você sabe?”
“Ainda não”, ela solta um grunhido exasperado e começo a rir.
Brincando com o anel em meu dedo, Eva comenta a conversa que teve com o pai no sábado. Seus colegas policiais estavam pegando no pé dele por ela estar me namorando. Isso me deixa preocupado. Quero que Victor Reyes goste de mim. Ele é importante para Eva e sua aprovação é fundamental. Peço desculpas pelo constrangimento que, mesmo que indiretamente, causei ao pai dela. Ela tenta amenizar dizendo que a culpa não é minha, que é assim mesmo quando se é tão lindo.
“Um dia irei descobrir se meu rosto é uma vantagem ou uma desgraça”, digo pensativo.
As pessoas nunca se aproximam de mim com interesses além do dinheiro, do poder e da aparência, mas omito essa informação. Com Eva foi o oposto.
“Bom, caso a minha opinião valha alguma coisa, adoro seu rosto”.
Meu coração se enche de calor com o seu carinho. Sorrio e acaricio sua bochecha. “Sua opinião é a única que importa. E a do seu pai. Quero que ele goste de mim, Eva, e não que fique pensando que estou expondo a filha dele a invasão de privacidade”.
“Você vai conseguir conquistar meu pai. Tudo o que ele quer é me ver segura e feliz”, argumenta e isso me relaxa.
“Eu faço você feliz?” pergunto puxando-lhe para mais perto.
“Sim”, responde apoiando o queixo em meu peito. “Adoro ficar com você. Quando não estamos juntos, sinto muito a sua falta”.
Isso me faz lembrar o que ela me disse na festa da Vidal Records, de que não queria mais que a gente brigasse. Admito para ela que isso me incomodou e pergunto se ela está cansada de me ver estragar tudo o tempo todo.
“Você não estraga tudo o tempo todo. Eu também fiz um monte de cagadas. Relacionamentos são coisas complicadas, Gideon. E na maior parte das vezes não incluem um sexo maravilhoso como o nosso. Temos muita sorte, na verdade”.
Absorvo essa informação em silêncio enquanto pego um pouco de água com a mão e despejo na pele macia de suas costas. Meus pensamentos divagam e se voltam para o meu pai. Raramente eu penso nele, e quando penso, não consigo me lembrar de muitas coisas. Acabo externalizando isso sem nem me dar conta. Eva sussurra um “ah, é?”, mas não diz mais nada. Solto um suspiro profundo. Lembrar-me dele é meio frustrante justamente por não ter memórias claras e completas do pouco tempo que passamos juntos.
Sei que Eva já está com os ouvidos a postos e interessada. Claro que tenta disfarçar, mas vejo que está se segurando para não me bombardear de perguntas. Ela se vira e pergunta se quero falar do que consigo lembrar. Bom, isso eu posso fazer. Não é nada traumático ou doloroso demais, já que não fiquei com ele tempo suficiente para que me fizesse sofrer diretamente. Eu passei bons momentos com ele, mesmo que poucos. Seu suicídio foi repentino, mas hoje o encaro mais como uma atitude covarde de um homem frio, calculista e corrupto para escapar das consequências de seus atos sem se importar com quem ou o que estava deixando para trás.
Como eu prometi a Eva que contaria algo sobre mim todos os dias, talvez essa seja uma boa oportunidade para começar a por isso em prática.
“São só... Impressões vagas. Ele não ficava muito em casa. Trabalhava muito. Acho que minha determinação vem daí”.
Eva diz que dele herdei apenas o gosto pelo trabalho, nada mais. Pergunto como ela pode ter tanta confiança nisso e ela fala que meu pai era um picareta que escolheu o caminho mais fácil e que não sou como ele. Explico que não sou parecido com ele nesse sentido, eu tenho verdadeiro pavor de corrupção. Meu pai não aprendeu a desenvolver um relacionamento de verdade com as pessoas e estava sempre preocupado em suprir suas necessidades imediatas.
“É assim que você se vê?” pergunta Eva, me encarando.
“Eu não sei”, respondo baixinho.
“Bom, eu sei, e não é nada disso”, ela dá um beijo na ponta do meu nariz. “Você sabe cuidar muito bem das pessoas”.
“Espero que sim”, eu a aperto em meus braços. “Não consigo nem imaginar você com outra pessoa, Eva. Só a ideia de que outro homem possa ver você assim... Possa tocar você... Não gosto de me sentir desse jeito”.
“Isso não vai acontecer, Gideon”, suas palavras soam seguras.
“Você mudou tudo na minha vida. Não suportaria te perder”, confesso.
Ela me abraça. “E eu digo o mesmo”.
Preciso dela, agora. Puxo sua cabeça para trás e tomo seus lábios num beijo apaixonado, que expressa todos os meus sentimentos. Nossas línguas sem enrolam num tango lento e sensual que aos poucos vai aumentado de ritmo, até que Eva recua.
“Preciso comer se for fazer isso de novo, seu tarado”.
“Falou a mulher que está esfregando o corpo nu no meu”, recosto na banheira e abro um sorriso perverso.
Saímos do banho, nos enxugamos, nos vestimos e vou ao telefone para pedir comida chinesa.
_____//_____
Cary chegou do trabalho e se juntou a nós no jantar. Rimos, conversamos, brincamos e assistimos TV. Foi um momento agradável, e tenho que admitir, Cary é um cara muito bacana. Tem um ótimo senso de humor e é uma boa companhia para Eva. Aquele ciúme inicial não existe mais, foi totalmente eliminado ao ver a forma como interagem um com o outro. Meus receios não foram totalmente eliminados, afinal, ele é um cara promíscuo. E isso ficou ainda mais claro quando o interfone tocou. Uma loira alta, com um corpo escultural e com pinta de modelo internacional adentrou o apartamento já atacando o que sobrou do jantar. Assim que me viu levantar, ela deu um sorrisinho para Eva e veio com toda a pompa e circunstância me estender a mão. Apresentou-se como Tatiana Cherlin.
“Sou o namorado de Eva”, retribuí o cumprimento.
Já disse isso para cortar o barato dela (eu tenho um anjo muito ciumento) e evitar transtornos, afinal a expressão “chave de cadeia” pisca como um letreiro luminoso na testa dessa Tatiana. Não quero problemas com a imprensa nem nada disso. E ela é do tipo que adora aparecer à custa de alguém.
Cary, que foi até a adega pegar um vinho, reapareceu e a chamou para o quarto, no que ela foi prontamente. Eva chamou a atenção dele e mexeu os lábios como se perguntasse ‘o que você está fazendo?’, ele respondeu também mexendo os lábios, mas eu não entendi bem.
Agora, já no quarto, enquanto nos trocamos, ela me faz uma pergunta inesperada.
“Você tinha um matadouro na época da faculdade também?”
Tiro a camisa antes de responder. “Como é?”
Ela está querendo saber sobre minha vida sexual antes da faculdade. Mas a verdade é que, em grande parte desse tempo, me relacionei apenas com Corinne. Ela é uma mulher linda, estonteante e muito boa de cama (e Eva não pode nem sonhar com esse pensamento meu), mas era só sexo e nada mais. Quando terminava, eu não sentia nada além da satisfação de minhas necessidades físicas. E eu não fazia questão de tê-la todos os dias. Para mim, duas vezes na semana era o suficiente e, quando ela propunha uma terceira vez, eu inventava uma desculpa qualquer. Por isso trabalho e malho como um condenado, justamente para ficar cansado na maior parte do tempo. Quando terminamos, eu tinha uma ou outra oferta que decidia não recusar. O sexo era uma constante em minha vida, mas ficava em segundo plano. Meu foco era o trabalho e nada mais.
Explico isso para Eva (omitindo a Corinne, claro), mas ela não acredita. Eu simplesmente odeio quando minha honestidade é colocada à prova.
“Continue duvidando de mim. Pague para ver”, advirto fuzilando-lhe com o olhar enquanto me encaminho para o banheiro com meu nécessaire em mãos.
“O quê? Você vai provar que o sexo é uma coisa secundária pra você transando comigo de novo?” pergunta incrédula.
“Quando um não quer...” Abro a nécessaire e pego uma escova de dente nova, que tirei da embalagem e deixo no banheiro. “Você toma a iniciativa tanto quanto eu. Precisa sentir essa ligação que temos tanto quanto eu”.
“É verdade. Eu só queria...”.
“Só queria o quê?” pergunto abrindo uma das gavetas.
Abro uma e outra e todas estão cheias? Como assim? Não tenho gavetas reservadas para mim? Eu fiz isso por ela na minha casa, não fiz?
“Pia errada”, diz com um sorriso malvado nos lábios. “A outra é toda sua”.
Dirijo-me calmamente até a outra pia e guardo minhas coisas. Eu nunca havia feito isso antes. Esse passo é muito importante, pois representa nosso estabelecimento permanente na vida um do outro. Na minha visão de homem das cavernas, é uma forma de demarcar território, e mostrar para quem quiser ver que Eva tem um homem na vida dela, que não pretende sair desse posto enquanto viver.
“Só queria o quê?” repito, guardando o xampu e o sabonete líquido no Box. Estou curioso para saber o que a motivou a perguntar aquilo.
Ela diz que a curiosidade de saber como eu era na faculdade veio durante o jantar. Que ela estava imaginando como seria se me encontrasse no campus.
“Eu teria ficado obcecada por você. Faria de tudo para entrar no seu caminho, só pra ficar admirando. Ia tentar cursar as mesmas matérias que você, só pra ficar fantasiando sobre como seria te levar pra cama”.
Minha Eva consegue ser romântica até quando fala sacanagem.
“Sua safada”, dou-lhe um beijo na ponta do nariz ao passar por ela para escovar os dentes. “Nós dois sabemos muito bem o que aconteceria assim que eu pusesse os olhos em você”.
Ah, Eva... Você não faz ideia...
Ao meu lado, ela penteia os cabelos, escova os dentes e lava o rosto. É muito interessante fazer essas pequenas coisas ao lado dela. Compartilhar uma vida cheia de intimidades e atividade corriqueiras é algo novo para mim. Me passa uma sensação de acolhimento, de ser querido, de ser amado. É como se finalmente eu estivesse em casa, no meu lar, no meu lugar, com alguém que queira estar comigo independente do que passei e me aceita do jeito que sou.
“E então... você tinha um lugar especial pra quando alguma vaca sortuda conseguia te arrastar pra cama?” Curiosa...
“Sempre usei aquele hotel”.
“Foi o único lugar onde você fez sexo? Antes de mim?”
“Foi o único lugar onde fiz sexo consensual, antes de você”, respondo com a voz baixa, em claro sinal de constrangimento.
“Ah”, murmura.
Meu coração aperta novamente. Falar sobre isso é doloroso, mas Eva terá de saber de tudo de qualquer forma. Então, é melhor ir liberando as informações aos poucos, para não assustá-la.
Ela vem em minha direção e me abraça por trás, esfregando seu rosto em minhas costas. Seu carinho e compreensão me confortam.
Voltamos para o quarto e nos deitamos bem juntos, tanto que se fosse possível, nos fundiríamos. Seu corpo cálido, macio e sedoso junto ao meu acende a centelha do desejo, que apenas tirava um breve cochilo. O mínimo pensamento voltado para Eva, ou um simples toque inocente em sua pele, e o desejo desperta de forma avassaladora.
Ela passa a perna por meus quadris ficando por cima de mim, com as mãos espalmadas pelo meu abdômen. Mesmo na escuridão, sinto o olhar do meu anjo sobre mim.
“Gideon, não precisa dizer mais nada”, sussurra em sinal de compreensão e apoio.
Eu me sento, envolvo-a em meus braços e a beijo profundamente, ao mesmo tempo em que agradeço aos céus pela milésima vez por me enviar exatamente aquilo que eu mais precisava, mesmo que inconscientemente. Rolo para cima dela, mas não para fodê-la de forma selvagem. Apenas fazer amor de forma carinhosa e doce, explorando seu corpo sem pressa, estocando em sua entrada lentamente, sentindo seu corpo me abrigar de bom grado, provando do seu mel e me deleitando na sensação de tê-la só para mim. 

ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DAS MUDANÇAS E TENHAM APROVEITADO BASTANTE ESSE MOMENTO DE AMOR E CALMARIA, PORQUE O PRÓXIMO SERÁ TENSO DO COMEÇO AO FIM! INFELIZMENTE, A TRANQUILIDADE VIVE FUGINDO DESSE CASAL :/

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