sábado, 3 de setembro de 2016

Para Sempre Minha ― Capítulo 18: Indesejado

OI GENTE!  #GIDEONTERAPIA NO AR!
Bom, como eu disse, modifiquei muita coisa aqui e, quem já leu, vai notar a diferença. Lembrando que é IMPRESCINDÍVEL a releitura deste capítulo antes de passar para o próximo, ok? Porque se não vai ficar faltando informação e vocês vão ficar mais perdidos que cego em tiroteio!E, pra quem vai lê-lo pela primeira vez, bom... Desconsidere este aviso, e já pula pra diversão! :)A gente se vê lá embaixo! Boa (re)leitura!

O erro do passado é a sabedoria do futuro.
― Dale Turner


Chego ao nosso apartamento completamente devastado. Tudo o que quero nesse momento, é estar com meu anjo. Sentir cada centímetro da sua pele colado à minha. Ouvir sua voz dizendo que me ama. Ter a certeza de que ela me pertence e a mais ninguém.
Logo percebo, no entanto, que ela não está aqui, apesar de eu sentir sua presença. Sabendo que Cary provavelmente está fora, dou meia-volta e me encaminho para o apartamento deles.
Assim que entro lá, a presença dela fica mais forte. Apenas a luz do corredor está acesa, mas ouço o barulho do chuveiro. Vou direto para seu quarto e tranco a porta. Chego ao batente da porta para encontrar a mais bela visão de todas: minha Eva, completamente nua e molhada. Começo a tirar a gravata e a entrar no banheiro. Ela se vira de repente e me encara.
"Oi", cumprimenta suavemente.
Sem nem mesmo tirar os olhos dela, me dispo em rapidamente. Quando a última peça de roupa se vai, entro no Box e a envolvo em meus braços, e a aperto.
"Oi", ela repete, retribuindo meu abraço. "O que foi? Você ficou chateado por causa do clipe?"
"Eu odiei o clipe".
Se eu pudesse, eu o apagaria da minha cabeça. Mas é impossível. As imagens daquele vídeo nunca irão embora. Ele será veiculado todos os dias incessantemente, na TV, na internet. Fora a porcaria da música, que tocará em rádios, lojas, festas e onde mais for possível.
"Deveria ter cancelado aquela porcaria toda assim que percebi que era sobre você", continuo.
"Desculpe", diz, parecendo culpada.
Eu não quero que ela se sinta assim. Por isso, decido mudar de assunto. Algo que eu não gostaria de discutir, mas que prefiro que ela saiba por mim. Eu não quero lhe esconder nada. No entanto, vou oculta a participação de Magdalene nessa história. Não há necessidade de incluí-la nisso, o que pioraria as coisas.
Eu me afasto para olhá-la. "Corinne me ligou logo depois que o clipe

acabou. Ela estava... histérica. Descontrolada. Fiquei preocupado, e fui falar com ela".

Eva respira fundo, a fim de controlar seu ciúme, exatamente como tive que fazer enquanto ela estava com Brett.
"E como é que foi?" perguntou calmamente.
Vendo que seu cabelo ainda está cheio de espuma causada pelo xampu, inclino sua cabeça para trás devagar e a peço para fechar os olhos.
"Fala comigo, Gideon", reclama.
"Estou falando", digo enxaguando seu cabelo. "Acho que descobri qual é o problema. Ela está tomando uns antidepressivos que estão causando reações adversas".
Eu também não quero mencionar Arnoldo. Quanto menos pessoas enfiadas nessa história, melhor.
"Nossa", exclama.
"Ela devia ter falado com o médico se sentisse que o tratamento não estava funcionando" continuo, sem entrar em detalhes, "mas acho que nem percebeu que seu comportamento andava tão bizarro. Demorou horas pra eu conseguir fazer ela se dar conta disso, e depois entender por que está agindo daquele jeito".
Quando termino, ela se endireita e esfrega os olhos. No entanto, seu gesto brusco, assim como tudo o que faz, não me passa despercebido, embora tente disfarçar. Ela está irritada. Mas prefiro não dizer nada. Não há o que dizer.
Trocamos de lugar e entro debaixo do chuveiro, sentindo a água morna lavando o suor e a tensão do dia.
"Mas e agora, como é que fica?" pergunta.
Encolho os ombros, não escondendo o quão preocupado estou com o estado de saúde de Corinne. "Ela vai ao médico amanhã para ver se consegue trocar a medicação".
"Não venha me dizer que você vai com ela!" protesta, deixando sua raiva anteriormente controlada, explodir.
"Eu não sou responsável por ela", digo encarando-a fixamente, demonstrando que entendo seus sentimentos. Medo. Insegurança. Raiva. Tudo misturado ao ciúme. "E foi isso que eu disse para a própria Corinne. Depois liguei para o Giroux e disse a mesma coisa. Quem precisa tomar conta dela é ele".
Pego meu xampu na prateleira onde ficam meus produtos de banho. "Mas também não foi um escândalo gratuito, Eva. Deanna apareceu lá no começo da noite com as fotos que tirou de nós dois no evento".
Sem mencionar que contou sobre o beijo entre Eva e Brett e minha briga com ele, mas resolvo não falar sobre isso também. Ela se sentiria culpada novamente.
"Que maravilha", murmura. "Isso explica porque Deanna estava aqui de tocaia à minha espera".
"Ah, ela veio aqui também?" meu lado ameaçador vem à tona, sem disfarce algum. Quando algo que estimo muito está em risco, eu não meço esforços para proteger.
Deanna acaba de ocupar o primeiro lugar da minha lista negra.
"Ela devia ter fotos suas na casa de Corinne e queria me mostrar", cruza os braços. "Ela está perseguindo você".
Inclino a cabeça para trás a fim de enxaguar os cabelos, mas antes que eu possa responder qualquer coisa, sinto seu corpo mais perto do meu, e seus dedos atrevidos passeando pelo meu peito, em uma carícia lenta e sensual.
Solto um gemido deliciado e olho para ela. "Adoro as suas mãos passeando pelo meu corpo".
"Sorte sua, porque eu sinto vontade de passar a mão em você o tempo todo".
Acaricio seu rosto com ternura e, apesar de ver o desejo estampado em seu rosto, percebo que ela não quer transar agora. Estou sempre pronto para satisfazer as necessidades físicas e emocionais de Eva. Se ela quisesse, faríamos amor. Mas esse não é o caso. No momento, para mim, o que mais importa é tê-la ao meu lado, seja como for. Só a presença dela é o suficiente para mim.
"Eu precisava disso", digo. "Ficar com você."
"Parece que tem tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, né? A gente não tem um momento de sossego. Quando pensa que resolveu uma coisa, aparece outra", ela passa os dedos por meu abdome. "Mas acho que a gente está se saindo bem, não?"
Beijo sua testa. "Eu diria que sim. Mal posso esperar pra sumir daqui com você amanhã. Fugir de tudo e todos por um tempo, ter você só pra mim".
O sorriso que ela abre é de pura satisfação. "Eu também mal posso esperar".
Passamos o resto da noite sem tocar um ao outro de forma sexual. Pedimos comida chinesa e assistimos a uma maratona de série policial na TV. A forma como ficamos completamente confortáveis na presença um do outro me faz sonhar com um futuro em que noites como esta se repitam mais vezes, sem que tenhamos que nos separar no dia seguinte.
Eva caiu no sono no meio do programa e eu a encarei por um longo tempo, enquanto acariciava seus cabelos.
A sensação de normalidade sempre me trás calma, me trás paz. Eu sinto como se nada nem ninguém o poder de nos separar. Eu preciso ter essa sensação o tempo todo. E é por isso que esse casamento tem que acontecer. Mesmo que, por alguma razão, tenhamos que ficar separados por um tempo, Eva estará carregando meu nome e será totalmente minha sem reservas. Eu preciso possuí-la completamente, de todas as formas.
Em algum momento, eu quase caí no sono, mas me recompus. Ainda não podemos dormir juntos, mesmo que eu tome o remédio. Não posso arriscar machucá-la. Eu estava levantando quando Eva acordou.
"Não vai", ela pediu e meu coração se apertou.
"Não me pede para ficar", suspirei.
Ela olhou bem pra mim. "Eu te amo".
Meus dedos dos pés se curvam ao ouvir sua declaração. Sem hesitar lhe dei um beijo carinhoso na testa e a lembrei de colocar o passaporte na bolsa, além de reafirmar que ela não precisava levar mais nada. Em seguida, voltei para nosso apartamento.
Agora, deitado em nossa cama, após tomar o remédio, sinto uma vazio enorme apesar do cansaço. Meu anjo está do outro lado da parede, mas parece estar a quilômetros de distância.
Mas isso tudo irá mudar amanhã. Brett, Corinne, Deanna e todos os nossos problemas emocionais ficarão para trás. Após esse fim de semana, eu estarei ainda mais forte para lutar por nossa relação.
Sinto minhas pálpebras se fechando, meu corpo relaxando, se rendendo à necessidade de descansar. A última coisa que penso antes de derivar para o sono é que poucas horas nos separam do nosso paraíso.
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Chego cedo ao escritório, a fim de deixar tudo organizado para a viagem. Não quero ter de me preocupar com absolutamente nada. Meu telefone ficará completamente desligado para qualquer assunto relacionado ao trabalho. Passo boa parte da manhã entre reuniões, leitura de relatórios e balanços, análise de propostas, e a reorganização de minha agenda de compromissos para a próxima semana.
Estou quase no fim de uma reunião muito importante com minha equipe de marketing quando ouço duas batidas antes da porta se abrir e um Scott muito desconfortável aparece no limiar.
Franzo o cenho. Ele nunca me interrompe nas reuniões a não ser...
Eva? Será que aconteceu alguma coisa? Meu sangue gela com essa possibilidade.
"Sim, Scott?"
"Desculpe a interrupção, senhor Cross. Mas o pessoal da portaria quer falar com o senhor. Parece ser urgente".
Scott e sabe do que se trata, mas escolhe sabiamente a discrição e não menciona o fato para os demais presentes. E, pelo seu olhar, vejo que o problema não é com Eva, apesar de parecer bem sério.
Sem alterar minha postura calma, peço licença a todos e sigo meu secretário para fora.
Após fechar a porta, o encaro em silêncio.
"A portaria ligou para avisar que o senhor Jean-François Giroux está lá embaixo, exigindo falar com o senhor".
Era só o que me faltava.
Depois de toda a merda de ontem, eis que o homem que possui uma rivalidade unilateral comigo resolve brotar do nada. Depois da ligação de ontem, eu sabia que ele viria mais rápido, mas não tão rápido.
"Mande avisar que estou a caminho".
"Sim, senhor".
Retorno para a sala de reuniões e, em dez minutos, finalizamos tudo.
Assim que a sala fica fazia, fecho a porta, respiro fundo e ajeito meu paletó antes de me encaminhar para os elevadores. Quando as portas de aço se abrem no lobby, meus pelos da nuca imediatamente se arrepiam. Eva está aqui.
O lugar está agitado por causa do horário de almoço, mas a localizo facilmente perto das catracas. E, ao seu lado, vejo a figura alta, esguia e muito bem conhecida de Giroux. Eles estão conversando. Vou a passos largos na direção deles. Quanto mais perto chego, mais nítida fica a troca de palavras entre eles.
"Gideon é amigo de Corinne. E amigos costumam sair juntos", Eva responde a algo que ele disse.
"Estou vendo que você é loira, mas não acredito que seja inocente a esse ponto".
Meu passo vacila ao ouvir suas palavras e meu corpo fica tenso, pronto para a luta.
Não. Ele. Não. Se. Atreveu.
Ele. Não. Disse. Isso.
Tenho controlar toda a minha fúria, respirar bem fundo, para não voar em cima dele e começar uma sessão ininterrupta de socos em sua cara, na frente de todas essas pessoas.
"Estou vendo que você está nervoso", ela rebate asperamente, "mas não acredito que seja cretino a ponto de achar que pode falar assim comigo".
Assim que os alcanço, eu a pego delicada e possessivamente pelo braço.
"Trate de pedir desculpas, Giroux", intervenho calmo. Assustadoramente calmo. "E desculpas sinceras".
Giroux me encara com ódio e desprezo. O mesmo olhar que Christopher me lança sempre que estamos no mesmo ambiente. "Me deixar aqui esperando foi muita deselegância, Cross, até mesmo para você", rosna, ignorando completamente o que eu disse.
"Se fosse um insulto deliberado, você saberia", rebato, sem fazer a menor questão de esconder meu desagrado com sua atitude. "Estou esperando suas desculpas, Giroux. Eu sempre fui educado e respeitoso com Corinne. Eva merece esse mesmo tratamento da sua parte".
A tensão entre nós é tão palpável, que o ar parece ficar mais pesado de se respirar. Ficamos nos encarando por segundos, loucos para matar um ao outro de porrada, até que sinto a mão pequena de Eva apertar a minha de leve, numa tentativa de me acalmar. E ela consegue. Como sempre.
Os olhos verdes de Giroux imediatamente vão para nossas mãos unidas, e em seguida se voltam para Eva.
"Pardonnezmoi (me perdoe)", ele fala, baixando a cabeça de leve. "Nada disso é culpa sua".
"Pode ir pro seu compromisso", murmuro para ela, acariciando sua mão com o polegar, como uma forma de dizer que está tudo bem.
Eva não dá um passo sequer para longe de mim. "Você devia ir atrás da sua mulher, isso sim", diz para Giroux.
"Ela é que devia vir atrás de mim", ele corrige.
Eu suspeitava de que uma das razões que o levaram a não vir atrás de Corinne antes fosse puro orgulho. Agora, é uma certeza. Reviro os olhos em pensamento.
Idiota.
"Eva", a voz de minha sogra se faz ouvir dentro do edifício. Elegante como sempre, Monica se aproxima de nós com seus saltos altos e vestido azul tão claro quanto seus olhos.
"Melhor você ir, meu anjo", falo. "Só um minuto, Giroux".
Ele concorda. Desta vez, sem reclamar.
Eva hesita por um pouco antes de se afastar. "Tchau, monsieur Giroux".
"Srta. Tramell", ele responde, desviando os olhos de mim. "Até a próxima".
Saio com ela, segurando firmemente sua mão, pois eu sabia que meu anjo não iria sair dali por conta própria. Seu rosto está voltado para mim, estampado de preocupação. Eu a olho de volta, completamente sereno. Giroux não me assusta. Sei exatamente com quem estou lidando.
"Bom almoço pra vocês", digo e dou um beijo no rosto de minha sogra antes de me virar para Eva novamente e beijar sua boca.
Solto sua mão delicadamente e me afasto.
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A subida até meu escritório foi feita em um silêncio sepulcral. Giroux ficou olhando para as portas de metal o tempo todo, com o maxilar travado. Sua única bagagem é uma bolsa de viagem de couro preta, pendurada em seu ombro.
Saímos do elevador e nos encaminho para minha sala. Ao chegar à baía de Scott, peço-lhe que não passe nenhuma ligação, a não ser a de Eva. As sobrancelhas de Jean sobem de surpresa ao ouvir isso.
"Sim, senhor. Quer que eu peça um almoço para dois?"
Olho para Giroux. "Merci (obrigado). Eu já comi no avião".
Volto-me para Scott. Depois desta visita inesperada, perdi completamente o apetite.
"Por enquanto não".
"Tudo bem. Devo cancelar seu compromisso das 14h?"
"Não pretendo demorar. Pode mantê-lo", digo olhando para meu secretário, mas também mandando uma mensagem clara para Giroux de que não quero que nossa conversa dure além do necessário.
"Certo".
Abro a porta do escritório e dou espaço para que Giroux entre primeiro. Ofereço-lhe algo para beber, mas ele recusa.
"Fique à vontade", eu digo, enquanto retiro o paletó e o penduro no encosto de minha cadeira.
Giroux coloca sua bolsa de viagem perto do sofá, e analisa meu espaço atentamente, sem a menor cerimônia.
"Quanta tecnologia", ele olha para os vários monitores em uma das paredes, colocando as mãos nos bolsos de sua calça ridiculamente apertada. "Seu complexo de super-herói é tão grande que você tem a necessidade de ter esse monte de televisores te dizendo tudo o que acontece no mundo?"
"Não sabia que você podia fazer piadas, Giroux", retruco ironicamente. "Na minha cabeça, você é um ser desprovido de qualquer tipo de emoção. Estou surpreso que você seja capaz de achar graça em alguma coisa".
Ele se vira para mim e dá um sorriso cínico. "Você caçoando de mim por não ter emoções? Logo você, um brutamonte disfarçado de empresário que se acha o mais viril dos homens, e que trata as mulheres com quem transa como meros repositórios de esperma?"
Tombo a cabeça para o lado. "Você parece saber muito da minha vida sexual. Você anda lendo muitos tabloides, não? Ou quem sabe assistiu alguma sexy tape da qual não estou sabendo?"
"Vamos dizer que, depois que sua empresa expandiu para a Europa, a imprensa fala muito de você e de suas... companhias femininas", diz com evidente desprezo. "Embora nenhuma das notícias que eu tenha mostrado a Corinne tenha sido suficiente para fazê-la esquecê-lo".
Começo a rir de seu absurdo. "Você queria fazer Corinne se esquecer de mim mostrando coisas sobre mim? Essa é sua grande ideia? Não passou pela sua cabeça que ela ficaria mais tentada a me procurar?"
Ele fecha a cara. "Isso não é engraçado. Eu estava desesperado para fazer minha esposa ficar. Não pense que pode me julgar por isso, Cross. Se fosse o contrário, duvido que você faria diferente".
"Mas é claro que eu faria diferente", digo. "A última coisa que eu iria fazer era cercá-la de notícias sobre seu ex. Eu faria uma viagem romântica, me isolaria com ela em algum lugar. Qualquer coisa é melhor do que isso".
"E você acha que não tentei?" me fuzila com o olhar. "Só que no dia de nossa viagem, ela me deixou uma carta dizendo que estava indo para Nova York seguir seu coração, que nunca esteve comigo".
Sou obrigado a sentir um pouco de pena de Giroux. Não deve ser nada fácil ser abertamente desprezado pela mulher por quem se é apaixonado.
"No entanto, nosso encontro no lobby foi esclarecedor em certo ponto".
Franzo o cenho. "O que quer dizer?"
"Cette femme doit vraiment être très spécial pour vous (Aquela mulher parece ser bem especial para você)", ele diz.
Meu sangue ferve ao ouvi-lo se referir a ela de forma tão banal... De novo. Eu juro por Deus que se ele fizer isso mais uma vez, sairá daqui sangrando tanto quanto Nathan.
"Cette femme est ma petite amie et elle a un prénom (Aquela mulher é minha namorada e tem um nome)", respondo asperamente. "Ne la derespectée pas à nouveau (não a trate com desrespeito novamente)". Estreito bem os olhos para ele, tomando uma postura protetora e rígida. "É melhor você medir suas palavras antes de mencioná-la, Giroux. Eva não tem nada a ver com isso, como você bem disse. Espero que suas desculpas não tenham sido falsas".
Sua expressão suaviza. "Claro que fui sincero. Falei o que falei em um momento de raiva. Ela não merecia ouvir aquilo".
"Não, não merecia. E espero que isso não se repita. Nunca mais", advirto.
"Não vai. Pode ficar tranquilo".
"Agora, que tal nos centrarmos em sua esposa? Eu prefiro acreditar que ela é a razão de estarmos tendo essa conversa".
"Com certeza é". Sua expressão fica ainda carregada. "Você disse que ela está tomando antidepressivos. Há quanto tempo?"
"Mais ou menos duas semanas" respondo. "São dois. Um ansiolítico para o dia e um calmante para a noite".
"Você sabe muito sobre isso, pelo que vejo", murmura secamente.
"Bom, considerando que ela não para de me ligar, ou para minha família e amigos, não é de se espantar que eu tenha a procurado para saber o que está acontecendo".
Ele cruza os braços. "Nada que ela já não tenha feito antes. Ela vivia atrás de  você mesmo de Paris".
Estreito os olhos para ele. "Deixe de ser estúpido e me deixe terminar. Ela está gritando, chorando histericamente, fazendo cenas em público, e assustando a todos. Você conhece Corinne. Você já a viu gritar? Já a viu tratar alguém com rispidez ou fazer escândalos por aí?"
Conto tudo para ele, exceto o episódio em que ela se jogou nua para cima de mim, e seus olhos se arregalam.
"Mon Dieu (Meu Deus)", sussurra.
"Fiquei muito preocupado. Tentei ligar para os pais dela, sem sucesso. Eles estão em um cruzeiro e só retornarão em dois dias".
Ele faz uma carranca de raiva. "Aqueles dois nunca deram atenção para Corinne. Sempre pensando em si mesmos. Não me surpreende".
"Você entende agora a situação?" olho bem pra ele. "Ela não está bem e precisa ser acompanhada de perto. Mas não posso nem vou me responsabilizar por isso. Você é o marido dela. Você é quem tem que cuidar dela. Tudo o que eu pude fazer, eu fiz, dentro dos meus limites, mas chegou um ponto em que nós nem podemos ser amigos mais. Então optei por me afastar dela de vez".
Giroux olha para baixo, parecendo desolado e triste. No entanto, quando seu olhar se volta para mim, o ódio fica evidente. Um ódio mortal. 
"Mas é claro. Isso é muito típico de canalhas como você" rosna. "Primeiro, você a manteve numa espécie de amizade cheia de carinho e afeto, saiu com mulheres muito parecidas fisicamente com ela, o que fez parecer que você a estava procurando em outras, depois de ter sido chutado. Em seguida, que ela voltou para tentar te conquistar, porque achou que tinha uma chance. Então você saiu com ela, lhe usou de todas as formas, incluindo para fazer ciúmes na Srta. Tramell no intuito de tê-la de volta e despreza Corinne porque ela já não serve mais aos seus propósitos". Ele aponta seu dedo na minha direção. "Portanto Cross, não pense, nem por um segundo, que eu vou isentá-lo disso porque você me fez o favor de finalmente cortar os laços de sua amizade duvidosa com minha esposa. Se ela está assim, a culpa é única e exclusivamente sua, que alimentou as esperanças dela. Vous me dégoûtez (Você me dá nojo)".
"Vai ficar jogando tudo nas minhas costas agora?" pergunto incrédulo. "Se tivesse se preocupado mais com ela e menos com seu orgulho, ela nem estaria aqui. Você poderia tê-la impedido. Além do mais, eu nunca disse a ela que a amava, o que você já sabe. Ela alimentou essa esperança sozinha. Eu até cheguei a aconselhá-la a dar uma segunda chance ao casamento de vocês".
"E o que você quer? Que eu te agradeça lhe oferecendo uma taça de vinho? Ou pague suas horas como terapeuta?" solta uma risada de deboche. "Quanto cinismo! Nós dois sabemos muito bem que você sempre manteve uma relação carinhosa demais para um simples amigo. É só olhar bem para sua namorada para ver isso. Ficou nítido para mim que a Srta. Tramell não a suporta e quer que você mantenha distância dela. Aposto que sua amizade com Corinne deve ter lhe dado muitos problemas, para você querer se afastar tão depressa. E, sendo um homem das cavernas como sei que você é, duvido que suportaria que sua petite amie tivesse uma amizade como essa com um ex".
O maldito acerta em cheio. A amizade de Eva com Brett me incomoda ao extremo, principalmente porque sei que ele ainda é apaixonado por ela. Senti e ainda sinto na pele a mesma angústia e ciúme que Eva sentiu na época em que Corinne apareceu. Eu não poderia nunca negar isso. Seria completamente injusto.
No entanto, ao contrário do homem à minha frente, eu jamais deixaria que a mulher que amo se afastasse de mim. Eu esgotaria todas as minhas energias, toda a minha força, todo o meu tempo, para fazê-la acreditar que um futuro ao meu lado é a única opção e que mais ninguém poderia entendê-la e amá-la como eu.
"Vamos ver se entendi corretamente" recosto meus quadris na mesa, cruzo as pernas e ponho o dedo indicador nos lábios. "Você veio aqui, direto do aeroporto, para ficar jogando a culpa do fracasso de seu casamento na minha cara ao invés de ir até sua esposa, que está sozinha, desamparada e deprimida, e ser a rocha que ela precisa em um momento de extrema necessidade e carência. Agora, me diga uma coisa: como você consegue pensar somente no seu orgulho ferido num momento como esses? Se você realmente amasse Corinne como diz, você não estaria aqui gastando seu tempo e o meu com essa ladainha derrotista".
"Como você se atreve a questionar meu amor por Corinne?" coloca as duas mãos em sua cintura e me fuzila com o olhar. "Você nunca esteve lá, vendo todas as coisas que fiz para salvar o que tínhamos. Eu a deixei vir para que ela entendesse, de uma vez por todas, que você nunca a amou de verdade, e voltasse para mim. Eu queria que, depois de ser rejeitada por você, ela desse o valor que mereço".
"E olha só no que deu", balanço a cabeça. "Você fica o tempo todo apontando seus esforços, seu orgulho, seu amor. Porque não pensa um pouco nela agora? Vá cuidar de sua esposa. Ela precisa de você. Converse com ela. Veja o que o médico disse. Se for necessário, vá até ele e peça alguma orientação. Não estou brincando Giroux. O assunto é muito sério".
Ele me encara com raiva por uns segundos, no entanto sua postura defensiva vai relaxando aos poucos. De repente, um brilho de medo reflete timidamente em seu olhar. "Você acha que ela poderia tentar...".
Não. "A súbita mudança de comportamento de Corinne foi bizarra, mas não acredito que poderia chegar a esse ponto. Ela disse que iria ao médico hoje de manhã para ver se conseguiria trocar a medicação. Melhor ficar atento às reações dela aos remédios nos próximos dias".
Ele balança a cabeça. "D'accord (está bem)". Ele se abaixa para pegar sua bolsa de viagem ao lado do sofá. "Eu vou até a casa dela resolver isso".
"Angus pode te levar até lá", ofereço.
"Quanta gentileza" seu meio sorriso pinga sarcasmo. "Mas não. Eu posso pegar um táxi".
"Em pleno horário de almoço?" dou risada. "Você está em Manhattan, Giroux. Deixe esse orgulho ridículo de lado e aceite a carona. Você chegará mais rápido. A prioridade aqui é Corinne, e não você".
Ele franze os lábios. " Il me semble que je n'ai pas le choix (Vejo que não tenho escolha)".
"Certainement pas (Não tem mesmo)" dou de ombros. "Você ficará mais tranquilo ao falar com Corinne, ao ver como ela está. Assim que estiver tudo bem, me mande uma mensagem, para que possamos falar sobre os termos finais de nossa negociação".
Ele faz uma mesura com a cabeça, teatral demais para o meu gosto. "Oui, bien sûr (Sim, é claro). Eu lhe contatarei em breve". Ele se encaminha para a porta e eu o sigo. "Bem, não vou mais ocupar seu tempo de almoço. E não precisa me acompanhar até a saída".
Graças aos céus. Eu não sei mais quanto drama francês eu poderia suportar. "Ligarei para Angus. Ele estará a postos na porta do prédio".
"Certo. Hum... Merci, pela carona", diz com dificuldade enquanto olha para um canto qualquer, menos para mim.
Reviro os olhos. Seu orgulho é tão patético que ele nem consegue fazer um simples agradecimento com o mínimo de sinceridade. Não que eu faça questão, claro.
"Agradecimentos não são necessários. Estou fazendo isso mais por Corinne do que por você, pode ter certeza. Passar mais tempo sozinha não fará bem à sua saúde".
Ele ergue o queixo. "Je sais (Eu sei)".
Eu o acompanho até o elevador enquanto ligo para Angus. Giroux permanece em silêncio. Uso a chave mestra no painel para chamar um elevador e, em poucos segundos, as portas de aço se abrem à direita. Ele entra ainda sem dizer nenhuma palavra e aperta o botão do lobby.
"Cross", se despede secamente.
"Giroux", eu respondo da mesma forma.
E as portas finalmente se fecham, levando mais um contratempo para longe.
Olho meu relógio de pulso e vejo que ainda há tempo para almoçar. Apesar de não estar com tanta fome, não seria bom decolar com a barriga vazia. Peço a Scott que pela o de sempre no Peter Luger.
"Na verdade, senhor, seu almoço acabou de chegar", responde, pegando a refeição embalada na escrivaninha de sua baía e me estendendo.
Eu apenas arqueio minha sobrancelha e a pego.
"Bem, eu tomei a liberdade de fazer o pedido cinco minutos após o senhor entrar no escritório. Como o senhor havia deixado claro que não iria demorar a ponto de desmarcar sua próxima reunião, pelos meus cálculos, a comida chegaria logo que o senhor terminasse com o senhor Giroux".
Balanço a cabeça, não me impressionando pela atitude pró-ativa de Scott. Isso é característico dele e é uma das várias razões pelas quais ele trabalha comigo. "Certo. Você pode ir almoçar".
"Sim, senhor".
Volto para meu escritório, e em segundos, estou sentado à mesa do minibar, apreciando devagar meu bife grelhado com arroz e salada caesar, enquanto penso no tenso encontro do outrora.
O dia mal havia começado e eu já estava levando bordoadas. Mas nada que tire minha alegria, claro. Eva e eu estamos tão perto da tranquilidade. Só mais algumas horas e nos livramos de todo esse tumulto.
Meus únicos interesses com a vinda de Giroux são o nosso negócio e o fato de, finalmente, Corinne estar sob os cuidados de alguém que tem o dever de zelar por ela. Isso me deixará menos preocupado também. Esse fim de semana em que estarei fora pode significar minha libertação dessa história. Do peso da culpa que ele insiste em por em mim pela crise em seu casamento.
Eu não posso me isentar de minha parcela de culpa pelo que houve com Corinne, mas também não posso assumir tudo sozinho. Para começar, ela mesma se colocou nessa situação com Giroux. Não foi certo aceitar o pedido dele sem amá-lo. Sua intenção era me fazer enxergar que eu a estava perdendo, quando na verdade, eu nunca a tive e muito menos ela a mim. Eu não poderia desprezá-la completamente, no entanto, porque ela foi, sim, importante em minha vida, apesar de eu nunca tê-la amado.
Depois, o próprio Giroux sabia no que estava se metendo quando propôs casamento a Corinne. Ela não o ama e ele sempre soube disso, mas insistiu mesmo assim. E, se foi tão persistente ao convencê-la de que se casarem seria uma boa ideia, porque não foi ainda mais depois de terem trocado alianças? Ambos fizeram promessas um ao outro, promessas que não conseguiram cumprir porque não tinham se esforçado o suficiente. Ou talvez nem valesse a pena mesmo. No fim, um acabou ferindo o outro pelas motivações completamente egoístas que os levaram a contrair matrimônio.
Esse pensamento abre a porta para outro: estaria sendo eu tão egoísta quanto Giroux ao insistir que Eva se case comigo quando ela declara não estar pronta para esse compromisso? Eu só quero que ela fique presa a mim, e dessa forma, afastá-la de um ex-namorado que ainda é apaixonado por ela? Quero acalmar essa inquietação constante que sinto quando ela está longe?
Faço-me todas estas perguntas e a resposta é clara: sim. Mas não só por isso. Eu quero me casar porque a amo. Porque não consigo imaginar minha vida sem ela. Porque sem ela, não há vida. E porque eu preciso dela, em cada passo do caminho. E a recíproca é verdadeira.
Meu casamento não será vazio ou sem sentido. Nós trabalharemos juntos para fazê-lo funcionar. Nós não seremos mais dois indivíduos e sim um só. Cumpriremos cada promessa que fizermos um ao outro, por mais difícil que seja. Nosso elo será forte o bastante para atravessar todas as adversidades que ainda temos pela frente. Eu acredito, e quero que ela acredite também. Os planos que tenho para nosso voo até o Caribe são exatamente para isso. Eu quero reconquistar de vez sua confiança em mim, confiança que sei que ela sempre teve, apesar de estar ruída. Quero que ela enxergue que sua entrega completa a mim nunca será em vão e que eu respeitarei e cultivarei isso pelo resto da minha vida.
Sinto meu pulso acelerar ao imaginar como Eva ficará no vestido que mandei fazer para o grande dia. Mas minha ansiedade é ainda maior ao imaginar as algemas de seda vermelha adornando seus pulsos. Meu pau lateja dolorosamente com a visão. Eu já consigo vê-la deitada na cama, totalmente entregue e submissa a mim, tanto para o meu prazer quanto para o dela. Não há nada que me deixe com mais tesão do que sua confiança completa em mim.
Nós estamos prestes a transpor todas as barreiras de nosso contato físico, e eu mal posso esperar. Embora eu esteja ansioso para a viagem, não ligo muito para o lugar paradisíaco para onde vamos.
O corpo dela já é o meu paraíso. E estou a poucas horas de explorá-lo.
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Após o almoço, vou ao toalete escovar os dentes e me preparar para a reunião das duas da tarde. Estamos trabalhando em um novo produto de entretenimento, que promete bater de frente com alguns dos meus maiores concorrentes. E estou mais do que pronto para entrar na briga.
Para ganhar, é claro.
A reunião dura por quase toda a tarde e termina exatamente as vinte para as cinco. As preliminares do projeto são tão promissoras, que acabamos ficando além da conta. Foi bem produtivo e isso contribuiu para melhorar ainda mais meu humor.
Em seguida, faço algumas ligações para confirmar se tudo o que eu tinha planejado está dentro do cronograma do fim de semana, para o qual a resposta é positiva. Ao sair do escritório, passo as últimas recomendações a Scott antes de seguir para os elevadores. Eva saiu do trabalho faltando cinco minutos para as cinco, então ela já está me esperando no Bentley.
Com a chave mestra, não demoro muito a chegar ao saguão do Crossfire. Dou um aceno seco de cabeça para os seguranças da portaria e passo pelas portas giratórias. Angus abre a porta do carro assim que me vê. Trocamos acenos de cabeça formais e entro.
Eu nunca vou me acostumar com o efeito que Eva me causa. Basta olhar para ela e eu tremo feito um maldito garoto tímido do ensino médio.
"Oi garotão", sussurra olhando para mim, num misto de alegria e preocupação.
Linda. 
Mas nada de preocupações hoje, meu anjo.
Eu a agarro pela nuca e lhe tasco um beijo na boca, aproveitando bem cada centímetro dela, saboreando seu gosto como se fosse uma fruta madura. Quando me afasto, eu a vejo meio cambaleante e quase sem fôlego.
Muito linda.
"Oi, meu anjo", respondo com a voz rouca de excitação.
"Uau", ela parece atordoada, com seus olhos brilhantes e o rosto todo corado.
Sua reação me faz sorrir. "Como foi o almoço com a sua mãe?"
Ela bufa.
"Tão ruim assim, é?" Seguro sua mão imediatamente. "Me diz como foi".
Deve ter sido uma situação muito desconfortável para ambas.
"Não sei. Foi esquisito".
"Esquisito?" Sua escolha de palavra me surpreende. "Ou constrangedor?"
"As duas coisas", ela olha para a janela. "Ela é obcecada por dinheiro. Isso não é novidade, mas sempre achei que ela fosse preocupada com a segurança financeira dela mais por precaução. Mas hoje ela me pareceu... triste. Resignada".
Acaricio sua mão com o polegar tentando acalmá-la. "Vai ver ela está se sentindo culpada por causa da traição".
"E deveria mesmo! Mas não acho que seja isso. Tem alguma coisa nessa história, mas não sei o que é".
Isso a está incomodando e a chateando. Ela irá remoer essa história até descobrir o que está acontecendo.
"Quer que eu investigue?" pergunto.
Eva se vira para me encarar, mas não responde de pronto. Está pensando. Após um instante de silêncio, ela responde. "Quero, sim. Mas não me sinto muito à vontade fazendo isso. Já pesquisei coisas sobre você, o Dr. Lucas, Corinne... Fico tentando descobrir o segredo das pessoas por outros modos em vez de perguntar logo de uma vez".
"Então pergunta pra ela", exponho o óbvio.
"Eu perguntei. Ela disse que me contava quando eu estivesse menos chateada".
"Mulheres", ironizo.
Sempre dramatizando e complicando coisas simples da vida.
"O que Giroux queria? Você sabia que ele estava vindo pra cá?"
Nego sacudindo a cabeça. Eu realmente não tinha ideia de que ele viria em tempo recorde. "Ele quer alguém pra pôr a culpa por seus problemas conjugais. E pelo jeito eu me encaixo bem nesse papel".
"Por que ele não para de pôr a culpa nos outros e tenta resolver a situação? Eles precisam de um terapeuta".
"Ou de um advogado", porque, honestamente, um casamento como o deles está sempre fadado a fracassar.
Sinto o corpo de Eva tencionar. "É isso que você quer?"
"O que eu quero é você", falo, agarrando minha sexy namorada e a puxando para o meu colo.
Ela solta risadinhas. "Tarado". E eu sei que Corinne, Giroux e seus problemas conjugais estão completamente esquecidos a partir de agora.
"Você não faz ideia. Tenho planos diabólicos pra você neste fim de semana", eu lhe fito com malícia.
Ela começa a puxar minha cabeça para me beijar, mas a curva que o Bentley faz e seguida da escuridão do lado de fora a distrai completamente. Entramos em um estacionamento de um dos meus prédios. O carro desce dois andares, para em uma vaga e, logo se põe em movimento novamente, junto com os outros quatro Bentleys pretos, idênticos ao meu.
"O que está acontecendo?", pergunta enquanto nos dirigimos até a saída, com dois carros à nossa frente e os outros dois atrás.
"Uma brincadeira de esconde-esconde", respondo, acariciando o seu pescoço com o nariz.
Raul, Angus e eu, juntamente com minha equipe de seguranças, elaboramos uma estratégia para não sermos fotografados por nenhum jornalista inconveniente (leia-se Deanna Johnson, mas serve para outros também).
Quando finalmente os carros ganham as ruas, cada um toma uma direção diferente.
"Estamos sendo seguidos?", ela quer saber.
"É só por precaução", cravo os dentes de leve em sua pele sensível.
Apoio uma das mãos em suas costas enquanto uso a outra para roçar seus seios de leve com o polegar. Seus mamilos já estão eriçados, durinhos e implorando para serem tocados. Mas teremos tempo para eles, em breve. Por ora, contento-me em lhe dar um beijo profundo, molhado e sensual no mesmo instante em que entramos em outra garagem de mais um de meus prédios previstos na rota de dispersão que criamos.
O carro para e a porta se abre. Coloco Eva de volta no banco antes de segurá-la pela mão e nos colocar no carro que está bem ao lado. Assim que entramos, o carro se põe em movimento e, em segundos, estamos na rua novamente, desta vez em outro Bentley. Repetimos a manobra de cada carro em uma direção. E a nossa, é direto para o aeroporto, sem nenhuma outra parada.
"Isso é loucura", ela se manifesta. "Pensei que a nossa viagem fosse pra outro país".
"E vai ser. Confia em mim".
"Claro que eu confio em você", fala como se fosse óbvio. E de fato, é.
Olho para ela carinhosamente. "Eu sei que sim".
Ao chegar ao aeroporto, entramos à direita, pela entrada privativa, de onde decolam as aeronaves particulares. Após passar pelo bloqueio de segurança, descemos do carro, e caminhamos até a pequena escadaria do meu jatinho. Eric, nosso comissário de bordo, está a postos para nos recepcionar assim que entramos.
"Boa noite, sr. Cross. Srta. Tramell", sorri educadamente. "Querem beber alguma coisa enquanto nos preparamos para a decolagem?"
"Kingsman com suco de cranberry pra mim", Eva pede.
"O mesmo pra mim", eu adiciono.
Tiro o paletó e entrego a Eric, que me aguarda tirar também o colete e a gravata. Ele os pega e se retira para guardá-los.
Eva me observou durante todo o tempo, mas só se manifesta quando Eric sai. Ela solta um assobio. "Já estou adorando essa viagem".
"Meu anjo", sacudo a cabeça, achando graça.
Billy, o piloto, entra no avião e me cumprimenta calorosamente. Ele trabalhou com meu pai, e agora está comigo. Eu o conheço desde que me entendo por gente.
"Como vai, senhor Cross. É muito bom vê-lo", sacode minha mão.
"Igualmente. Billy", correspondo o cumprimento com uma mão enquanto trago Eva para frente com a outra. "Esta é Eva Tramell, minha namorada".
Ele me solta e estende sua mão para ela, sorrindo amigavelmente. "É um prazer conhecê-la, senhorita Tramell".
"O prazer é todo meu, Billy".
"Desculpe mas, tenho que ver seu passaporte. É de praxe em voos particulares internacionais".
"É claro".
Após Eva lhe mostrar o passaporte, ele se vai, fechando a porta da cabine.
Nós nos sentamos em nossas poltronas junto à nossa mesa de bebidas e apertamos o cinto, já que o avião acaba de começar a taxiar pela pista.
"Você vai me contar pra onde estamos indo?", pergunta, erguendo um brinde com o seu copo.
Bato meu copo de cristal contra o dela. "Você não prefere esperar e ter uma surpresa?"
"Depende de quanto for demorar pra chegar. Eu não vou conseguir suportar a curiosidade se a viagem durar muito tempo".
"A ideia é que você fique ocupada demais pra pensar a respeito" sorrio diabolicamente. "Afinal de contas, estamos num veículo em movimento".
"Ah", ela se vira para trás, vendo o estreito corredor, com três portas. Uma do banheiro, uma do escritório e outra do quarto.
"E quanto tempo vamos ter pra gastar desse jeito?"
"Várias horas", respondo vagamente.
"Ai, garotão. Você nem imagina o que eu vou fazer com você", diz toda empolgada.
Ah, anjo. Amo sua empolgação, mas eu sempre me lembro dos acordos que faço.
Sacudo a cabeça negativamente. "Neste fim de semana você é toda minha, esqueceu? Era esse o trato".
"Na nossa viagem? Isso não é justo", resmunga.
"Foi isso o que você disse quando fechou o acordo".
"E continua sendo verdade".
Abro ainda mais o sorriso, pensando no que está prestes a acontecer, e dou um gole em minha bebida. "Assim que o comandante der a permissão pra gente levantar, quero que você vá até o quarto e tire a roupa. Depois deite na cama e me espere por lá".
Ela levanta uma das sobrancelhas. "Você adora mesmo essa ideia de me encontrar sem roupa, pronta pra ser comida...".
"Ah, sim. E lembro que você tem essa mesma fantasia, mas com os papéis invertidos", provoco.
"Hum", ela dá um gole em sua bebida.
O avião, para minha total alegria, finalmente termina o processo de decolagem. Quando Billy faz um breve anúncio liberando a circulação pela cabine, lanço um olhar impaciente e dominante para Eva. Entendendo rapidamente meu recado, ela estreita os olhos pra mim e se levanta com o copo na mão. Seus movimentos são lentos e deliberadamente provocantes. Meu pau pulsa dentro da calça, mas não deixo transparecer nenhum terço do meu desejo. Apenas a encaro da mesma forma.
Meu autocontrole a excita. Estar a minha mercê a excita. O fato de que eu tenho acesso irrestrito ao seu corpo lhe excita.
O fato de ela confiar em mim plenamente me excita.
Enquanto Eva se encaminha para o quarto, dou um último gole em minha bebida, esvaziando o copo. Deixo-o em cima da mesa, e vou até onde está a equipe de comissários, a fim de deixar ordens claras de que ninguém deve circular pela parte traseira da nave e que, salvo emergências, eles não estão autorizados a nos incomodar. Com o recado entendido por todos, eu me volto para perto das poltronas vejo que Eva entrou no cômodo. Espero um momento, dando-lhe tempo para se acostumar com as algemas de seda em cima da cama, bem como com lidar com seus conflitos internos sobre o que aquelas algemas significam para nosso relacionamento.
Eu tenho necessidade de estar no controle de tudo a minha volta. Isso é o que eu sou. Faz parte da minha natureza, tomar a liderança de toda e qualquer situação. E em nosso relacionamento não é diferente.
Eva e eu temos algo especial, único e verdadeiro. Nenhuma outra mulher pode me alcançar no nível em que ela me alcançou. Nenhuma outra mulher me fez sentir da forma como ela fez. E eu não trocaria as tempestades e tormentos que passamos para ficarmos juntos por nenhuma eternidade tranquila e solitária.
Quando fui abusado, o controle foi tirado de mim. Custou-me muitos anos de superação e força para que eu conseguisse retomá-lo ao ponto de nunca precisar abrir mão dele. Com Eva é o inverso. O seu abuso resultou em uma enorme insegurança e incapacidade de confiar nas pessoas. Para ela, o sexo era uma forma de se sentir meramente querida. Para mim, uma válvula de escape que eu manipulava ao meu bel-prazer. Quando nos unimos pela primeira vez, percebi, com grande consternação, que somos o encaixe perfeito. Tudo o que o outro mais precisava.
A necessidade de tomar seu corpo por inteiro, sem nenhuma reserva ou resistência, faz parte de nós, bem como sua necessidade de se entregar por inteiro a mim. Eu tomo à frente, guiando-a ao prazer que ela busca, e em troca, tenho sua confiança incondicional.
E isso será posto à prova agora.
...
E hoje tivemos a nada bem-vinda participação de Jean-Enjoado Giroux, que surge do buraco do inferno pra encher o saco do nosso CEO. Tão mala e covarde quanto sua digníssima esposa! Se merecem! 
Ah, e meu francês é made in Google Tradutor, tá? Se tiver alguém fluente aí, por favor me corrija se tiver algo errado :)
Adendo: Catarina Costa, muito obrigada por me ajudar na correção das frases, flor!
Mas genteeeee que a coisa vai ficar muito caliente no próximo capítulo, hein? Preparem as calcinhas extras, porque vocês vão precisar hahaha. SIM! uma das cenas mais esperadas do livro, será postada nesta sexta-feita, encerrando nossa #Gideonterapia! Aguardem!
E aí, gostaram das mudanças? Espero que tenha ficado melhor.
Obrigada a todos que já vêm comentando e votando ferrenhamente. Vocês são maravilhosos! Leio tudo e agora respondo também hehehe. A opinião de vocês é muito importante pra mim e pro desenvolvimento da história!
Beijos e até a próxima!!

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